11 fevereiro 2019

O problema do mundo




Jorge F. Isah


    O problema, no mundo, é que a maioria das pessoas são fanáticas por si mesmas (uma forma clara de autoidolatria, e quando alguém decide-se por negar a si, e seguir a Cristo, é tido por louco), ou por seus ídolos (sexo, drogas, ideologias, poder, dinheiro, fama, orgulho, autossuficiência, futebol, trabalho, ciência, etc) . No fundo, tudo isso não passa de uma rebeldia contra Deus (uma distração a afastá-lo do real significado da vida),e o mais tolo delírio, que é o culto a qualquer coisa que não seja o Deus bíblico.

    O cristão nega esse individualismo, ao escolher honrar a Deus, pregar o seu Evangelho, vivê-lo (ainda que com todas as possíveis quedas), e proclamá-lo, com o fim de levar alguns outros ao arrependimento, e a se reconciliaram com Deus. Como Paulo disse, Cristo é escândalo e loucura para este mundo : "Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." (1 Coríntios 1:18).

    Por isso o cristão bíblico é visto como um inimigo, e hostilizado por aqueles que, na verdade, são inimigos de Deus, e nos fazem também seus inimigos, quando a nossa relação com eles é de amor: o amor primeiro, que levou o Pai a entregar seu Filho, a sacrifica-lo, por nós!

*Pintura "A Crucificação", de Rembrandt.

31 janeiro 2019

Digressão sobre a adoração de uma pecadora





Jorge F. Isah


“E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento;
E, estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o unguento” (Lucas 7:37-38)


Devemos entender uma coisa: Deus é Senhor de tudo e todos! Deus pode todas as coisas, ainda que ele não faça todas as coisas, por causa da sua natureza. Por exemplo, Deus não pode pecar. Nem fazer algo que não seja da sua vontade. Dentro de sua soberania e todo poder, contudo, há algo que Deus não pode fazer, que é adorar. Sim, meus irmãos, parece algo simplório e mesmo banal afirmar tal condição, de tão óbvia. Mas ela é verdadeira, pois o Senhor não pode se autoadorar. Esta prerrogativa nos cabe, exclusivamente a nós, e Ele se alegra e deleita na verdadeira adoração, aquela realizada por seus filhos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; e quão grande honra temos em ser seus adoradores.

Já imaginaram como esse privilégio é grandioso, santo e sublime? Somente o povo de Deus pode adorá-lo e, infelizmente, muitos se recusam a fazê-lo, preocupados no culto a ídolos mortos e imaginários, ou a se autoadorarem. Deus não o faz, porque a autoadoração é, em si mesma, um engodo, repleto de vaidade, soberba e arrogância. Estas características são típicas do pecador, jamais de Deus, o qual sendo santo, justo e perfeito, em sua natureza, não poderia manifestá-las.

Mas ele não quer qualquer tipo de adoração, ou que os seus adoradores o façam de qualquer maneira, a fim de satisfazerem antes aos seus desejos íntimos e não a Deus. Em outro trecho das Escrituras, nos é dito, pelo Senhor Jesus, que Deus procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4.23).


Entretanto, para sermos verdadeiros adoradores é necessário humilhação e arrependimento, reconhecendo em Deus o Senhor e Salvador; reconhecendo a nossa condição caída e imperfeita, dominada pelo pecado e, rejeitando o seu domínio, nos entregarmos por completo à direção e condução divinas. Onde havia pecados e conflitos, instala-se a paz e esperança, na fé de que nada, nem ninguém, poderá nos tirar do caminho de vida. Por isso, é fundamental que adoremos a Deus com o coração santo e verdadeiro, a prova máxima de haver arrependimento e, sobretudo, gratidão pelo resgate precioso, permeado pelo amor divino e eterno, mas igualmente doloroso e indigno do Filho: o servo perfeito, na medida perfeita, do perfeito e sublime amor. 

O amor que nos amou primeiro, para que pudéssemos então, e somente então, amá-lo como nos amou.




23 janeiro 2019

ENIGMA DE AMOR








Jorge F. Isah 




O mistério não são as almas desencarnadas,

nem fantasmas vagando em casas assombradas.

 Ou a magia dos homens se levitando.

  Guru vivo na cova por semanas.

 Ou o mal estirando-se sem freios,

nos renques, cômodos e atalhos.



 O mistério é assimilar,

por que Deus se fez homem,

  viveu e se ofereceu

 aos inimigos?





Notas: 1-Poema inédito, de minha autoria, e fará parte do próximo livro de versos a ser lançado no segundo semestre deste ano, se Deus quiser!
2-Pintura "Crucificação", do pintor italiano Bramantino.

21 janeiro 2019

Remédio da Fé, por Santo Agostinho





“Só a fé podia curar-me: desse modo, os olhos da 
minha inteligência já purificada, se dirigiriam à tua 
verdade imutável e perfeita. Mas, assim como acontece 
muitas vezes, depois de experimentar um médico mau, 
receia-se confiar num bom, o mesmo acontecia à 
saúde de minha alma, que somente poderia curar-se 
pela fé, mas, para não acabar novamente acreditando em 
coisas falsas, recusava a cura, resistindo a ti 
que fabricaste o remédio da fé e, dotando-o 
de tão grande poder, o derramaste sobre todas as 
enfermidades da terra!” 

- Santo Agostinho, Confissões, Livro VI, 5 -


Nota: Pintura "Crucificação", de Paolo Veronese

14 janeiro 2019

Mordomia





JORGE F. ISAH


Mordomo é o administrador de algo dado por outrem em confiança, na certeza dele exercer a função como se fosse o próprio dono. Do ponto de vista bíblico, não somos senhores de nada, nem de nossas vidas, mas tudo o que temos e somos pertence a Deus, e estamos ao seu serviço.

Em qual momento o homem largou a sua responsabilidade de servo? No Éden, quando Adão e Eva se rebelaram, abandonando o seu ministério, não cuidando de si mesmo como convinha. O caos se instalou, a ordem foi suprimida.

E quando fomos realçados ao posto de bons mordomos? Quando Cristo, ao sacrificar-se na cruz, nos readmitiu à administração do Reino. Se antes fomos feitos mordomos, e então abandonamos o posto ou ministério, agora estamos novamente a serviço de Deus, zelando por todas as dádivas recebidas.

Não é uma honra graciosa e imerecida voltarmos ao posto?

Não é um serviço cujo zelo deve ser gerido em excelência?

Fica a pergunta: temos nos devotado, nos empenhado, no exercício deste ministério? Ou não compreendemos, ainda, a real dimensão da mordomia cristã?


12 janeiro 2019

Um Pedido à Oração







Jorge F. Isah



"Orai sem cessar" (1Ts 5.17)

Você já orou, hoje? O que está esperando?

Mas o orar não é apenas um ato de se ajoelhar, fechar os olhos e abaixar a cabeça; muito mais do que isso, é estar em comunhão constante com Deus, de forma a todo o seu pensamento estar ligado e voltado para ele; enchendo-se do Espírito; e pronto a responder, com a mente de Cristo, em todas as situações nas quais se é colocado, neste mundo caído.


São ações responsivas a culminar na gratidão, confiança e esperança de ser conduzido em meio as vicissitudes da vida, das tristezas e aflições, resultando no gozo e alegria expressados no verso seguinte: dar graças em tudo (1 TS 5.18).

Se entendemos estes versos como são, imperativos, e não condicionais (a ordem divina a ser cumprida pelos seus filhos), por que, então, desobedecemos?


27 dezembro 2018

Caixa de Pássaros - Comentário




Jorge F. Isah


       Aproveitando o "oba-oba" do lançamento do filme "Caixa de Pássaros", no NetFlix, reproduzo aqui a pequena resenha do livro homônimo, de Josh Marlerman, lido em 2016, e publicada no blog "O que estou lendo... ou li" e na Amazon. A previsão feita, há dois anos, se concretizou: o livro virou filme, como já era de se esperar. 

       Então, se você ainda não leu o livro, nem viu o filme, leia os meus comentários, e sossegue, pois não dou spoiler do enredo, como é de praxe.  

       Deixo-lhes, portanto, as minhas impressões à época da leitura, o que, de certa forma, se confirmou novamente, ao assistir o filme. 

        Boa leitura!

                                      *****


DIVIRTA-SE, E ESQUEÇA!


  Josh Malerman é compositor e músico de uma banda de rock desconhecida (ao menos para mim), que se chama "High Strung". Não é uma boa credencial, desde o seu início, para um escritor. Não li os escritos de todos os roqueiros, vivos e mortos (e nem o poderia, a fim de preservar a minha sanidade), mas, do que li, não posso dizer que o gênero musical colabore com a literatura. A despeito de Bob Dylan ter ganhado o Nobel (se há um absurdo, esse foi o maior; um letrista apenas bom, e nem sempre, ganhou o maior prêmio literário do mundo), ele não pode ser considerado "ipsis litteris" um rocker, pois a sua trajetória musical está mais ligada ao folk ou àquele tipo de música niilista e de protesto que os rockers "cabeça feita" gostam de ouvir e impingir aos outros. A escolha do Nobel poderia recair sobre Cormac McCarthy ou Don DeLillo, por exemplo. Escritores infinitamente melhores do que o mediano letrista Dylan. 

  Bem, mas deixemos os músicos de lado.

  O livro é um thriller de suspense, com altos e baixos. Vamos a eles:

  1) Gostei do subtítulo: "Não abra os olhos"! Para o leitor voraz isso seria uma heresia, um castigo medonho, ou para quem aprecia as belezas e maravilhas criadas pelo bom Deus. Há um elemento subliminar de que, ao não abrir os olhos, o livro não será lido. Seria uma advertência do autor ao leitor?... Brincadeirinha...

 É claro que o objetivo da mensagem é revelar algo da narrativa, já instalar no leitor o pânico ou a apreensão pelo que se segue após virar a capa. Sinceramente, chamou-me a atenção, e de alguma maneira, influenciou a minha decisão de comprá-lo.

 2)Gostei da história. O seu mote é interessante. Em um mundo apocalíptico, quem vê se flagela e morre (a influência diabólica de levar a alma ao suicídio, à autoflagelação). Melhor, então, não ver, e se esconder do mundo exterior, ainda que suas ameaças estejam a cercar, pairando sobre os personagens. Não é original; a narrativa pós-apocalíptica tem sido muito utilizada na literatura, no cinema e nas artes em geral (a moda atual é a de filmes sobre um mundo dominado por zumbis, ET's e figuras fantasmagóricas. O que antes acontecia em privado, em particular, com um ou outro personagem, se disseminou, e cidades, países inteiros, são dominadas por seres não-humanos). O suspense sempre vendeu e continuará vendendo, a despeito de não haver mais escritores geniais como no passado, Stevenson e Poe, e, mais recentemente, Lovecraft e King (este nem tão genial, mas ainda dá o seu caldo).

 3) Se os personagens não têm a profundidade dos construídos por Dostoiévski e Tolstoi, ao menos são bem definidos, e os seus papeis no enredo também. Existem "furos" e inverossimilhanças em algumas de suas atitudes e falas, mas nada que possa considerar exageradamente falso. Afinal, é ficção.

 4) O autor consegue manter o clima de suspense da narrativa e prender a atenção do leitor. Vá lá, não é grande coisa, mas dá para passar algumas horas de diversão com o livro.

 A alternância entre presente e passado quebra um pouco da monotonia que poderia levar a história ao fracasso completo.

 5) Apesar da desagregação da sociedade, onde é cada um por si, houve o cuidado do autor em demonstrar não somente a necessidade do agrupamento de sobreviventes, mas a postura de alguns em abrigar e chamar outros para o lugar que consideravam seguro. Mesmo a fragilidade humana em um mundo caótico, leva-os a fortalecerem-se e buscarem formas de manter a esperança viva. É o caso do personagem Tom, um idealista, no bom sentido da palavra, um incansável promotor da fé; não existe crise maior do que não buscar as soluções, é o que pensa e tenta transmitir aos demais.

 Existem conflitos morais e éticos; e o que não se via, mas sabia, no "lá fora", acaba por acontecer no interior da casa.

 No final, existe esperança também para Malorie e seus filhos.

 6) A ideia é boa, mas a narrativa não se desenrola com a mesma eficiência. Como já disse, o autor consegue manter o "clima" de suspense, até certo ponto, mas de uma maneira geral, o enredo é apenas razoável. No seu desenrolar faltou a Malerman a perícia e habilidade de um construtor de histórias experiente e talentoso, como McCarthy e o seu "A Estrada", por exemplo.

 Já é praxe eu não fazer sinopse ou contar a história, para não tirar o prazer do futuro leitor; então, o que posso dizer mais? 

 Bem, se está esperando arrepios e uma história envolvente, daquelas de perder o fôlego, desista. Não é para você.

 Se deseja uma narrativa inteligente, com detalhes minimamente pensados e descritos com maestria, e um final que faça sentido, desista também.

 Se quer um livro para ler em um dia, de supetão, e passar algumas horas distraído e, até mesmo se divertir, para depois esquecê-lo, ele pode atendê-lo.

 É o primeiro livro de Malerman, e ele pode melhorar e aprimorar algumas qualidades que tem. Precisa, talvez, deixar de pensar em escrever um livro-filme (a moda são enredos que possam e, já pensam, em se tornar em filmes. Não se contentam apenas com o papel...) e sair um pouco dos clichês, tão comuns aos livros de suspense (projetados para serem películas, num futuro próximo).

 Não peço originalidade, pois isso é bobagem, na maioria das vezes, ou em todas. Mas uma boa ideia, técnica, boa narrativa e um enredo que se sustente, já o tornaria em uma promessa alvissareira neste século.

 Então, vamos esperar o próximo volume.


*****

AVALIAÇÃO: (**) REGULAR








Josh Malerman
Editora Intrínseca
272 Páginas

13 dezembro 2018

Prólogo do livro "A Distração do Pecado"






O embrião para a realização deste livro foram as aulas ministradas na Escola Dominical do Tabernáculo Batista Bíblico, e, durante quase um ano, analisamos cada um dos versos da carta de Judas, sobre os quais nos debruçamos e meditamos com o objetivo de nos dobrarmos à verdade de suas poucas páginas. No princípio, inadvertidamente, cogitei uma análise em quatro ou seis aulas, no máximo, mas a riqueza e a profundidade do texto levaram-nos a dispender oito vezes mais o prazo inicialmente estimado.
        Em uma série de estudos, fomos impulsionados a compreender a gravidade do momento vivido pela igreja de Cristo à época do epistológrafo, crise pela qual a igreja passa, na atualidade, em proporções talvez maiores, já que grande parte dos inimigos de Cristo encontram-se dentro dela, como o joio aguardando para ser arrancado. Os exemplos bíblicos servem-nos como alerta, exortação e repreensão, para rechaçarmos os constantes ataques inimigos, não nos entregando às suas artimanhas açuladas, preservando a sã doutrina, o temor e reverência a Deus, apegando-nos à verdade, repelindo a incitação desonesta à rebeldia, à contemporização com o pecado e ao cultivo do mal.
        Portanto não espere um livro onde você se perderá em meio as dúvidas; não escrevi nada novo, mas repeti o que a igreja tem defendido por séculos; não espere afagos e adulações, porque Judas, como emissário de Cristo, exortou a igreja com asserção, como prova do verdadeiro amor, límpido e vigoroso, não dando lugar à lisonja interesseira; levando incautos a confundir o bem com o mal, o certo e o errado, descristianizando mentes e corações para depois abandoná-los na miséria absoluta, levando-os ao servilismo e penúria da alma, aprisionada nas correntes diabólicas. Pelo contrário, este livro é cristocêntrico, não trata de um Deus genérico, impessoal e distante do homem, mas do Deus encarnado, pessoal, cuja honra e glória satisfaz mais ao Pai e ao Espírito, as demais pessoas da Trindade, do que o louvor dispensado a elas mesmas.
        Não espere, também, um discurso liberal, heterodoxo, antropocêntrico, no qual o homem é a “estrela”, enquanto Cristo é um mero coadjuvante, um nome a agregar distração. Se nada for aproveitado nesta obra, oro para que ao menos o leitor compreenda a excelência de Cristo, sua sublime majestade, completa divindade, completa humanidade, esplendor e glória, num grau de superioridade mais que elevada, somente possível para quem, como ele, compartilha a deidade
em unidade com o Pai e o Espírito Santo; isto é chamado de Cristocentrismo[1]. Se nada mais ficar, que fique isso; do contrário, este livro não terá significado, nem propósito.
        Não espere nada bombástico, original, em uma busca doentia pelo ineditismo, o qual leva muitos autores e livros para além do limite permitido pela sã doutrina, cruzando perigosamente a linha divisória entre o santo e o profano, entre o bíblico e o pagão, entre o louvável e o desprezível. Não tive a menor pretensão de ser inovador, mas de apenas ordenar as ideias e tudo apreendido em minha caminhada com os santos, a fim de, através de Judas, alertar a igreja quanto às várias investidas dos inimigos no intento de solapar, de tornar ineficiente a igreja, fazendo-a um apêndice mais higiênico da podridão mundana; controlando-a com suas acusações, inverdades e coerção, num esquema de manipulação visando a fazê-la um arremedo de si mesma e de secularizá-la a todo custo e sob todos os aspectos da (des)ordenação da civilização moderna. Em um século controlado pela ideologia e pelo combate à verdade; onde o anticristianismo é a faceta mais perversa e injusta da capitulação do bem.
        Tentei escrever de forma simples, sem rebuscar ou empreender um trabalho hermético, sem qualquer pretensão de construir uma obra acadêmica, mas de disponibilizar a qualquer um o texto com vistas a edificar e exortar a igreja, muitas vezes perdida entre o secularismo institucionalizado e um apego a uma tradição mais formal que espiritual, mais moralista que moral, mais centrada nas concepções humanas do que na verdade, na essência da fé, o próprio Deus. Busquei passar uma imagem clara daquilo que me propus a fazer, mesmo que, em alguns momentos, não tenha a convicção de tê-lo alcançado, no que espero contar com a compreensão do leitor. De maneira geral, foi um misto de gozo e angústia intentar o exercício de trazer à luz o que existia apenas em esboços e linhas mal delineadas.
        Entretanto, devo ressaltar que nem todo o material, constante nestas páginas, é exclusivo das lições apresentadas no T.B.B.; há uma boa parte de trechos escritos “a posteriori”, alguns pensamentos “a priori”, e reflexões complementares acrescentadas ao corpo inicial, à medida que a obra tomava forma, como consequência necessária da sua redação; proveniente, em caráter único, das minhas considerações sobre os diversos temas propostos, não existindo qualquer comprometimento da liderança e membros do T.B.B. nas conclusões e no produto final apresentado, sendo, portanto, de minha inteira responsabilidade o que se vos apresenta.  
        Contudo, não poderia deixar de agradecer a cada um dos contribuintes e corresponsáveis diretos no arremate desta obra, não necessariamente no que se encontra expresso, mas através das participações frequentes nas aulas, em conversas ocasionais e indicações de textos e obras. Seria injusto se, em especial, não creditasse ao pastor Luiz Carlos Tibúrcio, irmão e amigo, o estímulo necessário para desenvolver este plano, ao convencer-me, sete anos atrás, a aceitar a incumbência de tornar-me professor. Com ele, também, tenho aprendido muito, ainda que algumas coisas me sejam incompreensíveis no momento, por conta de minhas próprias deficiências, ressaltando a sua paciência insistente em não abandonar-me; e, ainda, ao amor e auxílio fraternal da igreja, sem os quais não se alcança qualquer conhecimento espiritual, nem experiencial, da autêntica vida cristã, somente possíveis no corpo local, pela união promovida por Cristo, de fazer para si um povo e de levá-lo à comunhão íntima com seu Santo Espírito. Como sempre digo, não há divergências, nem algum problema, que não seja dissolvido pelo amor do Senhor, o qual nos une e nos mantém unidos.
        É com grande alegria que entrego estas páginas ao leitor. Durante mais um ano, após o término letivo, estive envolvido com este projeto de agrupar, acrescentar e burilar os esboços servidos de aulas; algo por completo inusitado para mim, havendo um determinado momento no qual considerei quase impossível concluí-lo, dada a insatisfação com uma ou outra parte do texto, mas que, pelo favor divino, foi possível chegar a termo, e um desejo, por fim, realizado. Vê-lo, agora finalizado, é a demonstração da graça e bondade divina para comigo.
Oro, do fundo do meu coração, para o Senhor utilizar este instrumento na edificação da sua santa igreja, e para a sua honra, porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos”[2]; e a Cristo seja dado todo o louvor e glória, eternamente!




[1] Cristocentrismo é a designação para “Cristo no centro de tudo”. Não há ortodoxia e ortopraxia sem se considerar profundamente isso. Quando o Filho diz que ninguém vem ao Pai senão por ele, está definindo algumas coisas: o crente vem ao Pai porque vem a Cristo, e ambos são um, uma unidade com o Espírito. Segundo, agradou ao Pai e ao Espírito Santo serem glorificados no Filho, de maneira tal que é impossível a glória de Deus sem que seja dada a glória a Cristo, exclusiva e primeiramente; a glória divina passa, necessariamente, pela glorificação de Cristo. Terceiro, como consequência, qualquer tentativa de se glorificar a Deus, por outros meios, é rejeitada. Quarto, e é rejeitada pelo simples fato de que, como pecadores é impossível agradarmos a Deus, então, nossas ações, pensamentos, orações e ofertas são santificadas pelo Filho, e sendo por ele santificadas, agradarão, finalmente, ao Pai.
[2] Atos dos Apóstolos, 17.28


Compre o livro AQUI

23 novembro 2018

LANÇAMENTO DO LIVRO "A DISTRAÇÃO DO PECADO", E PROMOÇÃO BLACK FRIDAY - KÁLAMOS







Jorge F. Isah


        É com muita alegria que anuncio o lançamento do meu primeiro livro teológico, "A Distração do Pecado", cujo subtítulo é: "Um estudo sobre a igreja, com base na Carta de Judas". Ele tem 454 páginas, no formato ebook, e está disponível na gigante Amazon.

Veja a capa do livro, abaixo:



         Amigo leitor, você pode adquiri-lo em formato ebook ou físico, AQUI, ou visitando o site da Kálamos Editora

         Os nossos livros encontram-se em promoção na Black Friday até a próxima segunda-feira, dia 26. Não perca a chance de conhecer o nosso catálogo (ainda diminuto), e aproveitar os descontos de até 50%. 

         Compre também o meu segundo livro de poemas, "Arpeggios Insulares", que está com preço super-promocional. 

         Um grande e forte abraço!

         Cristo o(a) abençoe, ricamente!









22 outubro 2018

SUMMA TEMPORUM









Jorge F. Isah


            Na foto acima, um dos poemas constantes no meu recém-lançado livro "Arpeggios Insulares", que poderá ser adquirido no site da Amazon.com.br, pelo link https://amzn.to/2x5mg2H, no valor de R$ 5,99, ou se você é assinante do Kindle Unlimited, baixe-o gratuitamente. 

            Em breve, novo livro será lançado, inaugurando a seção de teologia da Kálamos Editora. Visite-nos, e leia alguns trechos do livro, clicando AQUI!



29 agosto 2018

PRÉ-VENDA DO LIVRO "ARPEGGIOS INSULARES"



Jorge F. Isah

        É com muita alegria que venho trazer notícias para os leitores do "Kálamos", em especial a de que criamos uma Editora, "Kálamos Editora" (não podia ser diferente, e ter outro nome), e um site para divulgar os seus produtos (livros, especificamente), que ainda está em construção. O endereço é: 


           
           Temos um novo "logo", também: 


        E o desejo de, em breve, se Deus quiser, publicar novos autores além do "velho" aqui. 
          Por falar em livros, e é a segunda razão desta postagem, está em pré-venda o meu segundo volume de poesias, "Arpeggios Insulares", comercializado pela Amazon. Para você se direcionar para a página de venda na Amazon, basta clicar na capa, abaixo, comprando-o, e me ajudar na publicidade (se assim lhe aprouver):


         se tiver dificuldades no direcionamento, deixarei o link, abaixo, que pode ser copiado no seu navegador, ou bastando clicar nele, para ser direcionado à compra: 


         Em breve, acontecerá novidades, como a publicação, para fins de Outubro, ou início de Novembro, do meu primeiro livro teológico, que já tem título, capa, e está em fase final de edição. Bem como o recebimento de originais de terceiros  para eventual publicação; o que espero aconteça em meados de 2019, se assim o Senhor o quiser. 
           Espero que tenham gostado da atualização, e me perdoem a não publicação de novos textos, por aqui, nos últimos meses. Retornarei à normalidade no blog, ainda este ano. 
            No mais, um forte abraço a todos!
            Cristo o(a) abençoe!
            

17 maio 2018

Sermão em Mateus 22.34-40: O amor a Deus e ao próximo




Ir. Francisco Rodrigues





        Mensagem realizada ontem, 16.05.2018, no Tabernáculo Batista Bíblico, pelo irmão Francisco Rodrigues, com base em Mateus 22.

        O bom Deus use-a para a sua edificação e crescimento. 

        Soli Deo Gloria!




16 maio 2018

NOVO SORTEIO DE LIVROS EM PARCERIA COM O NAPEC




REGRAS


● SORTEIO DUPLO DE LIVROS ●

Participe agora mesmo do sorteio e chame seus amigos!!! Participe! 

"Notas da Xícara Maluca" de N.D. Wilson 

"A Cosmovisão Sexual Cristã" de P. Andrew Sandlin

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Resultado em 16 de junho de 2018 
Serão dois contemplados, cada um com um livro.

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21 abril 2018

A Invasão Vertical dos Bárbaros




Jorge F. Isah


Este é o primeiro livro do filósofo Mário Ferreira dos Santos que leio. Tenho o Filosofia Concreta, Lógica e Dialética, alguns "pdfs" de livros fora de catálogo, e estou prestes a comprar o Tratado de Simbólica, porém, nenhum ainda lido. 

Parte do meu "descaso" com o autor se deve ao temor que o prof. Olavo de Carvalho me incutiu quanto à obra, o qual reputá-a como grandiosa e uma das maiores realizadas por um filósofo no séc. XX, e, portanto, também uma obra difícil e profunda; que requer um certo entendimento prévio do muito que se irá ler, para melhor compreendê-lo. Trocando em miúdos, os livros do prof. Mário Ferreira não são para o leitor comum, com pouca bagagem cultural e sem algum conhecimento dos temas por ele abordados. 

Há ainda o fato dele ter escrito muito, deixado um vasto material a ser estudado e organizado, algo que se produziu sem o zelo editoral, sem uma revisão acurada, cujo tempo ele não dispunha. Ele procurou deixar um registro do seu pensamento, acreditando que seus discípulos pudessem, no futuro, realizar o trabalho de elaboração final da sua obra. 

Como sou apenas um iniciante na ciência da filosofia, aceitei prontamente o conselho do prof. Olavo, sabendo de minhas limitações, e de que deveria ser prudente e cauteloso não somente com o trabalho do prof. Mário, mas com o de muitos outros. 

Ao saber da publicação deste livro, interessou-me sobremaneira o título e perceber que se tratava de uma obra mais voltada para os iniciados, aqueles que nunca tiveram um contato direto com ela. O próprio título da coleção, "Abertura Cultural", parece ter o objetivo de "instigar" os interessados no mundo da alta cultura. 

Após ler algumas dezenas de páginas, a impressão que me dá é de que falta alguma coisa. Não sei explicar direito o que seja, talvez uma maior elaboração, desenvolvimento, dos temas abordados, e que se referem exatamente ao fato de o autor descrever o retorno da civilização ocidental ao barbarismo, ao primitivismo e, uma inferência minha, uma volta ao paganismo. Mas isso em nada desqualifica o seu pensamento, pelo contrário, o prof. Mário parece um profeta moderno, que anteviu décadas antes o que vivemos agora não somente no Brasil, mas no mundo globalizado; ou seria apenas a capacidade de perceber e vislumbrar o que já estava diante dos olhos e que a maioria de nós não foi capaz de ver ou não quis ver? Seja por ignorância, cinismo ou canalhice?

O livro foi originalmente publicado em 1967, provavelmente escrito anos antes, e, passados quase meio século, ele é de uma atualidade assustadora. É como se o prof. Mário estivesse vivendo cada minuto no séc XXI e visto em detalhes o que se tornou a humanidade. 

Creio que somente homens capacitados por Deus (sejam crentes ou não, mas sempre instrumentos da vontade e poder divinos), e que busquem interessadamente compreender a verdade e a realidade, podem “antever” o seu tempo. A maioria dos estudiosos se focam no caráter ideológico e metodológico das suas áreas com pouco ou nenhum interesse pelo real. Como a ideologia sempre buscará uma aparência de realidade e verdade, eles estarão submersos e envolvidos com o que se denominou de “segunda-realidade”, que cada vez mais o aprisionará num mundo onde o desconhecimento impera, e isso significa a ignorância em relação a Deus, à humanidade e a si mesmo.

Espero ter aguçar a curiosidade e o interesse dos visitantes em relação à obra do grande filósofo e professor; entretanto, se não o fiz, esqueça-me, e se debruce o mais rápido possível sobre ela. 

Deixo um pequeno aperitivo, do pensamento do prof. Mário Ferreira:

"A VALORIZAÇÃO DA HORDA, DO TRIBALISMO
As multidões desenfreadas nas ruas, que são o caminho para as grandes brutalidades e injustiças, manifestação do primitivismo, mais um exemplo da horda, movidas por paixões, sobretudo o medo, aguçadas pelos exploradores eternos de suas fraquezas, pelos demagogos mais sórdidos, passam a ser exemplos de superioridades humana... Esses movimentos só têm servido para apoiar tiranos e desenvolver a brutalidade organizada, porque o desenfreio das massas nas ruas não pode ser permanente, e exige, desde logo, a imposição da ordem, o que favorece, então, o emprego desmedido da força e o abuso dela, com consequências graves e perniciosas até para aqueles que foram os mais ativos nessas manifestações bárbaras" 
(pg 34/35).


Invasão Vertical dos Bárbaros
Mario Ferreira dos Santos
É Realizações
168 Páginas
Recomendado


11 abril 2018

Sermão em Mateus 10.34: A paz em lugar da espada





Jorge F. Isah






“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”



INTRODUÇÃO

Ao lermos este verso pela primeira vez, e isoladamente, ele nos traz um certo estranhamento e a impressão de que contradiz outras afirmações bíblicas.

É preciso entende-lo à luz da unidade textual das Escrituras, e sob a iluminação do Espírito Santo. 

Muitos, porém, de maneira precipitada e simplista, apreendem dele aquilo que não diz, colocando nele significados que jamais foram intenção do autor, como aqueles que deduzem estar o Senhor a falar de uma guerra em defesa da fé onde o cristão pode se utilizar de todos os meios, inclusive a força e violência, para que ela prevaleça. 

A ideia de que o crente não é um “bobo”, nem deve ser feito de “palhaço” pelos outros, de que é possível revidar na mesma medida em que se é agredido, tem ganhado contornos de verdade e quase infalibilidade entre os cristãos, nos últimos tempos. 

Entendem que Jesus está a validar e respaldar um tipo de belicosidade “santa”, na qual a defesa da fé está diretamente ligada à defesa de Deus, e como qualquer ataque ao Criador deve ser rechaçado, até mesmo a morte do ímpio é desejável (que desagrada a Deus – Ez 18.23), no sentido de que estamos em uma guerra santa, e o cristão não deve se sujeitar à tirania e morticínio provocado por seus inimigos. 

Seria esse então o bom combate ao qual Paulo se refere em 2 Tm 4.7? Matar o maior número possível de opositores?

Deve-se levar a defesa da fé até as últimas consequências, mesmo que seja a destruição do semelhante?

É o que veremos, a seguir. 


DEUS É PAZ

Em vários trechos das Escrituras temos a afirmação de que Deus é paz. Semelhantemente, a igreja se cumprimenta com “a paz do Senhor”, sabendo que se desejamos ao irmão a paz de Cristo é porque ela somente pode provir daquele que a é em essência. 

Paulo nos apresenta alguns versos que confirmam esta afirmação: 

“Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (1Co 14.33)


“E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.” (Rm 15.33)

No primeiro verso, o apóstolo contrapõe “confusão” com “paz”. A palavra confusão tem vários significados, mas sempre ligados à ideia de desordem, bagunça, dúvidas. Penso que a paz vem adicionada à fé, não a qualquer tipo de fé, mas aquela proveniente do bom Deus, que nos leva a suportar até mesmo as piores e mais terríveis batalhas na confiança de que ele não somente não nos abandonou, mas tem nos sustentado e dirigido a trajetória em direção a si, à paz verdadeira. 

A paz, portanto, é o complemento da fé, não como um acessório, um adendo, mas consequência natural de tudo o que Deus nos dá e proporciona a partir da obra remidora de Cristo. Paz, significa, então, conciliação, concórdia, união, harmonia, acordo, em que Deus, e aqueles que desfrutam da sua paz, encontram-se ligados a um mesmo propósito. Não mais existe apenas o Pai, o Filho e o Espírito Santo, unidos eternamente, três Pessoas e um único Deus, mas também nós estamos unidos a eles. Esta é a promessa divina: 


“E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim;
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.
Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” (Jo 17:20-23)


Neste sentido, até mesmo a justificação é decorrente da fé salvadora; aquela colocada em nossos corações pelo Espírito, e nos leva à comunhão e intimidade com Deus. 

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;

Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. (Rm 5.1-2)


Sendo Deus paz, quando os cristãos se cumprimentam com “a paz do Senhor” (e, infelizmente, essa tem sido uma prática negligenciada; sim, muito do que é dito o é da boca para fora, mas ainda assim o cumprimento serviria de lembrança para algo que não devemos negligenciar: de que Deus é a nossa paz), reconhecemos que é por ele que encontramos, enfim, a reconciliação com o Criador, conosco e, de alguma maneira, com o mundo que nos tem por inimigos.



A INIMIZADE DO MUNDO: COMBATENDO NÃO A CARNE E O SANGUE


Mas, então, por que Cristo afirma, categoricamente, que não veio trazer a paz, mas a espada?

Estaria ele conclamando o seu povo a uma guerra santa? 

Devemos entender que o chamado da fé não é para combater a carne e o sangue, mas as potestades, como Paulo nos diz: 

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Efésios 6:11-13)

Há uma luta em curso que, antes de qualquer coisa, está sob a égide espiritual. O mal que campeia no mundo é fruto daqueles que combatem o bem, ou seja, são inimigos de Deus e da verdade, logo, trabalham para o príncipe das trevas, aquele que é mentiroso e assassino desde sempre. As maldades que vemos, ouvimos ou tomamos conhecimento diariamente é fruto da influência do diabo e seus demônios, mas também nasce, brota e se fortalece no homem cujo coração não conhece a Deus, não deseja conhece-lo, é idolatra, e produz para si um emaranhado de certezas a partir da mentira e falsidade. Alguns querem colocar a culpa exclusivamente nele, mas o coração que insiste e se alegra na afronta e rebeldia a Deus, também é culpado pelo mal que produz, muito mais do que satanás. 

E se estamos em um mundo onde os homens carregam almas beligerantes contra o Criador, não somente a Cristo e seu evangelho, mas todos aqueles que o servem, também são declarados inimigos do mundo. Claramente, o cristão não poderá agradar ao mundo e a Deus, e se tem em seu íntimo a vontade agradar a Deus, fatalmente desagradará ao mundo. E o desagrado é uma declaração de guerra, ainda que unilateral. Porque o cristão não odeia os homens, nem o mundo, no sentido de querê-los destruídos, aniquilados, mortos por suas mãos. Não. Ainda que o pensamento do mundo seja motivado pelo pecado, pelo não arrependimento, desagradável, vil e mesquinho, ao crente, que também um dia, em algum aspecto, posicionou-se a favor do mal e contra o bem, reconhecerá que assim como ele mesmo necessitou da graça e misericórdia divinas para ser perdoado de sua condição iníqua e contenciosa, aos homens devem ser levadas as mensagens de vida, as boas-novas de Cristo, a fim de terem suas mentes e corações transformados, suas vendas tiradas, e a verdade lhes seja revelada pelo próprio Espírito. O arrependimento como consequência de uma disposição favorável, amorosa e grata, quando antes havia apenas ódio, desgosto e rivalidade contra Deus. 

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;
E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” (2Co 10:3-6)

Portanto, se odiaram a Deus, também odiarão os seus filhos e servos: 

“Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (João 15:17-19)

E ainda outra vez:

“Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.
Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.” (Jo 17:12-16)


DEIXO-VOS A PAZ

Como harmonizar os versos iniciais com outros tantos em que Deus é a paz, e ele veio para nos dar a paz? Como o próprio Senhor disse:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14:27)


Cristo mostra que não dará aos seus uma paz igual a que o mundo deseja ou oferece, uma paz temporária, volátil, que se desfará no primeiro problema, trazendo, em seu lugar, angústia, dor e contendas. A paz que o mundo advoga é transitória, ilusória, porque ao homem bastaria um dissabor, uma contrariedade, ou algum tipo de agressão (por menor que seja), para que a ela seja quebrada. Na verdade, ela está diretamente ligada ao orgulho, ao egoísmo, e ao desejo de poder. Este poder não necessariamente significará subjugar os outros, mas simplesmente não se deixar subjugar. O mundo está em guerra com Deus exatamente por isso, por não querer, e não aceitar, o jugo divino. E se a forma de gratidão, por tudo que o Criador é, seria a adoração sincera e espiritual, em seu lugar o homem natural se põe na condição de ingrato, cultuando a si ou seu semelhante, quiçá um objeto. 

Neste sentido, a paz pode ser entendida como aquela na qual o homem se sujeita e se entrega ao governo divino, e, por conseguinte, ao serviço como um todo: não somente a Deus, mas por Deus, para a sua glória, e servindo também ao próximo. 

A afirmação do Senhor Jesus de que ele veio ao mundo para servir e não ser servido, coloca-nos diante de um dilema entre o “eu” que deseja ser servido, e a prontidão em se negar a si mesmo (negação não como pessoa, mas no egoísmo e superioridade de se considerar o “centro do mundo”; o que é, me maior ou menor escala, fruto da idolatria), e estar disposto a servir. 

Cristo é a paz; aquele que veio desfazer a inimizade, a contenda, e guerra entre o homem e Deus. Ele é a paz, por se sujeitar à vontade do Pai; ele é a paz, por buscar a glória do Pai, e fazer a vontade dele, ao invés da sua; Ele é aquele que dá, quando poderia tomar; Ele é o sacrifício, oferecido como dádiva, quando poderia trabalhar por algum interesse individual; veio como Servo sofredor, quando poderia ter vindo como Rei. Este é o despir da glória de Cristo, o Rei eterno se fez um de nós, se fez servo, para que ele fosse tudo em todos. 

Essa é a paz que recebemos, a paz que nos faz, em todos os sentidos, ansiar sermos como é o nosso Senhor. Se somos como ele, viveremos como ele, e serviremos como ele. No servir está a paz daquele que se submete ao Deus de paz. 


CONCLUSÃO

No capítulo 14 de João, ele inicia assim:

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.”

E no versículo 27, ele repete, mais ou menos, o mesmo enunciado do verso 1:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”

A paz somente vem pela fé. A fé de que, em qualquer situação ou circunstância, Cristo está cuidando de nós. E de que, sendo ele a paz, e estando unidos a ele, também teremos paz.

Nota: Mensagem ministrada no Tabernáculo Batista Bíblico