22 janeiro 2017

Para onde vão as almas dos infantes?



JORGE F. ISAH


Esta é uma resposta difícil de dar, especialmente porque a Bíblia pouco ou quase nada diz sobre o assunto diretamente, o qual há séculos intriga e inquieta muitos cristãos. Por isso, não estou aqui para colocar uma pedra sobre ele dando uma solução infalível, ou abandonando-o; pelo contrário, acho que revolvê-lo-ei um pouco mais.
Primeiro, acreditamos que todos, sem exceção, têm uma alma e de que nela encontram-se o nosso intelecto, emoções, sentimentos, razão e vontade, sendo a nossa parte imaterial, contudo, ligada inexoravelmente à parte material, o corpo. É o que a Escritura nos diz quando Deus criou "o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente" [Gn 2.7]. Isso nos leva a pensar na completude do homem e de que ele somente pode ser analisado por inteiro, sem menosprezar, como faziam os gnósticos, o corpo, na qual consideravam estar a alma "aprisionada" e de que somente separado dele seria livre [essa doutrina parte da dicotomia defendida por Platão, segundo o qual a realidade se dividiria em dois mundos, o dos sentidos, transitório e imperfeito, e das ideias, eterno e perfeito]. Esse é um disparate, ainda que possa, do ponto de vista filosófico, ser considerado engenhoso, por aparentemente solucionar o problema do mal e do pecado. Porém, se atermos ao fato de que os desejos e a vontade estão diretamente ligados ao intelecto [o que é-se discutível, visto, por exemplo, a fome e a sede procederem do corpo para a mente,  e dela retornar ao corpo para satisfazê-la; estando aí a inseparabilidade corpo/alma de que falei, uma unidade, onde os vários aspectos que movem o homem são indissociados], em princípio, o mal e o pecado originar-se-iam na alma e não no corpo. Mas este não é o foco do presente estudo, mas afirmar, conforme o ensino bíblico, que o homem tem uma alma.
O segundo ponto é: quando a alma se une ao corpo? Acreditamos que isso acontece na concepção, e a Bíblia nos apresenta várias evidências nesse sentido, por exemplo, Deus diz que santificou Jeremias "antes que saísse da madre" [Jr 1.5], e Paulo diz agradou-se Deus de, desde o ventre, tê-lo separado, e chamado-o pela sua graça [Gl 1.15]. Há ainda o fato de João o Batista ter saltado de alegria no ventre de sua mãe, Izabel, com a proximidade de Jesus que ainda estava no ventre de Maria [Lc 1.41-44]. Temos que, uma criancinha, ainda no útero, se alegrou e saltou ao encontrar-se com o Messias, que motivou-lhe tamanha emoção. Esse é um dos relatos mais pungentes da Escritura, quando percebemos que um bebê ainda não nascido se regozijou, exultou-se, ao encontrar-se com seu Senhor que, também, não havia ainda nascido. É uma passagem emblemática revelando não somente o fulgor de Cristo mas a sua divina imagem de, mesmo no útero, provocar o êxtase a outro nas mesmas condições, também ainda não nascido. Há ainda o fato de João o Batista ser seis meses mais velho do que Jesus [Lc 1.24-25;36-38], e ao visitar a sua prima, Maria ficou com ela três meses, vindo João nascer depois de sua partida, o que nos leva a concluir que Jesus havia sido concebido havia poucas semanas [menos de um mês]. Se Cristo é humanamente igual a nós, à exceção do pecado, embriões e fetos já têm em si a alma na qual está a identidade, o que os faz ser o que são. Bastaria somente essa passagem maravilhosamente sublime para que muitos cristãos se convenção da pecaminosidade do aborto e de sua origem maligna.
Partimos então para o terceiro ponto, que é a condição imortal da alma. Mesmo diante da deterioração progressiva do corpo resultando na morte e na sua volta ao pó, a alma não morre, no sentido de ser destruída ou transformada em outra coisa, como uma espécie de energia a integrar-se a uma consciência cósmica universal, reivindicada por budistas e teosofistas, por exemplo.
A alma do salvo retorna para Deus, enquanto a alma do ímpio irá para o inferno [Lc 16.22-23]. Partimos então do princípio de que a alma é imortal, e de que somente aquela que crer em Cristo será salva [Jo 3.36]. Para mais informações sobre esta doutrina, leia e ouça as aulas ...
Então, para onde vai a alma do infante que morreu?
Há três vertentes mais difundidas entre os cristãos. A primeira é de que todas as crianças vão para o céu, baseada em Is 7.16 que fala de uma idade antes de que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, defendendo a tese de que há um período na infância em que a criança não é moralmente capaz de escolhas, não podendo ser-lhe imputado o pecado por conta da sua incapacidade, de ainda não ter atingido a "idade de responsabilidade". Outro trecho que parece corroborar essa ideia é aquele em que Davi, após a morte do seu primeiro filho com Bate-seba, diz que não teria como fazer a criança voltar, pois "eu irei a ela, porém ela não voltará para mim" [2Sm 12.23], demonstrando a convicção e certeza de que a encontraria na eternidade. Com isso, se diz que todas as crianças, desde que não tenham ainda a capacitação moral são puras como os anjos celestiais. Muitos até mesmo acreditam, literal e sincreticamente, que elas se tornarão em anjos após a morte. Mas, e quanto ao fato da criança, desde o ventre, ser pecadora e herdeira do pecado, como o próprio Davi afirmou, "eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe [Sl 51.5]? E, Paulo, ao dizer que "todos pecaram, e destituídos estão da glória de Deus"? [Rm 3.23], e ainda, "portanto, como por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram" [Rm 5.12]. Adão, no Éden, representava toda a raça humana formada por crianças e adultos, logo, quando ele caiu, todos nós caímos juntamente com ele. Ora, o próprio fato de bebês e crianças [e embriões e fetos] morrerem já é prova de que estão sob o efeito da natureza pecaminosa, já que a morte física é uma das consequências do pecado. E se todo pecador está morto espiritualmente diante de Deus, ele já se encontra em um estado de depravação natural, e, portanto, a alegada incapacidade moral de escolha do bem e rejeição do mal não se aplicaria para absolvê-lo. O mesmo acontece com aqueles que nasceram mentalmente incapazes, pois assim como aquelas também carregam em seus lombos a natureza pecaminosa, e ninguém tem direito à salvação pelo princípio da ignorância ou da  inocência, visto que todos são pecadores e são inescusáveis diante de Deus.
Outra hipótese defendida é a de que somente as crianças que viriam a crer iriam ao céu, de que, caso tivessem vivido, creriam em Cristo. Este ponto se baseia no fato de Deus conhecer o princípio e o fim de todas as coisas [Is 46.10], e de que ele conhece todas as possibilidades, mesmo as que não se realizarão, o que é verdade, mas o interessante é que ele não fala de possibilidades, de fatos possíveis mas não realizáveis, pelo contrário, o Senhor diz: "anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam, que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade". Ora, o Senhor não está a falar de hipóteses, mas de coisas que acontecerão e que ele já as conhece, pois são frutos da sua vontade. O que temos é a afirmação divina da sua soberania, de que nada escapa-lhe ou foge ao controle, e de que nenhuma folha cai da árvore sem que seja da sua vontade. Ele se revela como um Deus ativo, providente, onde não há passividade, nem de que as suas decisões serão tomadas por meio de suposições ou daquilo que não aconteceu nem acontecerá. A Bíblia é um livro de fatos, em que a realidade está presente constantemente, não cabendo esse tipo de conclusão a que alguns se entregam, como se Deus não fosse capaz de cobrar a cada um segundo aquilo que cada um fez, e de prover que ele o faça. A própria questão da responsabilidade se torna discutível nesse caso, pois como alguém que não teve a oportunidade de reconhecer Cristo como Senhor e Salvador pode ser condenado por presunção, ainda que divina? Ou ele é condenado porque já o é desde o ventre, ou ele ouvirá o Evangelho e se converterá, salvado-se. Veja bem, não estou dizendo que Deus não pode fazer algo, pois ele pode tudo. O que ele nunca será é incoerente e omisso, por isso a Escritura o revela como o Deus presente e ativo em todos os fatos e eventos. Portanto, parto do mesmo princípio de responsabilidade moral no qual os defensores dessa tese se fundamentam. Se a eleição e a predestinação não são justas, ao ver deles, por que a tese da vontade presumível ou atribuída seria? Onde há injustiça? Entre alguém que nasceu corrompido pelo pecado, morto para Deus, pecou deliberadamente e, eleito de Deus por sua graça e misericórdia, creu em Cristo como seu Senhor e Salvador? Ou aquele que nasceu corrompido mas não pode crer, e ainda assim foi salvo porque poderia vir a crer, quando não creu?
Há ainda a tese de que o batismo infantil é capaz de limpar o infante de seus pecados. Por isso a urgência de se fazê-lo o mais rapidamente possível após o nascimento, como um testemunho de fé dos pais e padrinhos, mas também como redentor da pequena alma. E, no caso das crianças abortadas, e dos que nasceram mas não foram batizados? Tem-se a crença de que existe um "limbo" onde elas ali passarão e serão purificadas pelas orações e encomendas da sua alma, de um lugar de passagem para um lugar definitivo no reino dos céus. A verdade é que nada disso é bíblico ou tem respaldo bíblico. Há, como no caso dos defensores da responsabilidade atribuída, uma presunção, uma alegação hipotética para se induzir uma falsa doutrina, no primeiro caso, de que Deus não é soberano, no segundo caso, de que a igreja detém uma autoridade que não lhe é devida, a de purificar e limpar os pecados através de um rito sacramental.  Alguém pode considerar que estou sendo excessivamente duro, e de que o meu argumento é simplista e reducionista demais ao rejeitar as três hipóteses. Mas penso que, primeiro, ele deve explicar em quê o meu raciocínio está equivocado, e se a conclusão lógica ao que eles propõem não é a mesma em que cheguei; e em que eles estão corretos.
O problema maior é que acaba-se por criar vias diferentes de salvação que não seja exclusivamente pelo sangue de Cristo derramado na cruz do Calvário. O que estão a propor é que há outra[s] forma[s] do homem, criança ou adulto, assegurar-se no céu. Mas o certo é que a Bíblia é clara em nos mostrar que apenas pela obra de expiação, substituição e justificação o homem pode ser salvo. Acrescente-se a obra de santificação pelo Espírito Santo. Sem isso, nada pode ser feito, e a alma perecerá no inferno. O que eles querem é, via de regra, tirar a glória de Deus e transportá-la, ainda que parcialmente, ao homem, seja em seu caráter individual ou coletivo como igreja. Contudo, não se tem respaldo bíblico para nenhuma dessas vertentes doutrinárias apresentadas. Então, para onde vão as crianças? perguntaria o impaciente interlocutor imaginário.
Pois a minha resposta é: apenas o eleito, regenerado e lavado no sangue de Cristo, salva-se. Com isso quero dizer que todas as crianças são eleitas? Ou há crianças eleitas e que passarão a eternidade no céu, e não eleitas que passarão a eternidade no inferno?
Apenas naquele dia, em que tudo nos será revelado, saberemos todas as respostas, inclusive a estas perguntas. 


Nota: 1- Os que acreditam que é possível haver crianças não eleitas que morrem na infância, entendem que a expressão se refere também ao modo como as crianças que morrem na infância são salvas, mas limitando o número dessas crianças apenas às eleitas. Assim, a Confissão de Fé estaria ensinando que “as crianças que morrem na infância, se forem eleitas, são regeneradas e salvas por Cristo.” É como interpreta G. I. Williamson, quando afirma: “Esta parte da Confissão ensina:
1) que há alguns seres humanos ‘que são incapazes de ser exteriormente chamados pelo ministério da palavra,’ 
2) que esses tais podem ser eleitos, e 
3) que nesses casos o Espírito opera quando, onde e como quer.”. 
A seguir declara, referindo-se ainda à  Confissão de Westminster:
'Ela apenas diz “crianças eleitas, que morrem na infância,” sem especular quantas dessas pessoas, muitas ou poucas, possa haver. E o mesmo é verdade com respeito a “todas as outras pessoas incapazes de ser exteriormente e chamadas pelo ministério da palavra.” Pode-se supor que sejam muito poucas em número, ou muitas. O ponto importante é que, desde que a Escritura não o diz, não podemos nem ousamos dizer também. Entendemos que este último é o modo correto de interpretar o texto confessional.'

25 dezembro 2016

Sermão em João 1.1: "Sem Cristo não há Deus!"¹




Jorge F. Isah



 


A)         INTRODUÇÃO: 

-      Hoje é Natal!
-      Uma festa comemorada em quase todo o mundo, por quase todas as pessoas.
-      Há uma grande mobilização na compra de presents, comidas, bebidas, e todos parecem se alegrar além do normal.
-      Há expectativas de se reunir toda a família, os amigos, e celebrarem o Natal.
-      O espocar de foquetes começa já nas primeiras horas, prolonga por todo o dia e se intensifica à noite. A noite de Natal.
-      Mas, o que estamos celebrando? O que comemoramos?
-      Quando ligamos a TV ou o radio, abrimos os jornais, vemos, ouvimos e lemos sobre qual assunto?
-      Normalmente a palavra mágica é paz. Outra associada a ela é amor. Felicidade. União.
-      Fala-se das consequências sem se tocar na causa. Falamos de coisas que desejamos sem ter mesmo o ímpeto de experimentá-la, ou, quando muito, não sabemos como alcançá-la.
-      Paz e amor são, em nossos dias, um mantra, um slogan que pouco ou nada quer dizer, porque o homem moderno se esqueceu do que ela seja ou a confundiu .
-      Na verdade, no Natal ou Natividade, comemora-se o nascimento do Filho de Deus, Jesus Cristo.
-      Porém, muito poucas pessoas compreendem o real sentido disso.
-      Parece haver um desejo quase universal de se esquecê-lo, de negligênciá-lo, de apagá-lo da história, pois o que era uma festa redentiva, para se comemorar o nascimento do Salvador e Redentor, tornou-se uma simples tradição sem significado ou com outros significados: comer, beber, reunir a família uma vez por ano para mais uma comemoração, como se o Natal tivesse surgido dessa necessidade.
-      Em nosso país, que é considerado uma nação cristã, as festividades do dia 25 de Dezembro estão muito mais próximas da consumação dos prazeres carnais do que da alegria e gratidão pela vinda do Messias.
-      Por que não se fala da encarnação do Verbo?
-      Se até a História é dividida em antes (AC) e depois de Cristo (DC), por que ele tem sido excluído da sua própria festa?
-      E, quem é o Cristo?

B)         QUEM É JESUS PARA O MUNDO?

-      Para alguns, uma lenda; apesar de tantos escritos, citações em documentos históricos, além da própria Bíblia, que provam a existência de Cristo, como a personalidade mais extensamente pesquisada da História.
-      Outros o consideram apenas um homem, um homem especial, iluminando, um profeta, mas nada além disso.
-      Mas existem aqueles que não somente não creem nele, mas o odeiam com o mais profundo das suas almas, por tudo o que ele representa: justiça, santidade, perfeição, amor, obediência, humilhação, sacrifício, morte.
-      Chegam a blasfemar que, se ele existiu, é um fracassado.
-      São muitos os questionamentos do mundo; e eu mesmo os fiz em meus tempos de incredulidade, Quando ainda não conhecia o meu Senhor.
-      Certa vez, alguém me perguntou: “Você acredita em Deus?” Ao que respondi: “Sim, acredito. Mas é ele lá e eu cá! Não me meto na vida dele, nem ele se mete na minha!”.
-      Bem, eu poderia ser chamado de ignorante, estúpido, idiota, tolo, ou até de coisas piores. Contudo, em minha arrogância e presunção, eu me considerava sábio, um entendido, e achava, de alguma maneira que estava fazendo o certo, e que Deus não se importaria.
-      Cristo era, para mim à época, um personagem, uma celebridade, como Napoleão, Júlio César, Newton, Shakespeare ou Platão. Não era alguém que eu tinha intimidade, compreendesse ou conhecesse.
-      Assim como eu, muitos loucos, insanos e doentes, se consideram sábios, espertos, inteligentes. A blasfêmia somente pode ser perdoada por aquele que foi alvo dela. Eu não posso me perdoar, absolver-me do que fiz e disse; mas, pelo sangue de Cristo derramado na cruz, e diante do meu sincero arrependimento, aproxima-me do Pai e lhe rogo perdão, e sou perdoado.
-      Mas não é o que as pessoas fazem, elas zombam do Senhor. Grupos como “porta-dos-fundos” (um nome bastante significativo para uma porcaria) e outros especializaram-se em escarnecer, ridicularizar, ofender a Deus e ao seu povo.
-      O mundo acredita que pode blasfemar e zombar de Deus impunemente, mas sabemos que não.
-      Em Gálatas 6. 7-8, Paulo nos diz:
Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.
Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.”


- O mundo, na verdade, odeia a Cristo; para ele, Jesus é um estorvo. Por isso, não é raro se ver, em muitos lugares e cidades, a proibição de se comemorar o Natal. Porque o objetivo é esquecê-lo, apagá-lo.

- Portanto, irmãos, não se iluda, estamos em uma guerra: a Igreja do Senhor contra o mundo (e aqui o sentido de “mundo” são o diabo, os demônios, e aqueles que o servem, numa busca incessante pela realização do mal, pelo fim do bem; para que não sejam incomodados em sua escuridão, e a luz a dissipe). Ou não foi o que o próprio Jesus disse?

“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.
[Mt 15.7-9]



C)          QUEM É JESUS PARA A IGREJA?


- João 1.1-5:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.


- O apóstolo João nos dá a certeza de que Cristo, o Verbo, é Deus.

- Ele sempre existiu, pois o sentido de “princípio” é eternidade; ou seja, ele é eterno, e sempre esteve com o Pai e o Espírito Santo.

- Mas também de que antes de tudo vir a ser criado, antes do tempo, ele, o Filho de Deus, foi quem, pelo poder de sua palavra, criou todas as coisas, e sustentou-as, e mantém-nas, pelo seu poder e glória.

- Sem ele, nada do que foi feito se fez.

- Vamos dar uma olhada em Gênesis 1.1 (temos o relato da criação):

No princípio criou Deus o céu e a terra”



-      Ora, o profeta Moisés escreveu, no primeiro versículo da Bíblia, o mesmo que João escreveria quase 2.000 depois: Cristo é Deus, e criou todas as coisas.

-      Portanto, irmãos, temos expressamente declarado, nas Escrituras, que Jesus Cristo é 100% Deus.

-      Mas e a sua humanidade?

-      Em Isaias 9.6-7, lemos:

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.”

Em Mateus 1:18-25:

“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco.
E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.”


- Tanto o profeta como o apóstolo confirmam a mesma sentença espalhada por toda a Bíblia: Jesus é 100% homem [Ele teve fome e sede, chorou, se emocionou, orou, foi tocado, sentiu dores e morreu].

- Então, para nós, igreja, Cristo é o Deus-homem, o Salvador, o Redentor, aquele através do qual todo o que se arrepende dos seus pecados, tem-nos perdoado, e Cristo nos reconciliou com o Pai, pelo seu infinito amor, de se entregar a si mesmo na cruz para nos resgatar (tomar de volta) da condenação, do inferno, mas sobretudo, da inimizade com Deus. E por ele, temos paz, conhecemos a verdade, amamos e somos amados.



D) A GLÓRIA DE CRISTO


“E seis dias depois Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles; E as suas vestes tornaram- se resplandecentes, extremamente brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra as poderia branquear. E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus.
E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, é bom que estejamos aqui; e façamos três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias. Pois não sabia o que dizia, porque estavam assombrados. E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi.
E, tendo olhado em redor, ninguém mais viram, senão só Jesus com eles.” [Mc 9.2-8]



- Veja bem, Cristo fez muitos milagres e feitos: andou sobre as ondas do mar, curou coxos, cegos, paralíticos, expulsou demônios, ressuscitou homens, multiplicou pães e peixes, mas nada impressionou mais os apóstolos do que a sua glória.

- Assim como Moises viu a glória de Deus, no monte Sinai, agora os apóstolos viram a mesma glória, no alto de um monte, e Moisés junto. A semelhança desses dois relatos é imensa, e serve para nos mostrar aquilo que está por vir, e veremos na eternidade.

Pedro pede para que sejam feitos tabernáculos para o Senhor, Moisés e Elias.

- Marcos descreve que eles estavam assombrados [ aqui a palavra significa atônito, admirado, surpreendido, maravilhado].

- Fico a imaginar o espanto e admiração dos apóstolos diante de algo tão singular, algo que suplantava todos os feitos do Senhor Jesus, mesmo sendo estes de tremendo assombro.

- A glória de Cristo deixou-os boquiabertos, em êxtase.

- Esta glória é a glória que veremos na eternidade; pois a glória de Cristo é a glória de Deus, e aprouve ao Pai e ao Espírito Santo serem glorificados pelo Filho.

- Meus irmãos, enquanto Cristo esteve neste mundo, ele se despiu da sua glória, não a glória que ele tem inerente a si mesmo, mas ao se humilhar e assumir a forma humana; mesmo assim, o apóstolo nos diz que ele é a imagem completa e perfeita do Deus invisível [Col 1.15-16]. Porque

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.” [Jo 1.18]


- Em outras palavras, os feitos e realizações do Senhor são consequências do seu ser, mas a glória é algo inerente a ele, é o que ele é e sempre foi.

- Ao ponto em que os apóstolos, especialmente Pedro, não soube o que falar, absorto e envolvido pela glória do Filho.



E) QUEM É JESUS PARA O PECADOR?


- O que todos nós temos em comum? O pecado.

- Não importa quantos ou como foram cometidos, o certo é que todo homem carrega em si o germe do pecado, e ele cresce e produz frutos de destruição, para nós e para os outras pessoas.

- Mas há outra coisa que também temos em comum? Sabe o que é? O perdão!

- Cristo chamou um a um de nós para nos reconciliarmos consigo, e, assim, somos perdoados, e apagada é a nossa culpa. Não importa o que eu tenha feito, se mentido, se furtado, se matado, não importa o pecado, mas Cristo veio para me resgatar do lamaçal de morte para me levar ao seu Reino de graça e de vida.

- A mancha que carregávamos e não podia ser tirada, Cristo a arrancou e lançou-a fora, tornando-nos em limpos e santos.

- Recentemente o pastor Luiz pregou em 1 João 1.5-9. Vamos até o trecho:

“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.”

- Ler o trecho de Marcos 2.1-12, em que Jesus perdoa um paralítico e o cura.



F) QUEM É JESUS PARA VOCÊ?


- Resta uma última pergunta: Quem é Jesus para você?

- A Bíblia nos diz que ele é Senhor e Salvador, mas também Juiz.

- Como vimos no trecho anterior, ele é aquele que nos inocentou com o seu próprio sangue. Por isso, a certeza da absolvição, pois não foi por mérito nenhum nosso, mas exclusivamente pelos méritos de Cristo que fomos salvos e inocentados.

- Ao levar sobre si as nossas culpas, elas foram irremediável e eternamente pagas por ele, com a sua dor, humilhação, sangue derramado e morte.

- Em Atos 17.30-31, lemos:
Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.”
- No caso do santos, aqueles por quem Cristo morreu, passarão da morte para a vida, pois os seus pecados foram pagos e perdoados.

- Mas aquele que não reconheceu Jesus como Senhor e Salvador, não tem intimidade com o seu Espírito, nem o serve com coração agradecido e submisso, esse será julgado por ele.

- E a Escritura nos diz que:

Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” [Hb 10.31]



Portanto, deixo a pergunta: Quem é Jesus para você? Senhor e Salvador ou Juiz?




G) CONCLUSÃO:



Por fim, irmãos, resta-nos saber se gastaremos as nossas vidas nas coisas transitórias deste mundo, e nos esquecemos das eternas e sublimes, negando a Cristo o lugar de honra em nosso coração, como Rei. Será que não o colocamos em um quartinho escuro e mal arejado, pequeno, onde podemos guarda-lo e esquecê-lo?
Resta, a cada um de nós avaliar se honramos e glorificamos verdadeiramente a Deus ou não. Se desejamos com todo o nosso ser ter comunhão com ele ou não. Se estamos dispostos a negar a nós mesmos e segui-lo ou não. Se podemos viver sem todos os prazeres e vantagens deste mundo, mas não suportamos ficar um mísero minuto sem comunhão com o seu Espírito. Se buscamos a vontade dele, fazê-la, ou nos ocupamos em satisfazer as nossas vontades e desejos.
Se Cristo não é tudo em nossas vidas, não temos nada, nem vida! E a única coisa que podemos esperar é a morte contínua, a prolongação da morte, pois já estamos mortos.
Pois não há outra forma ou maneira de Deus ser glorificado que não seja pelo Filho. Se você pensa que qualquer outra forma de louvor e adoração a Deus é possível, engana-se redondamente.
Sem o Filho, você não tem o Pai. Sem o Filho, você não receberá o Espírito Santo. Sem o Filho você estará terrivelmente perdido.
Mas com o Filho, as portas do céu se abrirão para você; e, para sempre, estará diante daquele que o amou muito antes de você o amar.
Cristo nos abençoe e nos faça viver e morrer para ele!



Notas: 1- O título “Sem Cristo não há Deus” não tem nada a ver com a suposta dependência das demais pessoas da Trindade para com Cristo, no sentido delas existirem por causa dele ou do seu poder. O título nos remete à condição humana, a qual, sem Cristo, nenhuma intimidade ou comunhão é possível com Deus. Sem Cristo, negando-o por completo, retirando a sua divindade ou humanidade, ou substituindo-o por um outro objeto de culto e adoração, não há a menor possibilidade ou chance de haver um relacionamento com Deus. Por isso, para o homem (e porque não para a humanidade), sem Cristo não há Deus, e qualquer tentativa de alcançá-lo será impossível.