Por Jorge Fernandes Isah
Em recente conversa, foi-me perguntado qual o objetivo de Deus para o crente. E, concluiu: seria a salvação? Pensei alguns segundos, e respondi quase de estalo: Não!
Mas, então, qual o propósito de Deus para as nossas vidas?
Sei que o fim de tudo é a sua glória. Ele não quer nada menos que isso, que o seu nome seja louvado por toda a criação, e em especial, pelo seu povo. Esse é o objetivo final de Deus para a sua obra, que ela o exalte, revelando-o como Senhor e Criador bendito e glorioso. Acontece que essa é a resposta para outra pergunta, não aquela.
Na verdade, pode-se dar vários significados à pergunta, e abordá-la em múltiplas formas, e em diversos contextos. Desde a importância do cristão na igreja, como parte do corpo e sua contribuição para a obra dos santos, como a sua ação individual na família, no trabalho, na escola, na comunidade. Há aspectos e áreas em que o crente atuará: nas artes, na cultura, na política, filosofia e, sobretudo, na religião. Mas nada disso se configura o objetivo divino, antes são os meios pelos quais o Senhor nos usará para realizar a sua obra, e responder à pergunta não formulada e já respondida, sobre o fim de tudo.
Igualmente, a redenção, salvação, santificação não são os objetivos finais para o crente. Repito: Deus usará toda a sua obra para que o fim seja alcançado: a sua glória. Da mesma forma serão usados meios para que sejamos, ao final, exatamente o que ele quer que nos tornemos. Por isso, farei um resumo da Criação e Redenção, em alguns pontos específicos apenas, sem pensar em ser exaustivo.
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança [Gn 1.26]. Adão era para ser o “top” da Criação, a criatura perfeita, aquela que revelaria o esplendor da glória divina. Contudo Adão foi incapaz de preservar-se a si mesmo, e caiu no Éden [Gn 3.2-8]; e com ele, toda a humanidade caiu; com ele, morremos espiritual e fisicamente, de tal forma que tivemos os olhos abertos para o pecado [v.7] e fechados para Deus. É interessante como a Bíblia revela que os olhos de Adão e Eva foram abertos, e a conseqüência foi reconhecerem-se nus, necessitando guardarem-na em vestes cozidas de folhas de figueira. Ao mesmo tempo em que seus olhos estavam fechados para a comunhão com o Senhor, o que os fez esconderem-se de diante da sua face, entre as árvores do jardim [v.8]. Dali em diante, a constatação é a de que o homem se degradou progressiva e rapidamente, ao ponto da sua maldade se multiplicar sobre a terra “e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” [Gn 6.5]. É o que Paulo diz, também: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvanceram, e o seu coração insensato se obscureceu” [Rm 1.21]. O restante da história, não é preciso descrever.
Uma pausa.
Tudo no universo tem por objetivo revelar a Deus. O homem foi criado para isso. A Lei entregue a Moisés, também. Mas somente Cristo, o Filho Amado, foi quem o revelou [Jo 1.18]. Muito antes dos céus e terra surgirem, estava determinado que o Verbo encarnaria, far-se-ia homem como nós, para que Deus nos fosse revelado. Muito antes de Adão cair, estava certo que Cristo viria ao mundo. Pois, somente assim, seria possível conhecer o Pai na plenitude do Filho, “o qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa” [Hb 1.3] mostrou-nos a si mesmo, Deus.
Como homem perfeito, santo e imaculado, diferente do Adão terreno, Cristo, o Senhor, o Adão celestial [1Co 15.46], encarregou-se de resgatar e formar, pelo seu sacrifício, poder e vontade, filhos verdadeiros do Deus vivo, como está escrito: “mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai.... E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e co-herdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” [Rm 8.15, 17].
Novo parênteses.
Quando Paulo diz que com Cristo padecemos para que sejamos glorificados, descreve-nos exatamente o que aconteceu ao Senhor. Era necessário que o seu sangue fosse derramado para que houvesse paz, e “por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus” [Cl 1.20]. Primeiro, humilhando-se e sujeitando-se à vontade do Pai, o santo fazendo-se pecador; aquele que não pecou levou sobre si os pecados de muitos, para congregar em si “todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” [Ef 1.10]. Com isso, Paulo não está a afirmar que todas as coisas serão reconciliadas com Cristo, nem todos os homens, nem todos os anjos. Não há perdão para satanás e seus demônios, nem para os ímpios, os quais não serão restaurados e nem participarão do reino celestial. Há, porém, a necessidade de uma redenção cósmica, onde todo o universo entrou em colapso e desordem por causa da desobediência no Éden, e será restaurado a seu tempo, visto a criação gemer com dores de parto, e estar sujeita à vaidade de quem a sujeitou, o homem; esperando a libertação da servidão da corrupção para a liberdade da glória dos filhos de Deus [Gn 3.17, Rm 8.19-22].
No grego, a palavra congregar é anakephalaiomai que tem o significado de ajuntar tudo sobre um mesmo princípio unificador, ou seja, reunir os eleitos, homens e anjos, debaixo da mesma cabeça, Cristo. Ele é quem nos une, e nos manterá unidos sobre a sua graça eternamente. O apóstolo não está a falar de uma redenção universal, no sentido de que todos serão expiados e salvos, mas de uma redenção particular, somente para aqueles que o Pai entregou ao Filho para que por ele o seu nome fosse manifestado aos eleitos [Jo 17.6].
Segundo, humilhando-se a si mesmo até a morte, Deus o exaltou soberanamente, “para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra. E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” [Fp 2.10-11]. Todos, sem exceção, santos e ímpios, anjos e demônios, se prostarão diante dele, e proclamarão que reina sobre tudo e todos, eternamente. E assim como Cristo, devemos padecer até a morte [no espírito carnal e físico], para sermos, com ele, glorificados na vida [temporal e eterna].
De volta à pergunta original.
Podemos afirmar que a eleição, o chamado, a regeneração e salvação, e a santificação não são os objetivos finais de Deus, mas partes do processo que culminará no objetivo final: que todos os seus filhos se tornarão como Jesus Cristo; “porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 8.29]. Essa foi a resposta que dei naquela ocasião; Deus nos quer e sempre nos quis como a seu Filho Amado, de forma que tudo, desde o seu início, muito antes de fazer os céus e terra, tinha por certo isso: fazer um povo que em tudo fosse semelhante a Cristo, e pudesse reconhecer-se nele, como imagem agora perfeita, santa e imaculada, assim como ele é; assim como desfruta do amor do Pai, também o desfrutamos. Somos participantes em tudo que o Senhor também participa, a fim de que ele seja tudo em todos. Nem menos, porque a perfeição e santidade somente podem ser na medida exata de Cristo; nem mais, porque é impossível qualquer variação naquele que é, e se faz conhecido como o "Eu sou".
E o que ele é, jamais pode não ser.
Podemos afirmar que a eleição, o chamado, a regeneração e salvação, e a santificação não são os objetivos finais de Deus, mas partes do processo que culminará no objetivo final: que todos os seus filhos se tornarão como Jesus Cristo; “porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 8.29]. Essa foi a resposta que dei naquela ocasião; Deus nos quer e sempre nos quis como a seu Filho Amado, de forma que tudo, desde o seu início, muito antes de fazer os céus e terra, tinha por certo isso: fazer um povo que em tudo fosse semelhante a Cristo, e pudesse reconhecer-se nele, como imagem agora perfeita, santa e imaculada, assim como ele é; assim como desfruta do amor do Pai, também o desfrutamos. Somos participantes em tudo que o Senhor também participa, a fim de que ele seja tudo em todos. Nem menos, porque a perfeição e santidade somente podem ser na medida exata de Cristo; nem mais, porque é impossível qualquer variação naquele que é, e se faz conhecido como o "Eu sou".
E o que ele é, jamais pode não ser.
Ninguém comentou até agora? Li o seu texto ontem rapidamente e gostaria de dizer que seus textos estão cada vez mais maduros. Abordagens que vão um pouco a frente dos conceitos e abordagens comuns, sem contudo desvirtuar o que é prepoderante na mensagem do evangelho. De fato há um reflexão acerca do propósito pelo qual o homem ( a humanidade foi criada ) e essa é a razão pela qual a salfação é apenas uma parte de todo o cenário. Jesus não será o Salvador eternamente mas haverá um maravilhoso desenrolar de um novo própósito divino para aqueles que um dia constituiram a humanidade e que como parte dela foram eleitos a uma nova condição.
ResponderExcluirUm abraço.
Helvécio,
ResponderExcluirAfinal, alguém comentou [rsrs].
Obrigado pelo elogio; e pelo comentário.
Realmente, o que nos espera, nem dá para imaginar. Mas sabemos que será o melhor, pois feito por Deus para nós, que viveremos eternamente diante dele, exultando em sua glória. E ainda muito melhor pois seremos semelhantes ao nosso Senhor Jesus Cristo.
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Graça e paz Jorge.
ResponderExcluirParabéns pela postagem, mais uma para ir para o meu blog (rs).
Cristo não morreu na cruz somente para nos salvar, mas para trazer à existência a nova vida que Ele tem para os seus escolhidos e isso implica em uma vida onde a nossa mente seja renovada para podermos experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus em nossas vidas. Mas, infelizmente, tem muita gente que pensa que a Salvação é o fim em si mesmo e não é.
Fique na Paz meu bom amigo!
Pr. Silas
Oi, Pr. Silas!
ResponderExcluirÉ uma honra ver meus textos republicados em seu blog, assim como tê-lo aqui comentando.
Bem, não preciso dizer mais nada, o seu comentário já disse tudo.
Grande e forte abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Excelente texto! É interessante como você, no seu Blog, consegue abordar assuntos com coerência bíblica, assuntos estes que, muitas vezes, são “deixados de lado” pela dificuldade em sua abordagem, explicação e entendimento. Aprendo muito com os textos e os comentários dos diversos visitantes do Blog. Quanto estiver próximo do nível de vocês (rsrsrs) comento alguma coisa.
ResponderExcluirUm abraço a todos.
Cristo abençoe a todos.
Oi, Eric!
ResponderExcluirVocê anda sumido! Bom tê-lo de volta aqui.
Obrigado pelo elogio, mas a glória é do Senhor, sem falsa modéstia, pois, se não fosse por ele, o que seria de nós?
Quanto a você comentar, faça-o. Não há isso de nível de conhecimento, ao menos aqui. Sempre será um auxiliando o outro no entendimento do tema, e sempre temos algo a aprender ou a ensinar.
Vou lhe confessar algo: eu aprendo também bastante com os meus amigos comentaristas.
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Jorge,
ResponderExcluirLouvado seja o nome de nosso Senhor que levará adiante aquilo que desde a eternidade intentou, isto é, o seu plano, no qual nos fez participantes, e isto não sem antes nos fazer herdeiros, aleluia!
Mais um daqueles textos por meio dos quais Deus fala ao seu povo!
Graça e Paz amigo
Mizael Reis
Mizael,
ResponderExcluiré sempre um prazer tê-lo por aqui. Dos maiores [rsrs].
Como disse ao Eric, Cristo seja louvado e glorificado, porque a ele, devemos toda honra e glória!
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Jorge,
ResponderExcluirComo assim até que enfim alguém comentou, eu comentei, só que foi por e-mail...
Só pq eu disse que vc matou a charada do Infralapsarianismo vc não considerou meu comentário!!! Isso é censura, seu ditador.
Brincadeiras a parte, texto excelente, sem nenhuma resalva e sem nenhum porém.
Abraços.
Em Cristo,
Esli Soares
Esli,
ResponderExcluircomentário por email não vale. Tem de ser aqui [rsrs].
Ah... essa discussão infra x supra vai longe... melhor deixar para outra hora [rsrs].
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Caro Jorge, no que concerne ao plano de Deus ir além da salvação que é circunstancial, não há resalvas. Diferenças há no uso da palavra eleito por mim e por você, mas isso também é um exercício teológico racional que não afeta o salvo, tem sim, influência no evangelismo cujo foco e urgência é sim a salvação. A salvação é uma circunstãncia urgencial, que não pode se dar ao luxo de ser negrigenciada. Mas esse também é outro assunto. Sobre o infra e o supralapsarianismo, ambos têm enormes problemas e como pesam na fomra como pregamos acerca de nosso Salvador.
ResponderExcluirUm abraço querido irmão.
Helvécio,
ResponderExcluira pregação não é supra nem infra, mas bíblica; ao menos, deve ser. E o foco dela é: arrependei-vos, pois é chegado o reino de Deus! Qualquer tentativa evangelística que não fale de pecado e arrependimento, não é bíblica.
Infra e Supra são sistemas que tentam elucidar a ordem lógica do decreto divino. E com isso não estou dizendo que seja algo desprezível ou desnecessário. Apenas, não faz parte do evangelismo.
Abraços.
Parabéns pelo texto!!!!
ResponderExcluirÉ uma mensagem que revela claramente que Deus está no controle e nada acontece por acaso, e que Deus nos ama tanto a ponto de tirar nossos pecados e nos transformar em Seus próprios filhos..
Gostei tb da explicação que opõe a idéia universalista, até pq tenho me envolvido frequentemente com defensores dessa doutrina, e fico feliz em ver aqui uma visão semelhante à minha.. Isso me dá mais forças..
Valeu!!
Se quiser dar uma olhada e seguir meu blog, fica á vontade! ;)
(barrabas-livre.blogspot.com)
Tiago,
ResponderExcluirrelendo o trecho, ele não ficou muito bom mesmo, mas o sentido que eu quis dar era de se morrer para o pecado e a natureza pecaminosa [o espírito carnal], e se for preciso, a morte física, o martírio, por amor a Cristo. Foi neste sentido. Vou ver se corrijo, para evitar futuros equívocos.
Obrigado pela dica, tinha me passado desapercebida, porque eu leio o texto como quem o escreveu, claro, e a idéia me parecia muito inequivocamente límpida, mas agora vi que não estava [rsrs].
Grande abraço!
Cristo o abençoe1
Barrabás, meu irmão! [uma curiosidade: é um pseudônimo ou nome próprio?].
ResponderExcluirConheço o seu blog, desde que nos visitou no "Leitores da Bíblia" a primeira vez. Tenho acompanhado suas postagens, e gostado bastante. Vi, inclusive, que você linkou o Kálamos por lá. Muita gentileza a sua.
Também tenho gostado muito dos seus comentário no "Leitores", continue participando e nos ajudando a divulgar o blog, e a fazê-lo melhor, para a glória de Deus.
Obrigado por sua visita e comentário.
Grande abraço!
Cristo o abençoe!
Graça e Paz!
ResponderExcluirConheci este excelente blog através do twitter, agora, peço permissão para postar algumas reflexões de sua autoria em nosso humilde site:http://www.extremosulgospel.com.br/
Colocarei todos os créditos e não modificarei nada do texto.
Sabendo que esta obra não é nossa, e sim, do Senhor Jesus.
Em Cristo
José Ailton
www.extremosulgospel.com.br
José Ailton,
ResponderExcluirserá uma honra ter os meus textos reproduzidos em seu site. Está livre para fazê-lo com qualquer de minhas postagens.
Vi que você está iniciando o trabalho na web e, no que precisar e puder ajudar, conte comigo. Meu email pessoal é dosty@monergismo.com
Abraços.
Cristo o abençoe!
Quando escrevemos ou vivemos é quase impossível se livrar do conflito entre as óticas da soberania em relação a ótica humana...
ResponderExcluirA sua frase abaixo mostra isto:
"Contudo Adão foi incapaz de preservar-se a si mesmo, e caiu...."
Falamos num lugar que Deus é soberano etc... e de repente escapa uma frase desta...
Afinal:
- Adão foi incapaz "por si mesmo", autonomamente?
ou
- Deus promoveu (causação) a incapacidade e queda de Adão e ele então caiu?
Eu estou começando a achar que usarmos frases assim (pressupondo-se sempre a soberania de Deus) não é de todo o ruim para uma abordagem inicial numa conversa sobre o Evangelho.
Estou até aceitando o termo "livre arbítrio" do pondo de vista humano, pois o homem pela sua ótica de ação não se sente amarrado a nada e tem sensação de ser livre. Até então tenho chamado isto de arbítrio somente.
Mas evidente que do ponto de vista da causação, o livre arbítrio não existe, pois ninguém pode surpreender a Deus e fazer diferente do que Ele já previu ou anteviu (ou determinou ou decretou).
Assim do pondo de vista da causação, não foi Adão que foi incapaz, Deus o tornou incapaz de preservar-se a si mesmo, visando um propósito maior...
Um crítico agnóstico diria "O teu Deus então é maquiavélico, onde o fim justifica os meios?
Deixo a pergunta para o nobre colega responder e comentar numa futura postagem ou comentário.
Abraço!
Graça e Paz!
ResponderExcluirAgradeço a gentileza, que o Senhor Jesus Cristo continue te dando sabedoria, postei a primeira e sempre estarei visitando este maravilhoso blog não só para postar, também quero aprender lendo o que vc escreve.
Em Cristo
José Ailton
Oi, Natan!
ResponderExcluirVocê e suas pegadinhas [rsrs]. Mas está certo. Na verdade, as duas coisas acontecem: Deus determinou a imperfeição em Adão ao ponto de queda, e Adão não foi capaz de, por si mesmo, manter-se sem cair. A ação divina é ativa e direta: Adão cairá! Mas na nossa perspectiva, humana, como você disse, quem não suportou não cair foi Adão.
São como duas faces de uma mesma moeda, porém, quem fabricou a moeda foi Deus. Adão cairia, como caiu, inevitavelmente para que o decreto eterno se cumprisse; mas do ponto de vista temporal Adão não foi capaz de não cair. Por isso, não dá para entender a idéia de livre-agência em Adão, como se fosse possível a ele suportar a queda e manter-se de pé. Mas já tratei desse assunto [no qual fui repreendido por muitos irmãos, em "O Adão Caído... Antes da Queda"].
E voltarei a ele, ainda que dentro de outro assunto, no texto que publicarei amanhã.
Quanto ao termo "livre-arbítrio", fica difícil usá-lo, mesmo no evangelismo. O chamado é para as pessoas se arrependerem voltarem-se para Cristo; e sabemos que Deus é quem move os corações ao arrependimento. Mas isso é secundário. O importante é mostrar o pecado, que somos todos pecadores e carecemos da graça de Cristo para não estarmos eternamente separados dele. O resto é com o Espírito Santo. E à medida que o regenerado ler a Escritura, poderá, ainda sob a tutela do Espírito, compreender que, sem Deus e o seu mover soberano, nem mesmo o arrependimento é possível.
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe, à Marley e seus filhos.
José Ailton,
ResponderExcluira gentileza é toda sua. Não tem do que agradecer, ao contrário, sou eu quem agradeço.
E a postagem ficou muito legal no "Extremo Sul Gospel".
Parabéns por seu trabalho de divulgar o Evangelho de Cristo.
Grande abraço, meu irmão!
Cristo o abençoe!
Querido Jorge e irmão Oliveira...
ResponderExcluirÉ interessante que amamos Deus, cremos que as Escrituras são sua Palavra, pensamento e revelações ao homem, nos sentimos ( maneira de dizer pois o sentimento por si não é prova nenhuma ) salvos pela coerência da nossa experiência individual e o que a Bíblia diz, etc. Porém como começamos a perscrutar ( é isso mesmo ?) como Deus fez e faz as coisas começamos a cair do cavalo.
continua...
Continuando... de fato, se Deus (Todo Poderoso e concordamos nisso ) não quisesse que Adão pecasse o faria sem essa capacidade. Deus não teria problema nem limitações para fazê-lo.
ResponderExcluirEntão embora discordemos no detalhe concordamos que quem pecou foi Adão pela própria capacidade de poder pecar e que Deus não foi pego de surpresa ( mesmo porque não poderia sendo o Deus que revelou ser. Até estamos todos quites. Projeções além desse ponto é que constituem o problema, ou como colocamos, a partir do nosso modelo de exposição dos fatos. A Bíblia deixa claro que Deus a ninguém tenta e há passagens nas Escrituras que Deus diz que nada do que aconteceu ( pensando em determinada passagem ) foi Ele ( Deus ) que desejou, imaginou ou esteve em seu coração.
continua...
No texto do irmão Jorge é colocada a possibilidade ( já que é uma reflexão ) de que a salvação não seja o objeto principal do plano de Deus. De fato, a salvação é uma circunstância. Há uma humanidade em trevas, um ser humano perdido,o Salvador veio para salvá-Los. Não se trata de um episódio eterno. Jesus terá um novo nome e de humilde Salvador, será Rei e Senhor.Pregar o evangelho é algo a ser feito urgentemente pois é de fato um período de oportunidade de ser salvo e de levar a salvação ( e não se trata de referência a nenhuma doutrina dispecionalista. Curiosamente pregar o evangelho não é pregar a doutrina completa da igreja, por mais que isso pareça contrariar alguém. Não é um curso teológico, nem mesmo o discipulado, nem mesmo uma posição teológica. É simplesmente apresentar a Cristo e o Deus bíblico. Esse é um grande problema pois nosso esforços se concentram basicamente no que é visível e administrável por nós mesmos. A obra no coração do homem que ouve o evangelho é de Deus e dEle somente.
ResponderExcluirDesse modo, as frases colocadas pelo irmão Jorge no texto, embora para ele e para mim tenham um desdobramento ligeiramente diferentes no detalhe, estão correta e perfeitamente coerentes com o relato bíblico. Adão pecou por si ( ou antes Eva ), é o que o texto revela e é interessante que ele, Adão, tenta atribuir indiretamente a Deus ( via Eva, a mulher que me destes ) a culpa e a ação de seu delito particular, o que da parte de Deus não há uma palavra sequer que nos leve a inferir que Ele ( Deus )tenha feito Adão pecar e cair.
ResponderExcluirUm abraço a todos.
Helvécio,
ResponderExcluirem linhas gerais, os seus últimos dois comentários são o que eu disse ou tentei dizer no texto. É claro que algumas conclusões são tiradas a partir de outros textos, que se harmonizam com o relato de Gênesis.
Não acredito que eu esteja "inventando a roda", como você mesmo gosta de dizer, mas também não ficarei repetindo o que a "tradição" da igreja interpretou, e que considero errado, por comodismo ou medo.
Veja bem, não desprezo a tradição da igreja e sua interpretação nos últimos 2.000 anos. Porém, há coisas com as quais não concordo, e o próprio fato delas mesmas não se considerarem inerrantes e infalíveis dá-me o direito de discordar, à luz da Escritura. Posso estar errado? Claro! Mas até que seja convencido, buscarei compreender o que me está posto diante dos olhos, pela Escritura e por ela.
E dentro de uma análise onde os princípios cristãos não sejam solapados [aqueles claramente definidos pela Palavra e tradição], onde haja o temor e reverência a Deus, não vejo o porquê de não escrutiná-los.
Quanto ao evangelismo, sua visão é a minha, também. Não deve se entrar em pormenores, mas no essencial. À medida que o Espírito agir no novo-convertido, Deus o capacitará ou não a entender os pormenores. Falar do pecado do homem, da necessidade de arrependimento e perdão; da graça salvador somente por Cristo, e santificação do Espírito, que nos mantém preservados para a vida eterna, são assuntos a serem pregados tanto a incrédulos como a salvos, sempre. O Evangelho é para todos, ainda que a salvação não seja. Mas isso, não nos cabe especular, apenas obedecer.
Grande abraço!
Ótimas e ponderadas as suas palavras tanto no texto como na resposta a meu comentário. E acho sim que podemos especular,não há nada errado nisso, os que nos antecederam perscrutaram e se debruçaram a não poucas reflexões. como disse Pulo e nisso ele se incruiu, acho, agora vemos como em espelho um dia veremos face a face. O senhor também afirmara, "naquele dia nada me perguntareis". É o que aguardamos ansiosamente. Para dizer mais uma vez que não é fácil decidir no cenário caótico da vida,você deve ter recebido a essa altura, a última das minhas postagens. O seu texto me fez separar a salvação dos outros níveis do projeto de Deus e não para rebatê-lo, produzi três postagens sob diferentes aspectos acerca da salvação especificamente que se chocam no plano prático.
ResponderExcluirUm abraço.
Jorge, sobre o apelido, aqui eu explico o porquê:
ResponderExcluirhttp://barrabas-livre.blogspot.com/2008/07/barrabs-livre.html
Aproveito pra dizer que este blog é o meu preferido em termos apologéticos, sendo que em nenhum outro consegui me identificar tanto com o que é postado..
Valeu!!!
Barrabás,
ResponderExcluirpensei que fosse mesmo pelos motivos apontados por você, apesar do nome nos trazer um certo desconforto inicial; mas sua analogia é válida e interessante... propositiva, eu diria.
Alegra-me que tenha se identificado com o Kálamos; e ser o seu preferido, muito me honra. Talvez por falarmos a mesma coisa ou quase, e termos a mesma fé.
Grande abraço!
PS: O Barrabás do vídeo é você?