17 maio 2018

Sermão em Mateus 22.34-40: O amor a Deus e ao próximo




Ir. Francisco Rodrigues





        Mensagem realizada ontem, 16.05.2018, no Tabernáculo Batista Bíblico, pelo irmão Francisco Rodrigues, com base em Mateus 22.

        O bom Deus use-a para a sua edificação e crescimento. 

        Soli Deo Gloria!




16 maio 2018

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21 abril 2018

A Invasão Vertical dos Bárbaros




Jorge F. Isah


Este é o primeiro livro do filósofo Mário Ferreira dos Santos que leio. Tenho o Filosofia Concreta, Lógica e Dialética, alguns "pdfs" de livros fora de catálogo, e estou prestes a comprar o Tratado de Simbólica, porém, nenhum ainda lido. 

Parte do meu "descaso" com o autor se deve ao temor que o prof. Olavo de Carvalho me incutiu quanto à obra, o qual reputá-a como grandiosa e uma das maiores realizadas por um filósofo no séc. XX, e, portanto, também uma obra difícil e profunda; que requer um certo entendimento prévio do muito que se irá ler, para melhor compreendê-lo. Trocando em miúdos, os livros do prof. Mário Ferreira não são para o leitor comum, com pouca bagagem cultural e sem algum conhecimento dos temas por ele abordados. 

Há ainda o fato dele ter escrito muito, deixado um vasto material a ser estudado e organizado, algo que se produziu sem o zelo editoral, sem uma revisão acurada, cujo tempo ele não dispunha. Ele procurou deixar um registro do seu pensamento, acreditando que seus discípulos pudessem, no futuro, realizar o trabalho de elaboração final da sua obra. 

Como sou apenas um iniciante na ciência da filosofia, aceitei prontamente o conselho do prof. Olavo, sabendo de minhas limitações, e de que deveria ser prudente e cauteloso não somente com o trabalho do prof. Mário, mas com o de muitos outros. 

Ao saber da publicação deste livro, interessou-me sobremaneira o título e perceber que se tratava de uma obra mais voltada para os iniciados, aqueles que nunca tiveram um contato direto com ela. O próprio título da coleção, "Abertura Cultural", parece ter o objetivo de "instigar" os interessados no mundo da alta cultura. 

Após ler algumas dezenas de páginas, a impressão que me dá é de que falta alguma coisa. Não sei explicar direito o que seja, talvez uma maior elaboração, desenvolvimento, dos temas abordados, e que se referem exatamente ao fato de o autor descrever o retorno da civilização ocidental ao barbarismo, ao primitivismo e, uma inferência minha, uma volta ao paganismo. Mas isso em nada desqualifica o seu pensamento, pelo contrário, o prof. Mário parece um profeta moderno, que anteviu décadas antes o que vivemos agora não somente no Brasil, mas no mundo globalizado; ou seria apenas a capacidade de perceber e vislumbrar o que já estava diante dos olhos e que a maioria de nós não foi capaz de ver ou não quis ver? Seja por ignorância, cinismo ou canalhice?

O livro foi originalmente publicado em 1967, provavelmente escrito anos antes, e, passados quase meio século, ele é de uma atualidade assustadora. É como se o prof. Mário estivesse vivendo cada minuto no séc XXI e visto em detalhes o que se tornou a humanidade. 

Creio que somente homens capacitados por Deus (sejam crentes ou não, mas sempre instrumentos da vontade e poder divinos), e que busquem interessadamente compreender a verdade e a realidade, podem “antever” o seu tempo. A maioria dos estudiosos se focam no caráter ideológico e metodológico das suas áreas com pouco ou nenhum interesse pelo real. Como a ideologia sempre buscará uma aparência de realidade e verdade, eles estarão submersos e envolvidos com o que se denominou de “segunda-realidade”, que cada vez mais o aprisionará num mundo onde o desconhecimento impera, e isso significa a ignorância em relação a Deus, à humanidade e a si mesmo.

Espero ter aguçar a curiosidade e o interesse dos visitantes em relação à obra do grande filósofo e professor; entretanto, se não o fiz, esqueça-me, e se debruce o mais rápido possível sobre ela. 

Deixo um pequeno aperitivo, do pensamento do prof. Mário Ferreira:

"A VALORIZAÇÃO DA HORDA, DO TRIBALISMO
As multidões desenfreadas nas ruas, que são o caminho para as grandes brutalidades e injustiças, manifestação do primitivismo, mais um exemplo da horda, movidas por paixões, sobretudo o medo, aguçadas pelos exploradores eternos de suas fraquezas, pelos demagogos mais sórdidos, passam a ser exemplos de superioridades humana... Esses movimentos só têm servido para apoiar tiranos e desenvolver a brutalidade organizada, porque o desenfreio das massas nas ruas não pode ser permanente, e exige, desde logo, a imposição da ordem, o que favorece, então, o emprego desmedido da força e o abuso dela, com consequências graves e perniciosas até para aqueles que foram os mais ativos nessas manifestações bárbaras" 
(pg 34/35).


Invasão Vertical dos Bárbaros
Mario Ferreira dos Santos
É Realizações
168 Páginas
Recomendado


11 abril 2018

Sermão em Mateus 10.34: A paz em lugar da espada





Jorge F. Isah






“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”



INTRODUÇÃO

Ao lermos este verso pela primeira vez, e isoladamente, ele nos traz um certo estranhamento e a impressão de que contradiz outras afirmações bíblicas.

É preciso entende-lo à luz da unidade textual das Escrituras, e sob a iluminação do Espírito Santo. 

Muitos, porém, de maneira precipitada e simplista, apreendem dele aquilo que não diz, colocando nele significados que jamais foram intenção do autor, como aqueles que deduzem estar o Senhor a falar de uma guerra em defesa da fé onde o cristão pode se utilizar de todos os meios, inclusive a força e violência, para que ela prevaleça. 

A ideia de que o crente não é um “bobo”, nem deve ser feito de “palhaço” pelos outros, de que é possível revidar na mesma medida em que se é agredido, tem ganhado contornos de verdade e quase infalibilidade entre os cristãos, nos últimos tempos. 

Entendem que Jesus está a validar e respaldar um tipo de belicosidade “santa”, na qual a defesa da fé está diretamente ligada à defesa de Deus, e como qualquer ataque ao Criador deve ser rechaçado, até mesmo a morte do ímpio é desejável (que desagrada a Deus – Ez 18.23), no sentido de que estamos em uma guerra santa, e o cristão não deve se sujeitar à tirania e morticínio provocado por seus inimigos. 

Seria esse então o bom combate ao qual Paulo se refere em 2 Tm 4.7? Matar o maior número possível de opositores?

Deve-se levar a defesa da fé até as últimas consequências, mesmo que seja a destruição do semelhante?

É o que veremos, a seguir. 


DEUS É PAZ

Em vários trechos das Escrituras temos a afirmação de que Deus é paz. Semelhantemente, a igreja se cumprimenta com “a paz do Senhor”, sabendo que se desejamos ao irmão a paz de Cristo é porque ela somente pode provir daquele que a é em essência. 

Paulo nos apresenta alguns versos que confirmam esta afirmação: 

“Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.” (1Co 14.33)


“E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.” (Rm 15.33)

No primeiro verso, o apóstolo contrapõe “confusão” com “paz”. A palavra confusão tem vários significados, mas sempre ligados à ideia de desordem, bagunça, dúvidas. Penso que a paz vem adicionada à fé, não a qualquer tipo de fé, mas aquela proveniente do bom Deus, que nos leva a suportar até mesmo as piores e mais terríveis batalhas na confiança de que ele não somente não nos abandonou, mas tem nos sustentado e dirigido a trajetória em direção a si, à paz verdadeira. 

A paz, portanto, é o complemento da fé, não como um acessório, um adendo, mas consequência natural de tudo o que Deus nos dá e proporciona a partir da obra remidora de Cristo. Paz, significa, então, conciliação, concórdia, união, harmonia, acordo, em que Deus, e aqueles que desfrutam da sua paz, encontram-se ligados a um mesmo propósito. Não mais existe apenas o Pai, o Filho e o Espírito Santo, unidos eternamente, três Pessoas e um único Deus, mas também nós estamos unidos a eles. Esta é a promessa divina: 


“E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim;
Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.
E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um.
Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim.” (Jo 17:20-23)


Neste sentido, até mesmo a justificação é decorrente da fé salvadora; aquela colocada em nossos corações pelo Espírito, e nos leva à comunhão e intimidade com Deus. 

“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;

Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. (Rm 5.1-2)


Sendo Deus paz, quando os cristãos se cumprimentam com “a paz do Senhor” (e, infelizmente, essa tem sido uma prática negligenciada; sim, muito do que é dito o é da boca para fora, mas ainda assim o cumprimento serviria de lembrança para algo que não devemos negligenciar: de que Deus é a nossa paz), reconhecemos que é por ele que encontramos, enfim, a reconciliação com o Criador, conosco e, de alguma maneira, com o mundo que nos tem por inimigos.



A INIMIZADE DO MUNDO: COMBATENDO NÃO A CARNE E O SANGUE


Mas, então, por que Cristo afirma, categoricamente, que não veio trazer a paz, mas a espada?

Estaria ele conclamando o seu povo a uma guerra santa? 

Devemos entender que o chamado da fé não é para combater a carne e o sangue, mas as potestades, como Paulo nos diz: 

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” (Efésios 6:11-13)

Há uma luta em curso que, antes de qualquer coisa, está sob a égide espiritual. O mal que campeia no mundo é fruto daqueles que combatem o bem, ou seja, são inimigos de Deus e da verdade, logo, trabalham para o príncipe das trevas, aquele que é mentiroso e assassino desde sempre. As maldades que vemos, ouvimos ou tomamos conhecimento diariamente é fruto da influência do diabo e seus demônios, mas também nasce, brota e se fortalece no homem cujo coração não conhece a Deus, não deseja conhece-lo, é idolatra, e produz para si um emaranhado de certezas a partir da mentira e falsidade. Alguns querem colocar a culpa exclusivamente nele, mas o coração que insiste e se alegra na afronta e rebeldia a Deus, também é culpado pelo mal que produz, muito mais do que satanás. 

E se estamos em um mundo onde os homens carregam almas beligerantes contra o Criador, não somente a Cristo e seu evangelho, mas todos aqueles que o servem, também são declarados inimigos do mundo. Claramente, o cristão não poderá agradar ao mundo e a Deus, e se tem em seu íntimo a vontade agradar a Deus, fatalmente desagradará ao mundo. E o desagrado é uma declaração de guerra, ainda que unilateral. Porque o cristão não odeia os homens, nem o mundo, no sentido de querê-los destruídos, aniquilados, mortos por suas mãos. Não. Ainda que o pensamento do mundo seja motivado pelo pecado, pelo não arrependimento, desagradável, vil e mesquinho, ao crente, que também um dia, em algum aspecto, posicionou-se a favor do mal e contra o bem, reconhecerá que assim como ele mesmo necessitou da graça e misericórdia divinas para ser perdoado de sua condição iníqua e contenciosa, aos homens devem ser levadas as mensagens de vida, as boas-novas de Cristo, a fim de terem suas mentes e corações transformados, suas vendas tiradas, e a verdade lhes seja revelada pelo próprio Espírito. O arrependimento como consequência de uma disposição favorável, amorosa e grata, quando antes havia apenas ódio, desgosto e rivalidade contra Deus. 

“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne.
Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas;
Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo;
E estando prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida a vossa obediência.” (2Co 10:3-6)

Portanto, se odiaram a Deus, também odiarão os seus filhos e servos: 

“Isto vos mando: Que vos ameis uns aos outros.
Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.” (João 15:17-19)

E ainda outra vez:

“Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse.
Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos.
Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal.
Não são do mundo, como eu do mundo não sou.” (Jo 17:12-16)


DEIXO-VOS A PAZ

Como harmonizar os versos iniciais com outros tantos em que Deus é a paz, e ele veio para nos dar a paz? Como o próprio Senhor disse:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14:27)


Cristo mostra que não dará aos seus uma paz igual a que o mundo deseja ou oferece, uma paz temporária, volátil, que se desfará no primeiro problema, trazendo, em seu lugar, angústia, dor e contendas. A paz que o mundo advoga é transitória, ilusória, porque ao homem bastaria um dissabor, uma contrariedade, ou algum tipo de agressão (por menor que seja), para que a ela seja quebrada. Na verdade, ela está diretamente ligada ao orgulho, ao egoísmo, e ao desejo de poder. Este poder não necessariamente significará subjugar os outros, mas simplesmente não se deixar subjugar. O mundo está em guerra com Deus exatamente por isso, por não querer, e não aceitar, o jugo divino. E se a forma de gratidão, por tudo que o Criador é, seria a adoração sincera e espiritual, em seu lugar o homem natural se põe na condição de ingrato, cultuando a si ou seu semelhante, quiçá um objeto. 

Neste sentido, a paz pode ser entendida como aquela na qual o homem se sujeita e se entrega ao governo divino, e, por conseguinte, ao serviço como um todo: não somente a Deus, mas por Deus, para a sua glória, e servindo também ao próximo. 

A afirmação do Senhor Jesus de que ele veio ao mundo para servir e não ser servido, coloca-nos diante de um dilema entre o “eu” que deseja ser servido, e a prontidão em se negar a si mesmo (negação não como pessoa, mas no egoísmo e superioridade de se considerar o “centro do mundo”; o que é, me maior ou menor escala, fruto da idolatria), e estar disposto a servir. 

Cristo é a paz; aquele que veio desfazer a inimizade, a contenda, e guerra entre o homem e Deus. Ele é a paz, por se sujeitar à vontade do Pai; ele é a paz, por buscar a glória do Pai, e fazer a vontade dele, ao invés da sua; Ele é aquele que dá, quando poderia tomar; Ele é o sacrifício, oferecido como dádiva, quando poderia trabalhar por algum interesse individual; veio como Servo sofredor, quando poderia ter vindo como Rei. Este é o despir da glória de Cristo, o Rei eterno se fez um de nós, se fez servo, para que ele fosse tudo em todos. 

Essa é a paz que recebemos, a paz que nos faz, em todos os sentidos, ansiar sermos como é o nosso Senhor. Se somos como ele, viveremos como ele, e serviremos como ele. No servir está a paz daquele que se submete ao Deus de paz. 


CONCLUSÃO

No capítulo 14 de João, ele inicia assim:

“Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.”

E no versículo 27, ele repete, mais ou menos, o mesmo enunciado do verso 1:

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”

A paz somente vem pela fé. A fé de que, em qualquer situação ou circunstância, Cristo está cuidando de nós. E de que, sendo ele a paz, e estando unidos a ele, também teremos paz.

Nota: Mensagem ministrada no Tabernáculo Batista Bíblico


25 março 2018

Introdução à Pregação - Aula 1 e 2




Jorge F. Isah



Aos interessados, os áudios deste estudo estão disponibilizados no final da postagem.


INTRODUÇÃO

Estudamos, no decorrer do último ano, a apresentação do que seja o culto cristocêntrico. Agradecemos ao irmão Francisco por nos orientar nas várias questões relativas ao entendimento do que seja o culto verdadeiramente cristão, e as imitações que grassam, em boa parte das reuniões religiosas, e que equivocadamente são reputadas como cristãs, quando apenas reproduzem pouco ou nada da verdade bíblica, e, também, pouco ou nada do nosso Senhor. Ele é o centro da fé, e imaginar possível uma vivência cristã onde ele não seja o fundamento, o alicerce, a motivação a prática da fé, é inconcebível e um absurdo. 

Iniciaremos hoje, uma série de estudos a partir dos temas abordados em vários livretos publicados pela Editora Fiel, e que se estenderão a outros livros diversos, inclusive a biografia dos santos e seus ministérios. Os temas têm tudo a ver com o estudo anterior, e serão complementares a ele, fortalecendo os conceitos já aprendidos, reforçando-os para que sejamos ainda mais conscientes e zelosos da defesa da fé. 

O primeiro deles trata da pregação em nossos dias. O livro tem o título: “O que há de errado com a pregação hoje?”, escrito por Albert N. Martin. 

Tentaremos uma nova perspectiva de aulas, onde os irmãos receberão, antecipadamente, parte do texto, preferencialmente capítulos inteiros, uma semana antes da aula, a fim de lerem durante a semana, meditarem no que leram, anotando as partes mais relevantes, as dúvidas, ou o que não ficou suficientemente claro, e, caso haja, suas críticas (de deverão ser fundamentas). Desta forma, queremos que o estudo não se restrinja ao momento da EBD, mas os irmãos possam estendê-lo ao restante da semana. Como não serão partes longas, apenas algumas páginas, esperamos não haver motivos para não se proceder a esse exercício, no que acredito haverá o substancial crescimento individual quanto aos fundamentos da fé, e, como igreja, o Corpo de Cristo. 

Antes de entrarmos propriamente no tema do livro, faremos um apanhado do que vem a ser pregação e sua formação histórica.


O QUE É PREGAÇÃO? COMO SURGIU?

O dicionário Priberam online define a expressão como o “ato de pregar, uma admoestação, sermão, assunto de uma prédica”, e trazendo para o universo da fé, podemos resumir como sendo um discurso religioso (não apenas se manifesta nas religiões, mas pode-se estendê-lo ao âmbito político, ideológico, etc). Esta é uma definição genérica, que traz algum sentido, ainda que seja um sentido óbvio, e que, portanto, não define as características que distinguem a pregação bíblica de qualquer outro discurso religioso. 

No mundo antigo, por exemplo, a civilização greco-romana, havia a figura do filósofo-pregador, aquele que se utilizando das ferramentas da retórica (arte ou ciência de falar bem em público, também conhecida como oratória), ia para as praças e outros lugares públicos expor suas ideais, conceitos e cosmovisões, incluindo-se fé e religiosidade. 

Como veremos a seguir, fora do Cristianismo, a pregação não tem o mesmo significado e importância que em outras religiões e culturas, nem mesmo a judaica. 

No A.T. a palavra mais comumente utilizada para identificar uma pregação é bãsár (ocorre 30 vezes): tornar público, dar (boas) notícias, pregar. Há também a palavra Nãtap (ocorre 18 vezes), significando gotejar, destilar, profetizar e pregar, entre outros. 

Neste sentido, ou seja, no sentido bíblico, a pregação é, via de regra, uma proclamação publica. A palavra mais utilizada no N. T., para definir pregação é “kerusso” (de onde deriva a palavra Kerygma = proclamação, mensagem), que significa “proclamar como um arauto”, aquele que proclama. O arauto era o servo ou funcionário encarregado de levar à população os éditos, ordens, decretos e leis reais. Ele era mensageiro do rei, transmitindo a própria voz do rei aos seus súditos. Assim, o pregador cristão nada mais é do que um arauto ou mensageiro de Deus, quem levará aos súditos a sua palavra, vontade e ordem. 

O N.T. trata a pregação como “a mensagem de boas-novas ou evangelho”. Então, quando as boas-novas de Cristo são proclamadas, estamos a pregar, no sentido mais estrito que ele representa para a fé cristã. 

Algo que me fez pensar muito sobre o assunto, foi quando me deparei, em minha pesquisa, com a afirmação de vários autores de que a a pregação era uma atividade neotestamentária, surgindo a partir do ministério do Senhor Jesus. Esta afirmação levou-me a questionar o seguinte: Antes de Cristo, Deus abandonou o seu povo sem lhes destinar pregadores e pregações?

Ainda que diferente do sentido utilizado no decorrer da igreja, a pregação não é algo exclusiva dela, mas surgiu ainda no tempo dos profetas, que eram “oráculos” de Deus, de Abraão (ao anunciar a aliança de Deus com ele e sua descendência) até Malaquias, sem nos esquecer de que houve antes homens que foram também porta-vozes divinos, como Noé, que anunciou aos homens, por 120 anos, o juízo e a destruição do mundo, através do Dilúvio. 

Os profetas foram os primeiros pregadores, aqueles que comunicavam, levavam até o povo a mensagem divina, que lhes era transmitida diretamente pelo Espírito Santo, por meio de sonhos e visões. Hoje o termo profecia tem o cunho quase exclusivo de “revelações”, sendo algo particular e de pouca valia para o crescimento e aperfeiçoamento da igreja. Normalmente, as revelações atuais se referem a mostrar ou prever algo na vida de uma pessoa, e que interessa exclusivamente a ela, na maioria das vezes, exposta de forma genérica e pouco explícita. Dentro do sentido bíblico, esse tipo de dom não tem nada de divino, nem cumpre os requisitos de edificação da igreja e de glorificação a Deus, pelo contrário, tenta tornar os “profetas” modernos em semideuses, em heróis de uma causa perdida. 

Voltando aos profetas do A.T., eles recebiam a mensagem divina relativa à relação Deus-homem-povo, anunciando a sua vontade, e os juízos advindos do seu não cumprimento. Deus levantou vários profetas em Israel, e através deles manifestou a sua vontade revelando-se a ele. É comum nos depararmos com a inscrição: “Veio a palavra de Deus a mim...”, como em 1Sm 15.10, Jn 1.1 e Ageu 1.1, entre outros tantos textos. 

Em Deuteronômio 18.9, em diante, o Senhor adverte que Israel não será como as demais nações pagãs, que se entregavam a adivinhadores e prognosticadores, normalmente homens que eram bruxos, feiticeiros e envolvidos com magia negra e forças ocultas, guiados por espíritos demoníacos. Vejamos o texto completo: 

“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.
Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;
Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.
Perfeito serás, como o Senhor teu Deus.
Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa.
O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;
Conforme a tudo o que pediste ao Senhor teu Deus em Horebe, no dia da assembléia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do Senhor teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra.
Então o Senhor me disse: Falaram bem naquilo que disseram.
Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.
E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele.
Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá.
E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou?
Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele. (Deuteronômio 18:9-22)


Esta é uma profecia messiânica, a apontar para o Cristo, que foi descrito como “um profeta semelhante a Moisés” Dt 18.15 cf. Atos 3.22, 7.37), mas o trecho inicial refere-se diretamente a Moisés, a quem Deus falava face a face, e não pelo método ordinário: sonhos e visões. O relacionamento entre Deus e Moisés era tal que o Senhor agradava apresentar-se sem rodeios, de forma indireta como fazia com outros profetas (não na mensagem, mas na transmissão da mensagem), falando diretamente. 

Em Êxodo 7.1-2, lemos: 

“Então disse o SENHOR a Moisés: Eis que te tenho posto por deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será o teu profeta.
Tu falarás tudo o que eu te mandar; e Arão, teu irmão, falará a Faraó, que deixe ir os filhos de Israel da sua terra.(Êxodo 7:1,2)


Este trecho nos permite fazer uma analogia quanto ao ministério profético, em que Moisés é apontado pelo próprio Deus como o “deus” de Faraó, enquanto Arão seria o profeta de Moisés, o deus. Moisés ouvia a palavra diretamente do Senhor, e a transmitia a Arão que se encarregava de anunciá-la ao povo. Assim eram as “pregações” anteriores ao período do Novo Testamento. 

Alguém pode alegar o equívoco em se colocar as profecias no mesmo lugar, ou ao lado, das pregações, pois o caráter delas era evidentemente díspare, cumprindo funções e objetivos diferentes. Como conhecemos o ministério da pregação atualmente, as profecias distinguem-se nos detalhes e aplicações; não em relação ao conteúdo ou mensagens, mas quanto à forma. Em essência, têm o mesmo significado, levar a revelação divina aos homens, seja para salvar, seja para condenar, seja para instruir e aperfeiçoar. Mais à frente, falaremos sobre o culto judaico nos períodos testamentários. 

Voltando ao texto de Deuteronômio 18, analisaremos alguns pontos que destaquei: 

Primeiro, Deus escolheu Israel dentre todas as nações para cumprir o privilégio especial de ser o seu povo. Diferentemente das outras nações que se entregavam ao conselho e orientação dos falsos profetas, homens que falavam em nome de outros deuses, inspirados pelas forças diabólicas (em toda a história da humanidade sempre houve os farsantes, aqueles que se diziam inspirados pelo seu deus, mas, na verdade falavam por si mesmos, a fim de obterem lucro e benefícios pessoais, ainda que cumprissem essa missão em caráter temporário. Não são menos inimigos da verdade do que os falsos profetas guiados pela aparição ou mensagem do diabo e seu anjos, os quais podem se transfigurar em anjos de luz). 

Segundo, Deus levantaria um profeta, do meio de Israel, e lhe poria as palavras em suas bocas, e ele ficaria responsável (no sentido de cumprir a determinação e vontade divina), encarregado de transmiti-la ao povo. 

Terceiro, fica evidente que os profetas tinham autoridade, e deveriam ser ouvidos e obedecidos. Portanto, as profecias não eram apenas sobre coisas futuras, o porvir, mas também sobre ações práticas a serem realizadas e cuidadas naquele tempo, como as advertências à santidade e ao cumprimento da Lei, por exemplo. 

Quarto, o profeta, recebida a palavra de Deus, por sonho ou visão, estava obrigado imperiosamente a revela-la ao povo, o que acontecia infalivelmente. 

Quinto, aquele que não quisesse ouvir a palavra proclamada, Deus requereria a sua vida, ou seja, o profeta não era responsável por ela, estando isento de responsabilidade em relação àquela alma. 

Sexto, contudo, se o profeta, após receber a palavra não a entregasse ao povo, a alma que perecesse pelo alerta não dado, ficaria sob a responsabilidade do profeta, que negligente, responderia pela ruína da alma desavisada. 

Existem vários textos correlatos a este, nas Escrituras, afirmando o mesmo. Um deles está em Ezequiel 33.1-9

“E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
Filho do homem, fala aos filhos do teu povo, e dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada sobre a terra, e o povo da terra tomar um homem dos seus termos, e o constituir por seu atalaia;
E, vendo ele que a espada vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar o povo;
Se aquele que ouvir o som da trombeta, não se der por avisado, e vier a espada, e o alcançar, o seu sangue será sobre a sua cabeça.
Ele ouviu o som da trombeta, e não se deu por avisado, o seu sangue será sobre ele; mas o que se dá por avisado salvará a sua vida.
Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.
A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte.
Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para dissuadir ao ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, porém o seu sangue eu o requererei da tua mão.
Mas, se advertires o ímpio do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade; mas tu livraste a tua alma.” (Ezequiel 33:1-9)


Sétimo, como o povo saberia se determinada pessoa era ou não um profeta de Deus? Quando a palavra não se cumprisse, o profeta falou por si mesmo, pelo seu orgulho e soberba. E a sentença era clara: ele morreria! 

Portanto, podemos entender que Deus falou ao seu povo, através da pregação, em diversos momentos na história, muito antes do advento da igreja, pela voz dos profetas, homens encarregados de levar ao povo as boas-novas; desde os patriarcas até Malaquias. 


A PREGAÇÃO NA SINAGOGA

Como a palavra de Deus era proclamada no Templo e nas sinagogas? Você saberia dizer? Como imagina que era um culto judaico?

É impossível cogitar que, depois de proclamada a palavra pelo profeta, as pessoas simplesmente não buscassem o seu significado ou explicação quanto ao seu sentido. Nem sempre as profecias eram facilmente compreendidas; haviam pontos obscuros, imperceptíveis, muitas vezes, até mesmo pelos profetas. Então, era necessário que houvesse uma explicação, um estudo e um ensino para a grande maioria do povo. Tal qual hoje, ainda existem pontos de difícil compreensão, como o próprio apóstolo Pedro falou em relação aos escritos do apóstolo Paulo. Se para ele haviam coisas incompreensíveis, imagine para nós. 

Fato é que, mesmo no deserto, no Tabernáculo, ou nas sinagogas e no Templo, havia o estudo e o ensino da palavra de Deus. Por falar nisso, o culto cristão não era muito diferente do culto judaico: 

a) Recitava-se o credo judaico, o Shema (Dt 6.4-5); 

b) Seguia-se uma oração ritual, e um tempo para a oração individual;

c) Entoavam-se salmos;

d) Leia-se uma porção ou mais da “Bíblia Judaíca”: o pentateuco, livros históricos, poéticos e proféticos. As vezes, e em muitas comunidades, se liam porções específicas para datas especificas, de maneira a se ler todo o conteúdo bíblico em um ou mais anos. 

e) Após a leitura, seguia-se o sermão explicativo, provavelmente exposto pelo chefe da sinagoga (Jairo, em Mc 5.22, era um deles), concluindo-se os trabalhos com a bênção sacerdotal. 

Ou seja, parece-se muito com o nosso culto, ao menos quanto ao seu desenvolvimento formal. 

Outra prova do ensino, e eventuais interpretações da Escritura, notadamente é identificável nas facções dentro do próprio judaísmo, com a disputa entre fariseus, saduceus e rabínicos, grupos que se arvoravam aos verdadeiros interpretes das Escrituras Sagradas, cada um a seu modo. 

A sinagoga era o local mais importante nas cidades em Israel, e mesmo em outras terras, para aonde foram após as várias diásporas. Um judeu, normalmente, procurava primeiro a sinagoga para se apresentar e receber auxílio e ajuda de outros judeus. Havia também uma escola, e o local onde ficavam guardadas as cópias dos manuscritos, seja da Lei ou demais escritos tradicionais, uma biblioteca. Era ali, também, que se formava o tribunal para a solução de disputas, e julgamentos dos infratores e criminosos. 

Com as constantes invasões e dominações sobre Israel, por outros povos, os tribunais criminais e legais eram transferidos para os edifícios públicos controlados pelos conquistadores. Mas o povo ainda preferia solucionar suas querelas nas sinagogas. 

Então, é perceptível a importância das sinagogas na vida judaica, e de que, ainda que não seja ipsis literis uma cópia perfeita do modelo cristão de culto, os judeus o tinham muito semelhante ao nosso; na verdade, muito do que firmou e difundiu-se na liturgia da igreja foi herdado do judaísmo, como já disse, ao menos na questão formal. 


JESUS, SEU MINISTÉRO E O TEMPLO

A relação de Jesus com o Templo e as sinagogas era íntimo e frequente. Ele estava sempre por lá, participando dos trabalhos, ensinando, pregando, passeando, exercendo o seu ministério terreno. 

Vejamos uma lista de passagens bíblicas que revelam o seu constante envolvimento nesses lugares: 

a) Jesus foi circuncidado e apresentado no Templo – Lc 2.27;

b) Jesus foi ao Templo, ainda criança, aprender e ensinar – Lc 2.46;

c) Jesus defendeu o Templo como a casa de Deus – MC 11.15; Jo 2.13-17;

d) Jesus estava constantemente no Templo: Mc 14.49;

e) Jesus ensinava e pregava nas sinagogas: Mt 12.9; 1354; Mc 1.21; 3.1; Lc 4.16,33; 6.6; Jo 6.59;

f) Jesus passeava no Templo: Jo 10.23;

g) Enfim, Jesus gastou boa parte do seu ministério de ensino e pregação, curas e milagres, realizando-os no Templo: Jo 18.20.

Qualquer insinuação de que Cristo desprezava, odiava ou não queria que os seus discípulos se reunissem em comunidade, e juntos realizassem a obra de Deus, seja no Templo, sinagoga ou mais tarde nas igrejas, é falácia e embuste. 


A IGREJA PRIMITIVA E O INÍCIO DA PREGAÇÃO

Assim como o Senhor Jesus usava o Templo e as sinagogas para pregar as “Boas-Novas”, a igreja primitiva seguiu-o neste princípio, o de conservar as reuniões formais no judaísmo. Somente após a perseguição empreendida tenazmente por judeus e romanos, quando a igreja foi acossada por todos os meios e formas com o fim de ser extinta, é que as reuniões tornaram-se clandestinas, às escondidas, organizadas em casas, sepulcros, cavernas, ou áreas mais remotas e longe das autoridades e dos delatores. 

Sem entrar muito na questão, mas não me escusando de tocá-la, todo esse processo de tentativa de deter a expansão do Evangelho não aconteceu fortuitamente à revelia de Deus, mas foi decretada por ele, como meio de aperfeiçoamento dos santos, do crescimento ainda maior da fé cristã, a iluminação do mundo, a separação entre trevas e luz, e, sobretudo, para a sua própria glória, levando-a à cabo não somente com a pregação da verdade, mas no sacrifício e martírio pela verdade, a fim de que ficasse a pessoa gloriosa de Cristo. 

Para exemplificar, relacionarei algumas passagens onde encontramos os apóstolos e discípulos do Senhor reunidos no Templo: 

· Lc 24.53; At 2.46; 3.1; 5.21, 25, 42 ver também At 21.26-28. 

E nas sinagogas: 

· At 13.14, 14.1, 17.1-2, 10, 17; 18.4, 19; 19.8; Tg 2.2.

Como já foi dito, somente por causa da repressão à igreja, ela procurou se reunir em outros locais onde pudesse cultuar, aprender, ensinar e proclamar o Evangelho. Algumas passagens deixam clara essa prática: At 2.1, 12.12, 16.40; Rm 16.5; 1Co 16.19; Cl 4.15; Fm 2.

Quando Jerusalém foi sitiada, invadida e destruída por Tito, no ano 70 D.C., é que aconteceu a Segunda Diáspora (a primeira Diáspora ocorreu, provavelmente, em torno do ano 580 A.C., quando da deportação de milhares de judeus para a Babilônia), ou seja, os judeus, fugindo do terror romano, espalharam-se pelo mundo de então, e, com eles também, muitos cristãos seguiram o mesmo caminho, levando o Evangelho a outros rincões. 

Desta forma, a pregação das “Boas-Novas”, antes circunscritas às terras de Israel, espalhou-se por todo o mundo conhecido da época, alcançando lugares remotos como o norte da Europa, Ásia, o norte da África, a Bretanha, e ainda outros. 

Cumpria-se, portanto, a “Grande Comissão” ordenada pelo Senhor em Mateus 28.18-20. 


TIPOS DE PREGAÇÃO

Para finalizar este estudo introdutório, descreveremos as três formas de sermões, do ponto de vista estrutural: 

1) Sermão tópico ou temático:

O sermão parte de um tema, não do texto bíblico. As divisões do sermão não estão no texto, mas podem ser elaboradas através de outros textos bíblicos ou mesmo do desejo do pregador. Por exemplo, o tema casamento cristão, o desafio do jovem ou vida eterna. A escolha recai primeiro no tema, para depois se buscar na Bíblia um texto central, cujo desenvolvimento, ou as etapas do sermão, podem ser ordenadas por outros textos bíblicos. 

2) Textual: 

Parte de um ou, no máximo, três a quatro versículos, para se fazer o sermão (não há um consenso sobre o número exato de versos, alguns estudiosos indicando um e dois, enquanto outros podem chegar a três ou quatro). O tema e as divisões do sermão estão no texto bíblico. Normalmente o texto utilizado é pequeno, e as divisões são extraídas do próprio texto. 

3) Expositivo: 

O tema, e as divisões, é feito a partir do texto bíblico, como no sermão textual, porém, parte-se de um trecho maior, com mais de três ou quatro versos. Basicamente o que distingue um sermão textual de um sermão expositivo é o número de versículos que serão utilizados como base para a pregação. Alguns estudiosos chegam a apontar outras diferenças que distinguem o sermão textual do expositivo, mas em suma, a maioria concorda que a diferença básica e nítida está reservada ao número de versículos utilizados. 


CONCLUSÃO

Pode parecer um exagero o estudo, ainda que introdutório e mínimo, sobre pregação em uma EBD. Alguns podem realmente considera-lo desnecessário, mas penso que a igreja deve, sobretudo, estar a par das coisas relevantes em seu meio, e tendo-se em vista que a pregação do Evangelho é sumamente importante, de tal maneira que aprouve a Deus utilizá-la como forma de revelar aos homens sua natureza, propósito e vontade, conforme Paulo esclarece-nos em Romanos, capítulo 10, nada que se refira ao assunto deve ser negligenciado. 

É fato que o objetivo não é um estudo minucioso, detalhado, mas um apanhado geral do que venha a ser, a fim de nortear quando aos próximos passos do estudo, e que a meta inicial: O que está acontecendo com a pregação hoje? Por isso, considerei necessária esta introdução, que espero, tenha esclarecido pontos elementares da história e execução do plano divino no decorrer das eras. 

Não sei se publicarei a sequência dos estudos por aqui, visto me preocupar a questão dos direitos autorais do livreto de Albert N. Martin. Talvez o faça sem citar o texto, o que me parece conter uma certa dificuldade. É um caso a pensar. De qualquer forma, espero que, ao menos incialmente, este estudo tenha sido útil como introdução ao assunto. 


Notas: 1-Abaixo, os dois áudios das aulas referentes a este estudo, na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico.

2-Este material pode ser utilizado em grupos de estudos ou reproduzidos sem restrições, apenas gostaria que a fonte fosse citada: autoria e blog.

3-Abaixo, os áudios das duas aulas. 


23 março 2018

RESULTADO DO SORTEIO DE LIVROS EM PARCERIA COM O INTERNAUTAS CRISTÃOS







1) "QUEM CONTROLA A ESCOLA GOVERNA O MUNDO", DE GARY DEMAR (cada sorteado receberá um exemplar do livro)

SORTEADOS: LUIZ PAULO GEIGER - CAXIAS DO SUL - RS
E
                    LÍLII ALMEIDA - SALVADOR - BA

Os livros foram enviados hoje, dia 23.03.2018, via Correios.

Aos ganhadores, parabéns!

Prepare-se para nova promoção, em parceria com o site INTERNAUTAS CRISTÃOS, em breve!

Cristo o(a) abençoe!


                           ___________________



Jorge F. Isah



É com alegria que comunicamos, a todos os nossos leitores, mais uma parceria com o site Internautas Cristãos, e sortearemos dois exemplares do livro "Quem controla a escola governa o mundo", da Editora Monergismo:






SINOPSE DA EDITORA: 

“Uma das ferramentas mais úteis na busca pelo poder é o sistema educacional.”

Há um dito popular: “A filosofia da sala de aula desta geração será a filosofia de vida da próxima geração”.
Os antigos fundadores dos EUA o entendiam bem. Esse é o porquê, após construírem casas e igrejas, terem estabelecido instituições educacionais como Harvard, Yale, Columbia e Darmouth. Com o passar do tempo, a maioria dos cristãos passou a adotar a falsa premissa de que os fatos são neutros. Eles creem não importar quem ensine matemática, ciência e história, pois fatos são fatos. Os humanistas se aproveitaram desse tipo de pensamento por meio da mudança e do controle gradual da educação nos termos dos pressupostos materialistas.
Quem controla a escola governa o mundo mostra como a educação pode ser usada como instrumento de mudança social desde Karl Marx e Adolf Hitler até o humanismo secular e o islamismo radical. Os oponentes da nossa cosmovisão entenderam que na educação se trava a guerra de ideias. Se nós cristãos formos sérios a fim de assegurarmos o futuro dos nossos filhos, então devemos entender a natureza da guerra que lutamos. Se você tem filhos, quer filhos, ou conhece alguém que tenha filhos — você precisa tomar este livro e lê-lo antes que seja tarde demais para salvar a geração que nos seguirá dentre as ruínas."


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Esta é a primeira iniciativa, de muitas que esperamos realizar, com os parceiros, amigos e irmãos de longa data do Internautas Cristãos e do NAPEC (está no ar o sorteio em parceria com o Napec, e as regras para participar estão AQUI). 

Para saber mais, e participar do sorteio, leia o restante desta postagem. 


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SORTEIO DE LIVROS

Participe!

01. Curta as páginas Kálamos e Internautas Cristãos no Facebook
02. Marque 4 amigos nos comentários
03. Compartilhe este post em seu perfil público

Conheça o livro: https://editoramonergismo.com.br/…/quem-controla-a-escola-g…

Resultado em 20 de março de 2018.
Serão dois contemplados, cada um receberá um livro.

Este sorteio é uma parceria: www.kálamos.blog.br e www.internautascristaos.com


Inscreva-se, grátis!


Soli Deo Gloria!!!


21 março 2018

RESULTADO DO SORTEIO DE LIVROS: NAPEC, EDITORA MONERGISMO E KÁLAMOS!

RESULTADO DO SORTEIO PUBLICADO ABAIXO, REALIZADO EM 13.03.2018, CUJOS GANHADORES SÃO: 

1) "DANDO NOME AO ELEFANTE", DE JAMES SIRE

SORTEADO: CARLOS HENRIQUE R. SILVA - LAVRAS - MG

2) "CONVERSAS À MESA DE LUTERO", DE MARTINHO LUTERO

SORTEADO: JANIR DA SILVA MARTINS - MURIAE - MG

Os livros foram enviados no dia 19.03.2018, via Correios.

Aos ganhadores, parabéns!

Prepare-se para nova promoção, em parceria com o site NAPEC, em breve!

Cristo o(a) abençoe!



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Jorge F. Isah


Depois de alguns anos se fazer um único sorteio no Kálamos, em conversa com alguns irmãos, decidimos retomá-los mensalmente (ao menos, por enquanto), em parceria com o NAPEC e a EDITORA MONERGISMO, estamos sorteando, no próximo dia 13 de Março de 2018.

Nosso intuito, é o de levar o melhor da literatura cristã aos nossos leitores, e começamos em grande estilo, com dois "petardos" da Monergismo, livros que certamente edificarão, instruirão e levará o leitor à reflexão e conhecimento de temas gratos à fé e vida cristãs. 
Apresentamos, brevemente, abaixo os seguintes livros, que participarão desta retomada aos sorteios. 

E que Deus seja glorificado, sempre!

PS: Haverá também outro sorteio em parceria com o site Internautas Cristãos, em parceria conjunta com a Editora Monergismo. Em breve, daremos mais detalhes desse evento. 


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Sinopse da Editora: 
"Hilária, humana, espontânea, indignada e injuriosa, esta é uma coleção sem igual na história da igreja. E por baixo de tudo, há um fundamento pétreo de senso comum santificado e de sabedoria bíblica. Eu diria que, caso você jamais tenha lido Lutero, este é o lugar perfeito para se começar. A obra destrói grande parte das falas inchadas e pomposas, das baboseiras beatas e de discursos ocos e pretensiosos que cercam os maiores teólogos."

 Sinopse da Editora:
"Esta é uma obra significativa que representa uma excelente oportunidade de aprofundamento nos estudos sobre cosmovisão a partir de uma perspectiva biblicamente orientada.
Sire amplia e aprofunda sua análise (presente em O Universo ao Lado) sobre os elementos constitutivos de uma visão de mundo pessoal, atribuindo lugar de importância central às instâncias pré-teóricas e às funções pré-discursivas em sua formação e em seu processo de compartilhamento. Sua redefinição de cosmovisão resgata a importância central que a dimensão ou instância espiritual do nosso ser (o coração) desempenha na maneira como interpretamos a realidade ao nosso redor e na maneira como agimos nela.
Esta é uma obra significativa que representa uma excelente oportunidade de aprofundamento nos estudos sobre cosmovisão a partir de uma perspectiva biblicamente orientada."

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Para participar, siga as instruções abaixo. É simples, fácil e rápido.
Não se esqueça de que as inscrições serão recebidas até o dia 12 de Março

Participe agora mesmo do sorteio:
“Conversas à mesa de Lutero” de Martinho Lutero
“Dando nome ao elefante: cosmovisão como um conceito” de James Sire
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Conheça os livros:
https://editoramonergismo.com.br/…/conversas-a-mesa-de-lute…
https://editoramonergismo.com.br/pro…/dando-nome-ao-elefante
Resultado em 13 de março 2018
Serão dois contemplados, cada um com um livro.
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- Editora Monergismo

Soli Deo Gloria!!!

08 março 2018

Sermão em Tiago 4.7-8: Ao invés de encontrá-lo, é Cristo quem o achará! - Parte 3




Jorge F. Isah





“Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações.”



INTRODUÇÃO

- Depois de meditarmos por duas quartas-feiras, neste trecho de Tiago 4.7-8, terminaremos hoje este estudo. 

- Se analisamos anteriormente a condição humana, pós-queda, de pecadores, sem distinção; as formas como o pecado se instala em nossas vidas; a necessidade do homem natural conhecer a Cristo; a necessidade de tê-lo como Senhor e Salvador; a escravidão que impomos, a nós mesmos, ao negarmos o Evangelho, vivendo uma existência à margem de Deus e sua vontade; a dicotomia entre religiosidade e secularismo, e outras questões, hoje focaremos na parte prática, de como resistir ao diabo e às tentações. 

- Diante de um novo pecado, ou de um pecado recorrente, como o cristão deve agir? Será possível resistir a ele, como Tiago nos diz? Será que nesses momentos há chance de nos aproximarmos de Deus, e assim mantermos a distância segura do pecado? 

- A tudo o que a Bíblia nos revela, e pelo exemplo do nosso Senhor, a única saída, ou solução para o dilema do pecado, é nos agarrar a Deus e à sua palavra, para nos manter protegidos do inimigo, seja nós mesmos, seja o diabo. 

- O Senhor nos mostra como proceder diante das investidas interiores ou exteriores do pecado. 

- Para tanto, vamos analisar uma passagem bastante conhecida de todos, a tentação do Senhor Jesus, por satanás, no deserto. Ela encontra-se em Lucas 4.1-13. 

Antes de prosseguirmos, faça uma leitura completa do trecho. 



O EXEMPLO A SEGUIR

- A seguir, analisaremos alguns pontos que destaquei no texto bíblico, que aparecerá destacado em itálico e na cor azul:

"E Jesus, cheio do Espírito Santo..." 

- O primeiro ponto a se ressaltar é a afirmação de Lucas: Jesus estava cheio do Espírito Santo. 

- Não podemos enfrentar as tentações e investidas do inimigo por nós mesmos, sem a blindagem do Espírito. É ele quem nos fortalece, conforta, e nos capacita a resistir. Com isso, não estou dizendo que não exista o fator humano; a vontade humana deve estar em harmonia com a vontade divina, de tal forma que aquela seja submissa a esta, e ambas estejam concordes. A santidade é a essência divina entregue ao homem como condição, a condição de ser ele Senhor do homem). 

- Não quero entrar nos detalhes sobre a soberania de Deus, mas faz-se necessário citar que o seu governo não opera exclusivamente sobre os crentes, porque Deus rege e governa soberanamente sobre tudo e todos, cristãos e ímpios, bons e maus, justos e injustos; não existe esfera no tempo e lugar onde a sua vontade não esteja manifesta, especialmente sobre os homens. 

- A diferença é que o crente terá a sua vontade moldada à de Cristo, no sentido em que o Espírito do Senhor abrirá mente e olhos para vislumbrarmos a verdade, desejando-a, ansiando-a; enquanto o ímpio se rebelará contra Deus, mesmo quando estiver em cumprimento ao seu decreto. Ou seja, mesmo fazendo a vontade de Deus, cumprindo um ou outro dos seus preceitos, estará em rebeldia, em desobediência, pois jamais reconhecerá a fonte da bondade como sendo Deus, jamais dará graças a ele por tê-lo movido ao bem. Ele considerará que os seus atos são frutos exclusivos dele próprio, oriundos do seu interior, como algo inerente a si. O que acabará levando-o a, mais hora, menos hora, negar completamente o Senhor como fonte necessária e primária do bem, da bondade e do amor verdadeiro. 

- Como está escrito, em um contexto em que somos exortados a não nos entregarmos aos desejos e prazeres carnais, mas a nos encher do Espírito, Paulo alerta: 

“Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;
Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;
Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo;

- E

“Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. [Rm 8.9] 


Retornando ao texto em Lucas... 

"...voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto;

E quarenta dias foi tentado pelo diabo..." 


- Qual de nós suportaria tamanha tentação? Por tanto tempo? Por 40 dias o Senhor foi tentado. Não foi apenas em um momento ou instante. Lucas nos revela apenas três momentos em que satanás tenta o Senhor, para nos mostrar a realidade que nos cerca, e a necessidade de descansarmos e buscarmos refúgio naquele que foi o único capaz de, por si mesmo, resistir e derrotar o inimigo. 

- Não nos enganemos, sem estarmos firmados na Rocha, sustentados pelo seu Espírito, seremos sempre presas fáceis, e acabaremos por fazer o que não queremos, e querendo o que não somos capazes de realizar. 


"... e naqueles dias não comeu coisa alguma; e, terminados eles, teve fome..." 

- A fome é um desejo, e, portanto, um instinto. Os desejos podem dominar e escravizar o corpo e a alma, e muitos estão presos a ele, sujeitando-se irracionalmente, como os animais o fazem, sem sabedoria, temor e santidade. 

- Cristo sentiu fome, mas, como veremos, esse desejo não o dominou, não o fez “perder a cabeça”, muito menos entregar-se à tentação. 

"...E disse-lhe o diabo: Se tu és o Filho de Deus, dize a esta pedra que se transforme em pão.

E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus..."

- O Senhor usou a Escritura para refutar e combater Satanás. Se quisesse, Cristo poderia destruí-lo, naquele mesmo momento. Mas ele agiu não com o seu Todo-Poder, mas deixou que o diabo provasse da sua sabedoria, domínio próprio e santidade. Mesmo tendo já 40 dias sem comer, debilitado física e mentalmente, ele resistiu, não se curvou ao seu abatimento, mas, fortalecido pelo Espírito, e em consciência santa e pura, contra-atacou a mentira diabólica com a verdade divina: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus”. 

- Cristo não somente citou as Escrituras, como que da boca para fora, mas ele não somente a disse, mas colocou-a em prática negando atender o pedido de Satanás. Não foi apenas uma vitória argumentativa, retórica, de quem expôs com mais precisão o seu raciocínio, ou apresentou uma objeção mais elaborada intelectualmente; mas a própria realização da palavra na vida de Jesus, pois ele vivia plenamente essa verdade. 

- De certa forma, ela o alimentava e o fortificava, o encorajava, robustecendo-o e mantendo-o firme no propósito de não ceder ou cair nas armadilhas preparadas por satanás. 

- Interessante notar que Cristo é chamado nas Escrituras tanto de o “Pão da Vida”, de “a Verdade”, bem como de “Logos, Verbo ou Palavra”. Dele procede a vida; ele a sustenta; por meio da sua palavra. 

- Naquele momento, a justificativa satânica, a tentação, foi derrotada, aniquilada, pela palavra de Deus; não somente por ela, mas pelos efeitos que ela produzia diariamente na vida do Senhor. 

- Ele era a palavra, e vivia por sua palavra. 


"... E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo.

E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória; porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero.
Portanto, se tu me adorares, tudo será teu.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te para trás de mim, Satanás; porque está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás.
Levou-o também a Jerusalém, e pô-lo sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
Porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem,
E que te sustenham nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra..."


- Interessante notar que o diabo se utilizava de trechos bíblicos, mas tirando-os do contexto, a fim de satisfazer os seus intentos, de enganar e levar o seu interlocutor à queda, ao pecado. Ele agiu de má-fé, subvertendo a palavra com o fim de corromper o nosso Senhor. 

- Não é assim que agem, muitas vezes, pessoas que se dizem “profetas de Deus”? Ao distorcerem a Escritura e movê-la para um lugar tenebroso, corrompendo-a, a fim de salvaguardar os seus interesses e desejos? Usando-a ilegitimamente para satisfazer os seus corações impuros e doentios, subvertendo a vontade divina em favor da vontade e ganho pessoal? Seja na forma de poder, dinheiro, controle, publicidade, que é a forma mais virulenta de idolatria? 

- Foi o diabo o primeiro a mentir, ainda no Éden. E ele é um expert em manipular e fazer a mentira se parecer com a verdade. Por isso, ele não mente descaradamente, mas forja os seus princípios e argumentos a partir da verdade, como uma “meia-verdade”, com o propósito último de instalar o engano e a farsa, destruindo vidas e levando-as à condenação e ao Inferno. 

- Por três vezes, ele usou do mesmo artifício. Por quarenta dias ele tentou o Senhor. Revelando que ele é obstinado e persistente, enquanto muitos de nós desfalecemos logo no primeiro momento, na primeira investida; somos seduzidos e levados ao pecado com a facilidade com que se rouba um pirulito de uma criança. 

"... E Jesus, respondendo, disse-lhe: Dito está: Não tentarás ao Senhor teu Deus.
E, acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele por algum tempo."


- Parece que o Senhor foi tentado outras vezes, pelo inimigo, é o que Lucas diz, ao afirmar que “ausentou-se dele por algum tempo”. Este relato não foi o único momento em que Cristo foi tentado. Havia uma investida constante e persistente do diabo para destruí-lo; revelando mais uma vez a sua obstinação em aniquilar e levar o homem aos caminhos de morte (que são muitos, mas quase sempre os mesmos). 

- Entretanto, Cristo manteve-se firme, no propósito de não ceder ou se entregar às artimanhas diabólicas. Manteve intacta a sua santidade, resistindo, de forma que não restou a satanás outra coisa senão fugiu dele. 



OLHANDO A SI MESMO MAIS DE PERTO

- Vou reforçar alguns pontos já mencionados: 

- Muitas vezes, estamos mais preocupados em apontar o cisco no olho alheio ao invés de nos preocupar com a trave que nos cega e impede de ver a verdade. Porque é sempre mais fácil e cômodo vislumbrar o erro no próximo (o que satisfaz, em maior ou menor grau, o nosso bem-estar, a ideia de que, tratando do problema de outro, estarei livre e desobrigado de tratar do meu próprio problema; superlativizando o pecado alheio, enquanto se minimiza o próprio) do que vê-lo, detectá-lo, em nós mesmos. 

- Algo interessante no trecho, é notar que o assédio do diabo ao Cristo não se deu de uma única vez, mas no decorrer de quarenta dias. O texto afirma que esse foi o tempo em que Satanás tentou, por todas as maneiras, corromper a Jesus. 

- O qual estava sem comer por igual período. Ou seja, mesmo com o corpo forte e debilitado, Cristo manteve-se forte, sustentando a sua santidade, no Espírito. 

- Mesmo diante do apelo sedutor do diabo, para que fosse servido pelos anjos e comesse, Jesus se manteve inflexível. E sempre tinha como resposta a palavra de Deus. De certa forma, ela o alimentava e o fortificava, o encorajava, robustecendo-o e mantendo-o firme no propósito de não ceder, ou cair, nas armadilhas preparadas por satanás. 

- Tal qual o Senhor, devemos estar munidos e preparados para as investidas exteriores do diabo e seus servos, mas, também, para o velho homem, agonizante e moribundo, não se reerga e levante do seu túmulo. 

- A cada novo dia faz-se necessário matar o velho homem (a fim de que ele não se levante como um zumbi); mantê-lo confinado em sua sepultura, e não vir nos assombrar, sobretudo com a descrença de que, por sermos fracos e ainda não completamente santificados, seja natural ceder às tentações, e de que isso não afeta a nossa comunhão com Deus, nem nos inabilita para o seu reino. 

- A verdade é que, se temos o pecado por algo corriqueiro, e ele não nos causa repulsa, nojo e vergonha, certamente já somos inaptos para uma vida no Reino de Cristo. Devemos, então, clamar para que ele nos transforme, regenere, restaure-nos, convertendo-nos a Deus. Se o pecado não nos aflige e incomoda, a visão do inferno, e da ira de Deus, deve ser o motivo para nos fazer implorar pelo perdão e pelo derramar da graça e misericórdia em nossas vidas. 

- O exemplo de Cristo mostra que é possível, não somente na eternidade, mas também agora, neste exato momento, vencer o pecado, e não cair nas ciladas do diabo. 



CONCLUSÃO

- Não estamos abandonados. Os filhos de Deus estão sempre diante dele, sendo auxiliados, capacitados, movidos à obediência e ao serviço do Rei e do seu reino. 

- Eventualmente, podemos cair em pecados, seduzidos pela natureza pecaminosa que ainda habita em nós, ou pelas artimanhas diabólicas. Mas isso não é um cheque em branco que nos garanta uma vida ímpia, de prazeres mundanos, e ainda nos leve à eternidade com Deus. 

- Mesmo sendo filhos rebeldes, vez ou outra, temos a garantia de que o Pai nos disciplinará, e, pedagogicamente, revelará o caminho de vida no qual devemos prosseguir, tal qual nos é dito em Hebreus: 

"Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho.
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?
Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos."


- Então, reconheçamos a nossa filiação (lembre-se, não somos bastardos se aceitamos a disciplina e a correção divina), e resistamos até o sangue, nos aproximando diariamente daquele que não somente nos livrou do inferno e da condenação, mas nos garantiu um lugar especial ao seu lado, para sempre! 

- Nos acheguemos a Deus, e o diabo, o mal e nós mesmos (o homem natural) se afastarão. Quanto mais o Senhor for presente em nosso dia a dia, mais ela se encherá de graça, de vida, de santidade; separados que fomos para ele. 

- O bom Deus nos guie no cumprimento da sua vontade, e que ela seja também a nossa vontade: sermos santos, como santo é o seu Filho Amado!


Notas: 1- Sermão ministrado no Tabernáculo Batista Bíblico.
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