07 outubro 2012

Aula 37 - Martírio: o testemunho cristão

Por Jorge Fernandes Isah



Façamos a leitura de alguns textos bíblicos:

- Mt 5.10-16;

- Filipenses 1.27-30

- 2Tm 2.8-13

- Rm 8.17

- 2Co 1.7

Na última aula, se não me engano, eu disse que a única certeza do crente era de que ele padeceria e sofreria neste mundo. Por isso selecionei alguns trechos que espero os irmãos leiam e meditem neles durante a semana.

1) Gostaria que os irmãos pensassem no que lemos. Qual a primeira coisa que lhes veio à mente?

2) Vivemos tempos de perseguição?

3) Algum dos irmãos pode dar um exemplo prático de como é ser perseguido neste mundo?

Vejam bem, o Cristianismo bíblico sempre foi atacado e perseguido em todos os tempos. Os primeiros quatro séculos da era cristã foram de perseguição e morte para a igreja. Muitos perderam a própria vida por amor a Cristo, pois era-lhes impossível negar aquele que os amou eternamente e entregou-se a si mesmo por eles na cruz. Era-lhes preferível a morte física do que rejeitar o Salvador e Senhor e a fé. Por isso, muitos foram sacrificados, e mesmo colocados como objeto de diversão nas arenas romanas. Famílias inteiras eram presas, perdiam seus bens e eram lançadas às feras: leões e gladiadores.

Há exemplos na Bíblia, desde o sacrifício do próprio Senhor Jesus, crucificado e morto injustamente, passando por:

- Estevão [At 7.54-60] [2],

- pela dispersão da igreja [At 8.1-4],

- por Tiago, irmão de João o evangelista, morto pelas mãos de Herodes Agripa [AT 12.2],

- a prisão de Pedro pelo mesmo Herodes Agripa [At 12.3-11].

O significado da palavra martírio [cujo sentido desconhecia, e surpreendi-me ao descobri-lo] vem do grego martýrion, que remete-nos ao testemunho.

Comumente se usa o termo martírio para explicar, em forma figurada, uma aflição, tortura, tribulação, dor. Quando vemos alguém sofrendo muito, seja por uma doença ou por problemas pessoais com filhos ou parentes, dizemos que a vida dele é um martírio. Mas o sentido original do termo não era este.

Na cruz, Cristo nos deu o seu testemunho. Sendo santo e justo, morreu pelos injustos e pecadores, apagando os nossos pecados e nos reconciliando com Deus. Então, tem o significado de alguém que, por sua morte, testemunha o amor por outrem ou é capaz de morrer no lugar de outro, a substituição vicária. Um adendo: é importante ressaltar que Cristo foi um homem sem pecados ou máculas, o homem perfeito que, como Filho, em tudo agradou e serviu ao Pai. Portanto, ele não levou sobre si nada além dos pecados daqueles que o Pai entregou em suas mãos, ele nos substituiu, tomou o nosso lugar, pagando o preço que nos era impossível pagar. Ali, ele testemunhou o amor pelo Pai e por aqueles que o Pai entregou em suas mãos, pagando o preço com o seu sangue; testificando também o amor e a fidelidade do Pai para com o seu povo, a aliança eterna que realizou conosco por intermédio do seu Filho Amado. Ele, em todos os sentidos, é um mártir, ao nos unir completa e eternamente ao Pai, uma união indissolúvel e perfeita.

No aspecto moderno do termo, todo homem é um mártir em potencial, pois a vida, em decorrência do pecado, trará mais aflições e tribulações ao homem quanto maior o seu  distanciamento de Deus, e, quanto mais distante mais o sofrimento se acentua... A separação de Deus testemunha o sofrimento e a angústia que a vida rebelde projeta na alma do homem, refletindo nele a realidade da qual tenta desesperadamente evitar, revelando a impotência que insiste em não ver mas que se revela evidente.


Porém, nós, que somos filhos de Deus, podemos experimentar a dor e o sofrimento e a angustia de maneira diferente, pois, ainda que sejamos tão humanos como os rebeldes, temos o refrigério e o consolo divinos através dos seu Espírito, que nos consola e conforta com maravilhosas promessas, mas também pelo martírio dos santos que, a despeito de toda a perseguição e sofrimento, foram capacitados a rejeitarem a si mesmos em favor da obediência ao Senhor, na certeza de que Deus, nos momentos mais difíceis, cuida e jamais abandona os seus filhos... O que nos remete, invariavelmente, à ordem de Cristo de segui-lo, tomando a nossa cruz e negando-nos a nós mesmos. 



Um exemplo, que sempre me chamou a atenção, foi o de Pedro. No livro de Atos, após a morte de Tiago, ele foi preso pelo rei Agripa, que pretendia martirizá-lo para satisfazer ao desejo homicida do povo de Israel. Contudo, maravilhosamente, sabendo que morreria no dia seguinte, Pedro, algemado entre dois soldados e com guardas à porta para escoltá-lo até o local da execução, dormiu tranquilamente, de forma que foi necessário o anjo do Senhor tocar na sua ilharga para acordá-lo.

Podemos imaginar o que Pedro pensava da sua condição?

E nós, como portaríamos em seu lugar?

Pedro estava disposto a se sacrificar, a testemunhar com a própria vida a vida que Cristo lhe dera. Interessante que no A.T. as ovelhas eram sacrificadas para anular os pecados do povo de Israel. O sacrifício de Cristo veio livrar-nos e apagar definitivamente os nossos pecados, trazendo para si um povo. E agora Pedro estava disposto a seguir o exemplo do Senhor e morrer em nome daquele que lhe dera perdão e vida. O martírio era um testemunho de que nada neste mundo poderia impedi-lo de servir ao seu Senhor.

Pedro deu-nos uma demonstração de fé, de que mesmo na morte é possível perder a vida para louvar e bendizer o nome do Senhor. Não foi isso o que o Senhor disse? Aquele que guardar a sua vida  perde-la-á, o que perdê-la ganha-la-á [Mt 16.25]. Pedro se importava com a sua vida apenas se ela servisse para a obra do Senhor, usá-la para louvor do seu nome santo; não havia outro motivo pelo qual guardá-la, e mesmo na morte ele não a perderia.

No ano 391 da era cristã, um monge chamado Telêmaco foi a Roma, após ter ouvido o chamado de Deus para ir até lá. Entrando na cidade, em dado momento, ele se viu cercado por uma turba de pessoas alvoroçadas, e impelido por elas, entrou no Coliseu onde se reiniciariam os jogos dos gladiadores. Constantino havia proibido a morte nas arenas setenta anos antes, mas o novo imperador, por pressão popular, decidiu legalizá-los novamente. Ao ver a fúria dos gladiadores lutando e matando-se mutuamente, o velho monge desceu as escadarias e entrou na arena se colocando entre os lutadores, dizendo: "Em nome de Cristo, parem!". A turba se enfureceu com ele e incitou os gladiadores a hostilizá-lo. Colocado de lado por um deles, ao ver a luta se reiniciar, colocou-se novamente entre os dois, e foi atingido mortalmente por um golpe de espada. A turba, até então ruidosa, calou-se. Em meio ao silêncio das 80.000 pessoas pode-se ainda ouvir o moribundo dizer: "Em nome de Cristo, parem!". Um a um os espectadores sairam em silêncio. Com a morte de Telêmaco, definitivamente os jogos de gladiadores foram extintos no Império Romano.

Hoje os testemunhos, com raras exceções, são meros discursos ou palavreado vazio e sem sentido, onde, na maioria das vezes, o que se diz é diametralmente oposto ao que se faz. Cristo viu isso em seu tempo entre os fariseus, os mestres de Israel. Ele disse ao povo para segui-los no que diziam, que era a própria revelação de Deus, mas jamais fazer ou agir como eles faziam e agiam. Utilizavam-se da retórica para, erroneamente, proclamar algo que vai muito além das palavras. Sabemos que sem a linguagem humana o Evangelho não seria proclamado. Mas, muitas vezes, o testemunho [e lembre-se que testemunho é sinônimo de martírio] falará muito mais do que um milhão de palavras. O testemunho de Cristo falou por si mesmo. Assim como os já citados.

Na teologia há um termo que se chama "ortopraxia", o qual refere-se à prática correta. É preciso aliar a teologia correta ou a crença correta [ortodoxia] com a prática correta. Penso que Tiago [Tg 2.18], ao se referir às obras mortas, falava exatamente disso, do discurso vazio que se acomoda intelectualmente mas não produz resultado prático ou os frutos aos quais o Senhor Jesus se referiu. E como toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e lançada no fogo eterno, assim será para os que têm o correto na mente mas não o aplicam no seu dia-a-dia. Eles enganam a si mesmos [Mt 7.15-20].

Então, gostaria de finalizar com um trecho da biografia do pr. William Carey. Em uma carta, escrita em 17.08.1831, escrita a Jabez Carey, quando estava em Serampore, Índia, ele disse:

"Hoje estou fazendo setenta anos, o que é um monumento à misericórdia e bondade divina, apesar de, numa revista de minha vida, eu encontrar muitas coisas pelas quais devia ser humilhado no pó. Meus pecados ostensivos e concretos são inumeráveis, minha negligência no trabalho do Senhor foi grande, não promovi sua causa nem busquei sua glória e honra como deveria. Apesar de tudo isso fui poupado até agora e ainda sou mantido em sua obra, queria ser mais consagrado ao seu serviço, mais santificado, praticando as virtudes cristãs e produzindo frutos de justiça, para louvor e honra do Salvador que deu sua vida em sacrifício pelo pecado".


Que cada um de nós seja capaz de testemunhar, até o sangue se preciso, a gratidão a Deus pelo amor infinito com que nos amou.
 
Notas: 1- Aula realizada na E.B.D. do Tabernáculo Batista Bíblico;
2- Este trecho, e algumas passagens não citadas no presente texto, encontra-se melhor explicado no áudio da aula;
3- Baixe o áudio desta aula em Aula 37.MP3

02 agosto 2012

MUNDO EM FILIGRANAS



































Por Jorge Fernandes Isah

Tenho que uma das coisas na qual os crentes mais negligenciam é a afirmação de Paulo: "Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" (Rm 8.7). Em outras palavras, Paulo está dizendo o que Tiago diz: "Não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tg 4.4).

Em nome da intelectualidade, tolerância, do politicamente correto, indolência, comodismo, pieguice, e de tantas outras desculpas esfarrapadas, a igreja tem mantido, infelizmente, uma íntima relação com o mundo. O que vale dizer que as trevas ocuparam o lugar que deveria ser da luz, sucumbindo à escuridão completa, na ilusão de que estão a favorecer ou colaborar com a luz. O mundanismo na igreja é como uma peste, um flagelo, uma maldição que se propaga como um vírus letal, o qual consumirá e afasta-la-á do seu propósito: a grande comissão, a obra de proclamação do Evangelho, e a consequente salvação de almas.

Muitos vão taxar-me de fundamentalista (no sentido de reacionário, retrógado, extremista, medieval), mas a própria palavra de Deus afirma que os crentes devem se considerar em constante guerra com o mundo, não se conformarem com ele (Rm 12.2), nem o amarem, pois ao que ama o mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.2). Logo, se você quer agradar a Deus sendo obediente aos seus mandamentos, terá de ser reacionário, inflexível, ortodoxo e extremista em defender e viver a Escritura, opondo-se ao pecado. Ou não somos de Deus? Ou não sabemos que o mundo está no maligno? (1Jo 5.10). Não há de se ser condescendente, nem manter-se em uma relação amigável, nem compartilhar qualquer tipo de interesses com aqueles que estão no mundo, os quais são filhos de satanás, e esforçam-se em compartilhar e promover os ideais, princípios e conceitos anti-evangelho de Cristo, que os levarão à morte definitiva, e a quem pactuar com eles. Ouça o que o Senhor nos diz: "Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo" (Jo 17.14), pois "Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia" (Jo 15.19); "Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim" (Jo 15.18). O que lhe parece? É possível se enganar? A sentença de Cristo deixa dúvida? Ou será que negligenciamos a Sua advertência fazendo-nos aliados do inimigo, julgando-nos amigos de Deus? "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro" (Mt 6.24). A maior tolice que o crente pode cometer é acreditar que o mundo será sincero, pacífico e justo; antes ele é igual ao seu mentor, o qual "foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira" (Jo 8.44), e "não vem senão a roubar, a matar, e a destruir" (Jo 10.10). Cuidado! Por certo é o que ele deseja ardentemente, e, insistente, não se furtará a usar de todos os meios para lançar-nos em definitivo no abismo.

E tudo o que estiver em disposição de resistir a qualquer dos preceitos bíblicos, os quais Deus decretou como o padrão de vida cristã, representará inimizade para com Ele, ainda que aparente insignificância, e faça-se inofensivo. Você ouve piadas imorais e ri? Não se importa em ser desleal? Nem de falar mal do colega de trabalho ou escola? Já olhou para alguém e sentiu-se superior a ele? Ou desprezou-o por não acompanhar o seu raciocínio?... Não estou a falar de prostituição, adultério, furto, vícios, assassinato, e coisas do gênero, mas dos valores cristãos mais elementares que são desprezados e combatidos diariamente, e pelos quais você não se importa. Falo dos filigranas, dos mais tênues desejos que dividimos com o mundo: orgulho, inveja, vaidade, cobiça, trapaças (que se acalentam de uma forma tão intensa e muitas vezes passam despercebidas), e mais, da sua ordem pedagógica de nos sujeitar ao fim por ele pretendido. O salmista nos adverte: "Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite" (Sl 1.1-2) . O que isso quer dizer? Que o crente não deve:

1) Ouvir o conselho do ímpio.

2) Deter-se em seu caminho, antes afastar-se dele. Se não for possível, deixá-lo passar a galope.

3) Assentar na roda dos escarnecedores, e assim, se fazer e agir como um zombeteiro. O alerta é evidente: manter a distância máxima de tudo o que se refere ao mundo, no sentido daquilo que o mundo tem, produz e doutrina como elementos que o levarão ao pecado e a desobediência. Porém, o crente deve ter prazer na Lei do Senhor, e nela meditar dia e noite, incessantemente. Este é o antídoto para não comungar com o mundo: o temor e reverência a Deus, o deleite e a alegria em se sujeitar à Sua vontade expressa claramente na Lei.

Para muitos é possível ser um crente sem amar a Lei de Deus; e, ultimamente, a igreja tem sido vítima (há casos em que é fomentadora) da idéia de que é possível servir a Cristo odiando a Lei. Mas como o Senhor pode concordar que alguém se intitule Seu filho se odeia e despreza aquilo que criou? É coerente? Não. E demonstra o quão pouco razoável e entendido é quem assim pensa e age à revelia da revelação divina, a qual nos diz que a Lei é espiritual (Rm 7.14), santa, justa e boa (Rm 7.12); o que não significa que seremos capazes de cumpri-la. Cristo fez isso por nós, para nos salvar (Gl 3.13). E a prova de que sou salvo é o amor à Lei (Sl 119.163), e desejar no íntimo cumpri-la, ainda que não o faça completamente. A minha alegria é obedecer a palavra de Deus, e a minha tristeza é não ser capaz de realizá-la, por isso a necessidade de arrepender-me e clamar o perdão divino.

Aparte:[Em Romanos 7, Paulo faz um verdadeiro tratado do domínio da lei sobre o homem. Ele fala de duas leis: a Lei santa e justa que revela o pecado, e pela qual Cristo morreu, e com Ele também morremos para o pecado; e a lei do pecado que "habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem... Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim" (Rm 7.17-18, 20). Ou seja, a Lei que revelou-me o pecado, pelo qual seria condenado, foi pregado na cruz do Calvário por Cristo, que cumpriu-a na carne por mim; o que me tornou livre da condenação da Lei, liberto do seu jugo. Contudo, deve-se anelar o desejo de observa-la, em sujeição à vontade de Deus, como Seu filho, o qual tem de ser santo como é santo o Pai celestial (Lv 20.26).

Por outro lado, o apóstolo aponta a incapacidade de se livrar completamente da lei do pecado, a qual serve-se da nossa carne. É o remanescente da nossa natureza corrupta em conflito com o Espírito que habita em nós, opondo-se um ao outro (Gl 5.17). Desta forma, se não reconheço o meu pecado, como me aceitarei pecador? E como buscarei em Deus a santidade e o perdão? Porém, alguns enganam-se a si mesmos dizendo que não têm pecado (1Jo 1.8), ou desprezam-no como algo irrelevante e, assim, poderiam achar que "tanto faz"; com o seguinte argumento: já que não se está livre do pecado, porque não pecar? Esse é um pensamento ímpio e que nada tem a ver com o legítimo propósito de Deus para os Seus filhos. Mesmo que não realizemos toda a Lei, devemos amá-la e desejar sinceramente obedecê-la, como a expressão da vontade divina aos eleitos] .

Claro que há posições divergentes. Muitos crêem que os cristãos poderão se apropriar daquilo que de bom a cultura, a ciência, a educação seculares podem nos oferecer. Creio ser isso evidente, pois somos beneficiados pela tecnologia, pela medicina, pelos avanços em todas as áreas do conhecimento humano, os quais acontecem apenas e somente pela graça e vontade de Deus. Não vejo o porquê de se rejeitar aquilo que o mundo realiza de bom, e que são dádivas do Criador para os homens (para todos os homens, porque Ele usará ímpios para abençoar os santos e vice-versa). Contudo, há de se ter uma separação do crente com as práticas que afrontam a Deus. Ambientes, programações e interesses que infringem a Lei Moral devem ser abominados e repelidos prontamente (bares, danceterias, e a maioria dos programas de tv, por exemplo).

Infelizmente, muitos cristãos têm se deixado seduzir pelos apelos do mundo e andando segundo o seu curso, segundo o espírito que opera a desobediência nos homens (Ef. 2.2); e, progressivamente têm permitido que o pecado entre em suas vidas e as consuma. O que acaba por transformar muitas igrejas em "parques de diversão" do diabo, onde ele se diverte zombando dos que o consideram inofensivo, dos incautos e estultos que são ludibriados pela perversão que há em seus corações, pela soberba dos seus ceticismos, ou das suas crendices.

Ao considerarem algumas práticas malignas como ingênuas, como fruto da "evolução cultural da humanidade", não se apercebem de que são dominados e tragados pela astúcia do prazer ilícito, pelo desejo obsceno, pela imoralidade e, anestesiados, têm suas mentes e corações cauterizados pelo pecado (a mente que deveria ser de Cristo, ainda continua sendo a mente governada pelo pecado, irregenerada), desprezam a Deus, ainda que tentem se convencer de que O servem, quando são escravos de si mesmos e do maligno.

A Bíblia alerta-nos a não descuidar com o pecado, o qual é sutil e malévolo, e quer sempre nos ver rebelar, nos ver insurgir contra Deus, o que, no final, será a nossa destruição.

E é assim que o mundo quer, que os filigranas sejam tecidos ao nosso redor e nos aprisionem, e, enfim, não restará mais nada além dos grilhões, e o Inferno.

Nota: Texto publicado originalmente em 22.05.2009, aqui mesmo. 

09 junho 2012

deus da lâmpada e o aladim mimado, de novo!

Por Jorge Fernandes Isah





Este foi um texto que o querido irmão, o pr. Rupert Teixeira, produziu, narrou e postou no Audível. Surpreendentemente, encontrei-o agora no Youtube, e gostei demais de mais essa produção made in New Jersey.

Agradeço a generosidade do pr. Rupert que, com o seu talento e dinamismo em idealizar e desenvolver maneiras de se difundir o Evangelho de Cristo, através da publicação de textos e produção de vídeos, tem sido um dos que tem resgatado e fortalecido a fé cristã bíblica.

Quanto a mim, não me sinto digno dessa honra, a qual somente foi possível pela bondade do irmão Rupert, a quem agradeço penhoradamente.

Porém, sabemos que nada disso aconteceria se não fosse o Cristo, no qual estamos unidos e nos amamos, porque ele nos uniu e amou primeiramente.

A Deus, honra e glória eternamente!

Notas: 1 - Para quem quiser ler o artigo originalmente publicado, clique Aqui
2- Para quem desejar ouvir o áudio original no Audível, clique Aqui
3- Através do pr. Rupert, fui informado de que não foi ele quem postou o vídeo. Como a única referência é o login do usuário no Youtube, o "uslei100", agradeço-o pela iniciativa, e por ter escolhido o meu texto. Cristo o abençoe!

07 janeiro 2012

Aniversário do Kálamos: És pó!

















Por Jorge Fernandes Isah


Bem, lá se foi mais um ano, em que aprendi muito [até mesmo a esquecer algumas coisas], mas que, apesar de tudo, ainda me mantém em um estado de ignorância mesmo no pouco que sei.

Não farei um balanço de fim-de-ano, pois não saberia por onde começar; já que os erros foram tantos que um ano seria pouco para relatá-los, e os acertos... deixa pra lá! Não farei planos para o futuro, como normalmente, esperando que o Senhor me guie e me oriente quanto à sua vontade. Na verdade, sempre pretendo fazer isso ou aquilo, e acabo por fazê-los, quando os faço, mal e porcamente. Mas de tudo, tudo mesmo, o que ficou, foi que, em meio a algumas lutas e aflições, Deus fez-me ver que a minha relação com ele estava em frangalhos, que eu, apesar de me considerar "espiritual", agia como um antiespiritual. É claro que isso somente ficou visível quando a mão do Senhor pesou para valer sobre mim. Então, me lembrei de Paulo: Como um Pai, Deus disciplina ao que ama [Hb 12.7].

Pensei que tudo era fruto dos meus pecados. Pensei que, mantendo-me saudavelmente longe deles, as coisas voltariam ao normal, e as feridas seriam saradas. De que um novo pacto entre eu e ele me levaria a obter os seus favores novamente. Mas lembrei-me de que já o refizera inúmeras vezes, sem sucesso. De que por mais que eu tentasse cumpri-los, me esforçasse com o que de melhor possuía, sempre caía na cláusula da "quebra-de-contrato". Isso fez com que me envergonhasse tanto, que vi lançado por terra a minha soberba espiritual. Sim, eu era um homem espiritualmente orgulhoso, o tipo mais doentio e nefasto de orgulho. Ao ponto em que, reconhecer os meus defeitos, falhas e pecados, fazia-me, de certa forma, superior aos meus próprios olhos. Mas que importância isso tem realmente? Pois, quem sou eu? Por que parecer bom aos meus olhos, se eles estão tão habituados ao mal, e não há bem neles? Seria o mesmo que um corvo, acreditando-se um rouxinol,  a participar de um concurso de canto, esperando ganhar o primeiro lugar, e agradar a todos com o seu grasnar monocórdico.

Porém, o que devia ser o motivo para me aproximar de Deus, humildemente, reconhecendo o meu pecado, e buscando nele a reparação do mal que trazia para mim mesmo, fez-me afastar ainda mais. De alguma forma, ainda que inconsciente, pensei que Deus precisava de mim, quando é o contrário. Deus é suficiente em si mesmo, na comunhão e unidade que há entre as três pessoas da Tri-unidade,  e eu era quem necessitava urgentemente de reparação. Minha frieza e distanciamento em relação à vida cristã, significavam perda e prejuízo apenas para mim. Esse foi um processo que durou meses, e do qual eu, inicialmente, não percebera nada. Como se tudo estivesse bem, e eu em paz comigo e com o Senhor. A minha tolice não tem mesmo tamanho...

Para encurtar a história, somente a partir do momento em que percebi que estava como que andando ao lado do meu melhor amigo sem notá-lo ou sem dirigir-lhe a atenção, pude finalmente ver que, a despeito da minha negligência, do meu descaso, e do orgulho que me impedia de desviar os olhos de mim mesmo, o Senhor estava ali, sem me abandonar. Porque não dependia de mim, nem do meu querer, pois o seu amor é eterno. Assim como o pai nunca deixará de ser pai, mesmo diante da rebeldia do filho, Deus jamais deixará de ser o Pai bendito, eterno, misericordioso, para com os seus.

Então, me vi em lágrimas, exultando-o, bendizendo-o, louvando-o, porque ele permanecia fiel enquanto eu insistia na infidelidade. Ele não me abandonaria, ainda que eu me considerasse abandonado; ele não me rejeitaria, ainda que me sentisse rejeitado; ele me amaria, mesmo que não me sentisse amado; porque o erro, o distanciamento, a incompreensão, serão sempre meus; na sua perfeição, Deus me ama plenamente, através do seu Filho Jesus Cristo. Certa vez, o pr. batista Erwin Lutzer disse que sempre, ao acordar, orava a Deus para que ele não o visse como ele era, mas o visse através de Cristo. E é assim que o Pai nos vê; e é assim que devemos vê-lo, como o nosso Senhor o vê. Como já disse em algum lugar, bendito o Pai que nos deu o Filho, bendito o Filho que nos deu o Pai. Já que ele me vê através do Filho, que eu possa vê-lo como o Filho o vê, também. Oro, portanto, para que ele me capacite, sempre, dando-me os olhos de Cristo, para que eu jamais pense em vê-lo com os meus olhos falíveis e imperfeitos.

Como Davi, o homem segundo o coração de Deus [não entendo porque os cristãos o têm como "exemplo de pecador", quando o Senhor o honra de uma forma tão maravilhosa por toda a Escritura], quero esperar com paciência no Senhor, pois ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor... E pôs um novo cântico na minha boca, um hino a ele... Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração... Não retires de mim, Senhor, as tuas misericórdias; guardem-me continuamente a tua benignidade e a tua verdade. Porque males sem número me têm rodeado; as minhas iniquidades me prenderam de modo que não posso olhar para cima. São mais numerosas do que os cabelos da minha cabeça; assim desfalece o meu coração... Senhor, apressa-te em meu auxílio... Mas eu sou pobre e necessitado; contudo o Senhor cuida de mim [Sl 40].

É esta certeza que traz paz; e faz com que, a exemplo de Paulo, possamos regozijar sempre no Senhor [Fp 4.4], mesmo que sejamos, para nós mesmos, o motivo de tristeza e desolação. Pois certo é que, em nós, não há nada pelo qual nos alegremos, pois a alegria vem do Senhor; e, por isso, regozijarei sempre nele [Ts 5.16]; orando para que jamais, novamente, eu creia-me humilde, quando há apenas orgulho. Creia-me suficiente, quando há insuficiência. Creia-me necessário, quando sou inútil. Creia-me bom, quando sou mau. Creia-me espiritual, quando sou carnal. Que a minha fé não esteja, nunca mais, posta em mim mesmo, ao ponto de eu acreditar possível manter-me longe do meu Senhor; o qual é o único capaz de me alegrar a alma, pois, a ti, Senhor, levanto-a... Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus... E grande é a tua misericórdia para comigo [Sl 86]; pois conhece a minha estrutura; e sabe que sou pó [Sl 103.14].

A ele, o Deus eterno, bendito, santo, toda honra e glória!

Amém!

Nota: Esta postagem tinha o objetivo inicial de falar do aniversário de 04 anos do Kálamos, e de dizer que estarei sorteando, no próximo dia 30, entre outras coisas, uma Bíblia A.C.F. com referências, concordância e mapasMas, sem me conter, acabei confessando-me publicamente, e cheguei a pensar em não publicar o texto. Mas ele está aqui, posto. Aos que desejarem concorrer aos prêmios comemorativos, basta acessar o logo abaixo.


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30 setembro 2011

O labirinto do eterno cativeiro








Por Jorge Fernandes Isah

Cristo me converteu em 12 de Outubro de 2004 [1]. Na verdade fui convertido eternamente, pois ele me escolheu antes da fundação do mundo, quando nem mesmo ainda surgira a criação, a qual trouxe à existência pelo seu exclusivo poder, do nada, ainda que o nada não existisse formalmente, pois Deus sempre é e subsiste; o Deus pessoal ainda que espiritual, o Deus vivo ainda que intocado, o Deus presente ainda que imperceptível; o Deus sem o qual o impossível jamais seria possível. Por isso, para que as riquezas da sua glória fossem conhecidas e a sua ira manifestada, ele criou o homem, preparando de antemão uns para a glória, os quais são os eleitos, e preparando outros para a perdição, os quais são os réprobos, dignos de morte [Rm 9.22-24]. Mas tudo isso se tornou notório no tempo, de forma que as suas criaturas imperfeitas e limitadas conhecessem o que sua mente planejou e determinou, e assim viessem a reconhecer todo o seu poder [2].
Para nós, o seu povo, todo o seu amor foi evidenciado no novo-nascimento, quando ainda éramos seus inimigos [mesmo que ele não fosse nosso inimigo], e nos chamou e capacitou ao arrependimento de nossas obras más, de nossa natureza má, de nossa mente má, dos frutos podres que produzíamos na forma dos pecados e dos delitos em que andávamos conforme o curso deste mundo, cumprindo a vontade da carne e do pensamento, nos quais vivíamos como filhos da desobediência [Ef 2.1-3]. O que equivale dizer que todos os salvos, como propósito pelo qual o Senhor laborou desde sempre de forma que não pudesse não acontecer, conhecerão a Deus ainda em vida, reconhecerão o seu poder em vida, provarão da sua misericórdia e graça em vida, e saberão a quem pertencem, e o alto preço com que foram comprados pelo Senhor das suas almas.
Enquanto isso, os réprobos, ainda que reconheçam o poder de Deus, não o glorificaram como a Deus, nem deram graças; antes, se enfatuaram nas suas especulações, e ficou em trevas o seu coração insensato. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos, e abandonaram a glória do Deus incorruptível por uma semelhança de figuras incorruptíveis [Rm 1.18-23]
De forma terrível, o homem afastou-se da verdade para viver uma aparente doce ilusão, uma mentira que o impelia cada vez mais para longe da realidade, de forma que ele se contentava em se entregar à adoração de qualquer coisa, seja outro homem ou a si mesmo, animais, seres imaginários e míticos, forças e fenômenos da natureza, como se pudesse com eles se comunicar, transferindo-lhes a glória que não lhes pertenciam e lhes era dado receber ou almejar. Como um embusteiro, um fraudador, acreditavam ter e poder distribuir aquilo que não tinham nem podiam entregar. Criou-se um mundo paralelo, irreal, em que o homem acreditava existir sem existência; viver sem vida; disposto a perpetuar o seu estado de morte, de tal forma que recebessem em si mesmos a devida recompensa pelo seu desvio [Rm 1.27]. Como parte daquilo que produziam, o homem criou um ser imaginário que é a personificação daquilo que se tornou, um zumbi, o reflexo daquilo que ele não pode reconhecer mas que inconscientemente foi-lhe dado representar-se: o corpo completamente dominado pela ideia fixa, dolorosa e perversa de se conservar morto enquanto se morre sucessivas e consecutivas vezes, num estado de findar-se perpetuamente.
Em todo esse processo de alucinação e desconstrução da realidade, o homem produziu apenas uma coisa verdadeira: a própria morte, como consequência de todos os seus intentos em permanecer distante e desejar ardentemente sofrer a antecipação da condenação iminente, experimentar em doses diárias o malograr extraordinário que desde o início não se materializou num futuro repentino, mas no presente anunciado de que esse homem sem Deus é muito menos que nada, e de que somente é possível no desterro eterno, o inferno, do qual não teme, mas zomba; o qual rejeita mas caminha célere; que diz desconhecer mas o reconhecerá como se ali estivesse nascido e fosse criado; o qual odeia mas o cultiva diligentemente como um jardineiro a tratar enciumado os canteiros de ervas daninhas crescerem desordenados. Ainda que o pecado nasça em nós espontaneamente, ainda que seja algumas vezes indesejado, há uma atração natural em sua negatividade, de forma que não vemos os seus danos, não os reconhecemos como possíveis, apropriamo-nos de todo os seu mal considerando-o um bem, sorvemos todo o seu amargor como se fosse mel; e reputamos alegria ao que não serve nem mesmo como tristeza; e em honra o que é ultrajante e ofensivo. 
Esse homem não conhece limites; anda à beira do precipício, caminha entre minas terrestres, não tem gosto pela vida, desconhece-a completamente, porque seu estado habitual é reservar-se na companhia dos restos putrefatos e decompostos; suas partes nunca estiveram no todo, são como páginas em branco e soltas na ventania que nunca formaram nem formarão um livro. 
Esse homem é autodestrutivo em sua capacidade de pecar; de se mutilar; de perder de vista toda a esperança e viver numa constante guerra consigo mesmo, ainda que cogite haver paz entre uma profusão de agressões, entre muito sangue derramado, entre tiros e explosões, entre corpos inertes e o cheiro mórbido de peste. 
Esse homem tenciona roubar o que não pode sequer alcançar; ele vislumbra o que não pode ver; espera matar a sede insaciável sem água; e a dor insuportável sem analgésicos. Como a história do ratinho que queria comer a lua por acreditá-la um grande queijo, o homem espera em vão alimentar-se do pecado de forma que seja possível estar com Deus, como se o veneno trouxesse saúde e força eternas. Mas sabemos, porque a Bíblia o afirma, que tal coisa é impossível. Que homem algum pode achegar-se a Deus por si mesmo, ainda mais porque está contaminado, tal qual um cadáver radioativo. 
Esse homem é fracionado, algo inacabado, pronto a permanecer inconcluído, na persuasão incrédula de suas próprias palavras; surdo a ouvir o silêncio da sua voz interior; cego a vislumbrar a escuridão de sua alma; louco em busca da razão na insanidade: "Pois o coração deste povo se fez pesado, e os seus ouvidos se fizeram tardos,  eles fecharam os olhos, para não suceder que, vendo com os olhos e ouvindo com os ouvidos, entendam no coração e se convertam, e eu os sare" [At 28.27].
Esse homem é impossível na fé, sendo possível apenas na descrença. A paz tomada como guerra, e a guerra como paz. O sofrimento como alívio, o alívio como dor lancinante. A buscar incessante à inutilidade, assim como o velho busca a jovialidade e frescor dos tempos remotos, enquanto se aproxima cada vez mais da senilidade.
Esse homem vive aquém ou além da realidade. Como Adão e Eva, no Éden, quis o impossível, desejou o que não lhe era lícito, buscou alcançar o inatingível e, mesmo caindo, chafurdando na lama, continuou lutando contra tudo, intentando contra si mesmo, ao não reconhecer humildemente a derrota, nem o fracasso: a impossibilidade de ser por si mesmo aquilo que jamais poderia não ser; pois somente Cristo pode fazer-nos novos, e tornar-nos no que não somos pelo poder de nos fazer como ele é, aquilo que seremos. Assim o homem se rebelou contra tudo, contra a verdade, contra a realidade, como se ele fosse supra-verdadeiro ou supra-real. Mas o que pode constatar é que toda a sua vida se transformara na miséria que não imaginou, pois era-lhe impossível cogitar, no paraíso, que houvesse uma realidade diminuta, pobre e vergonhosa como resultado daquilo que desejou mas não conseguiu, porque não percebeu que a verdade não pode ser recriada a não ser por aquele que a criou. E a verdade estava lá, diante dele, que não a quis reconhecer, antes se contentou em desprezá-la, em ignorá-la, como se houvesse a chance de tudo ser diferente apenas porque queria, e a sentença pudesse ser modificada sem que fosse reprovada: "De toda a árvore do jardim comerás livremente. Mas da árvores do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás... a alma que pecar, essa morrerá" [Gn 2.16-17, Ez 18.4]
É possível ver como o homem fugiu da ordem para o caos, da realidade para o ilusório, sem ter onde nem como se esconder de seu desarranjo mental, onde a cobiça e o orgulho afetaram-no profundamente, ainda que ele não se desse conta do que estava acontecendo, e tentasse criar uma outra maneira de escapar e se refugiar fora da realidade [Gn 3.12]. Na verdade, o homem vive em constante fuga, tentando se livrar de tudo o que é para refugiar-se no que não é. Há um claro desajuste entre a imagem, aquilo que o homem é, e a ideia que o homem tem de si mesmo; o que Deus é, e aquilo que o homem considera que ele seja. De forma que, para aquele homem, assim como para qualquer homem, a realidade não pode ser recriada, nem a verdade modificada; não dá para substituí-las pela ilusão e a mentira, pois não há espaço para elas. Apenas a mente doentia do homem pode inutilmente tentar criá-las num mundo de "faz-de-contas", ao alimentá-las com a estúpida rebeldia, a perpetuá-las como o fedor a espalhar-se em todas as direções. Como uma força a estrangulá-lo, de cujas garras não pode escapar, ele se tornou e é o algoz de si mesmo, ao rejeitar a verdade, ao cogitar a possibilidade de haver vida fora da vida, quando está latente que apenas a morte pode existir fora dela; e ao buscá-la, acalentá-la, e laborar ferrenhamente para possuí-la, o homem, ainda que não reconheça investir nesse propósito, se silencia antes mesmo de dar um último suspiro. E nesse círculo claustrofóbico não há como escapar, pois não há saída, apenas o labirinto angustiante do eterno cativeiro [3].

Nota: [1] Leia o relato da minha conversão em "O dia em que Cristo me fez"
[2] Ainda que eu seja supralapsariano, não estou a discutir a questão da ordem do decreto, pois o foco desta postagem não é este, mas outro.
[3] Mas o que isto tem a ver com a minha conversão em 2004? Tudo. E se Deus quiser, voltarei a este assunto em breve.

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07 setembro 2011

Bate-Papo com Filipe Machado: Determinismo, "mistério", livros e pizza





















Por Jorge Fernandes Isah

Este é mais um bate-papo da série que se iniciou com o André Venâncio. Tomei gosto pela coisa, e parece que ela não terá fim, ao menos, enquanto eu estiver vivo. Desta vez, conversei com o brother Filipe Luiz C. Machado, autor do blog “2 Timóteo 3.16”, e juntamente comigo do blog “Cotidiano Cristão” [na verdade, eu com ele, pois a ideia de criá-lo, e quem o administra, é o Filipe]. Ele é um irmão que tenho o prazer de prosear vez ou outra [não muito ultimamente, dado os meus horários livres escassos, e os dele também], e os papos são sempre edificantes e agradáveis. Esta foi uma conversa que girou sobre vários assuntos, especialmente os termos citados no título da postagem. Bem, sem enrolar demais, vamos à conversa. E, antes de me esquecer, quero agradecer ao Filipe por sua amizade e por autorizar a divulgação de nossa “cavaqueira”. Para quem não sabe ainda, cavaqueira quer dizer conversa demorada. E as nossas, quase sempre, demoram mesmo.

BATE-PAPO COM FILIPE C. MACHADO
Eu: Filipe, ocupado?
FilipeDepende... se for pra falar com você, sim... Brincadeira, pode falar.
Eu: Bem, serei rápido... Estou-lhe enviando por email um texto para o "Cotidiano Cristão"... Dê uma olhada e me diga o que acha. É um esboço, ok!... rsrs... Ainda bem que você é sincero.
Filipe: Pode mandar!
Eu: Foi!
Filipe: Recebi seu e-mail. Assunto em tempo oportuníssimo.
Eu: Foi um insight... Tanto que nem coloquei todos os versículos... Tem uns 30 minutos que comecei a escrever... Terminei agora... Dei uma lida superficial para ver se não tem erros ortográficos, mas aí vi que você estava on line e mandei meio as pressas... Quero ver se você deseja acrescentar alguma coisa... Podemos escrever a quatro mãos.
Filipe: Insight´s são os melhores... Os dedos quase que digitam sozinhos!
Eu: É, mais ou menos isso... Fique à vontade para acrescentar ou tirar o que considerar desnecessário... Se achar necessário.
Filipe: Hoje em dia é costumeiro ver o casamento/namoro como "fonte" de evangelização... Ficou bom, gostei. Simples, porém direto.
Eu: Bobagem. Evangeliza-se sem precisar casar e namorar... É, foge um pouco do meu estilo, mas estou tentando adequá-lo ao Cotidiano Cristão... Mas leva tempo.
Filipe: É moda, infelizmente!... Eu também tenho problemas com certos textos.
Eu: Sou prolixo, verborrágico, meio por causa dos sangues árabe, judeu e espanhol, acho.
Filipe: Talvez nesse quesito eu me aproxime dos puritanos que tinham um fôlego "deplorável, suas capacidades de falar por horas eram detestáveis"! Uma das críticas vinda contra os puritanos.
Eu: Li no livro do J.I.Paker, "Entre os Gigantes de Deus", que algumas orações durante o culto chegavam a ter uma, duas horas... Imagina a pregação então! É muito bom o livro, melhor do que o "Santos no Mundo".
Filipe: Sim. Tenho esse livro também, embora não lido, ainda.
Eu: Paulo, no livro de Atos, pregou mais de 12 horas, a ponto de um mancebo cair da sacada e morrer... Para depois ser ressuscitado... É a pregação matando o velho homem e ressuscitando-o em novo... literalmente.
Filipe:: Li o "Santos no Mundo - Leland Ryken". Agora estou lendo o "Paixão pela Pureza - J. R. Beeke e R. J. Pederson" - mais tem 1.000 páginas! Se bem que são somente biografias dos puritanos, e aí a leitura é fácil e bem agradável.
Eu: Puxa!... Gosto de livros grandes... E você está se dispondo aos grandes: Comentário do A.A. Hodge sobre a CFW; Paixão pela Pureza... Isso vai longe!... A Enciclopédia Britânica será fichinha para você em breve [rsrs]
Filipe: kkkk...
Eu: Vou comprar, então. Gosto muito de biografias.
Filipe: Comprei em uma promoção da Erdos por 90 reais, acho.
Eu: R$ 90,00, por 1.000 páginas... Está bom. Mas a sistemática do Hodges-pai sai por menos de R$ 90,00 e tem mais de 2.000 páginas. Custo-benefício melhor.
Filipe: Quero comprar essa; o ruim é que tem muitas citações em latim, que não são traduzidas...
Eu: É, mas o material em português é muito bom, tirando o compatibilismo do Hodges... E ainda pode ser um estímulo para se aprender latim, ora! [rsrs]
Filipe: Não sei qual o compatibilismo de Hodge...
Eu: Mas para quem acabou de ler o "livre-arbítrio" de Agostinho, os compatibilistas desceram um degrau em meu conceito, mas ao menos são calvinistas... Inconsistentes, mas são [rsrs]...Hodge é compatibilista. Crê na soberania de Deus e na liberdade do homem para se ser responsável. Duas verdades que se contradizem "aparentemente" [sic].
Filipe: Eu procuro entender duas coisa: Deus é soberano e o homem responsável, ao mesmo tempo em que o homem faz aquilo que Deus deseja que ele faça. Por isso que sou um determinista.
Eu: Também penso assim, mas eles colocam o elemento "liberdade", que no fim das contas é ser livre de Deus
Filipe: São hereges...  rsrsrs
Eu: rsrs... Não deixemos que eles nos ouçam... Rapaz, muito do que esse pessoal fica repetindo por aí vem de Agostinho. E o próprio Agostinho rejeitou a maioria do que escreveu no "Livre-Arbítrio", mas passados 1.500 anos, os caras não se tocaram disso.
Filipe: Piper cita um outro autor (não me lembro qual é, talvez seja Spurgeon ou Agostinho) que diz que aquelas "poeiras" que vemos se mexendo quando abrimos a janela de nosso quarto e os raios solares penetrando-o, todos eles, sem exceção, são controlados por Deus.
Eu: Uma citação e tanto! Mas o próprio Piper é compatibilista, nem crê no que transcreveu... Quero dizer, ele crê que a mais minúscula partícula da matéria é controlada por Deus, mas não crê que esse controle divino se estenda à vontade do homem.
Filipe: Não conheço muito dele nesse sentido.
Eu: E Agostinho, guardadas as devidas proporções, também era compatibilista. Tenho o livro "O Sofrimento e Soberania de Deus". São vários autores, cujos editores são o Piper e o Justin Taylor. Ele escreveu dois ensaios, se não me engano.
Filipe: Na verdade, depois que descobri os puritanos, abandonei Piper. Eu ia comprar esse, mas havia se esgotado.
Eu: Quase me apaixonei pelo Piper [rsrs]... Mas os livros dele são como aquela história da  vaca que deu 100 litros de leite de uma vezada e depois coiceia o tambor e joga tudo por terra. O que me mata nessa turma é isso: eles desenvolvem toda a questão de uma maneira que a soberania de Deus torna-se inquestionável, mas depois dizem que o homem é livre, e de que existem duas verdades "aparentemente" contraditórias. Eu não aguento! Quase tenho um troço!... Eles acabam desmentindo o que afirmaram, e afirmando o que desmentiram. E depois afirmam e desmentem ao mesmo tempo. É muita loucura para a minha cabeça. E me chamam de racionalista, porque eu não aceito a incoerência e as más-formulações que os compatibilistas criam.
Filipe: Eu não vejo problema em dizer que elas aparentemente são contraditórias, pois para a mente humana não há como se ser responsável por algo que foi determinado. Porém, eles pecam no quesito de [talvez] não explicarem que essa responsabilidade humana não está livre da determinação de Deus. Antes dizerem ser um "mistério" do que causar confusão à mente leiga.
Eu: O próprio termo “contradição aparente” é autocontraditório... [rsrs]. E desnecessário... Você leu os meus dois textos sobre o assunto?
Filipe: Não.
Eu: Sabe, o que eles fazem é um desserviço, pois acabam por depor contra a Bíblia e contra Deus. De certa forma, muitos “crentes” que dizem haver contradições na Escritura se baseiam nessas falsas afirmações para respaldar erros que não passam de ignorância e desconhecimento, e até mesmo má-fé de alguns. O homem acaba por reputar a Deus uma falha que não existe nele, mas no próprio homem. E isso é muito perigoso.
Filipe: Você já leu "Em Defesa da Teologia - Gordon Clark"?
Eu: Sim.
Filipe: Muito bom. Bate nos liberais que afirmam ser "bonito" ter-se contradição na Bíblia.
Eu: Clark é Clark!... Toda essa confusão começou com Van Til e os reformados holandeses, há bem pouco tempo, coisa de cem, cento e poucos anos. Até então, não havia essa falsa ideia entre os reformados de que a Bíblia contém paradoxos e contradições. Eu reputo isso como falsa piedade; parecem piedosos, mas escondem uma grande soberba [de não reconhecerem em si mesmos as falhas que apontam haver na Escritura], e ainda são usados por ímpios para se escarnecer de Deus. Mesmo que muitos deles não percebam isso, enquanto em outros está evidente a má-intenção, ao se divertirem e deleitarem com a confusão... Depois vai lá e lê os textos que escrevi [1].
Filipe: Eu não consigo compreender porque aceitar esse "paradoxo" é bonito, sendo que seria muito mais sensato se dobrarem ao fato de que se a Bíblia nos ensina que somos controlados por Ele, não existe "responsabilidade livre", apenas responsabilidade dentro da determinação divina.
Eu: Exato! Ou então dizer: não sei! Mas aí é que falta a humildade de assumir que não se sabe, então se inventa um artifício mal construído, que faz de Deus um deus disposto a nos dar "pegadinhas".
Filipe: Acho que Pedro, em Atos, diz mais ou menos assim: vocês mataram esse homem com a ajuda de homens perversos, mas assim o fizeram por determinação de Deus. Ora, o que custa se dobrar diante dessa verdade e dizer: "Ai de mim, Senhor!"?
Eu: A revelação fala da realidade, não de uma possibilidade. Contradição aparente é um conceito que existe na filosofia, para explicar raciocínios mal-formados que até podem fazer sentido, mas sempre desembocarão em um beco-sem-saída. O trecho ao qual você se refere está em Atos 4.27-28. Ali temos presente a predestinação ou determinação de que Jesus seria morto por judeus, gentios, Pilatos e Caifás. Deus entregou seu Filho à sanha injusta e assassina deles, mas todos eles permaneceram culpados pelo crime que cometeram. É simples. Para quê complicar? Deus ordenou, os homens fizeram, e foram responsabilizados pelo crime cometido. Onde está a liberdade? Não existe. Onde está a contradição? Também não existe.
Filipe: O problema dos compatibilistas não é explicar as passagens que mostram que o homem é "livre", mas sim aquelas que mostram o homem fazendo o que Deus manda fazer e depois punindo-os por isso. É o caso de Davi fazer o senso no povo de Israel. Temos ali três complicações: Deus incita Davi a a realizar o senso; Davi reconhece que errou ao fazer o senso e, por fim, o texto nos diz que foi o diabo que tentou a Davi para fazer o senso. Ora, diante do compatibilismo isso é irrespondível!
Eu: Verdade. Então, eles apelam para o paradoxo ou contradições aparentes: “Valha-me o ‘santo mistério!’" [rsrs].
Filipe: Concordo que o determinismo pode ser visto [e devemos tomar cuidado para não nos tornarmos assim] como algo frio, bruto, sem sentimentos ou algo do tipo, mas antes afirmarmos tal brutalidade do que nos rendermos aos mistérios.
Eu: Certa vez, alguém me disse: mas isso nos faz em marionetes na mão de Deus. E eu respondi: e daí? Qual o problema? O que é melhor, você ser marionete do Deus sábio, santo e perfeito, Criador de todas as coisas, ou ser marionete de uma criatura estúpida, pecadora e imperfeita, como você ou o diabo?
Filipe: Sim, falávamos sobre isso na quinta-feira, em uma reunião que temos. Antes que Ele nos controle [que sabe o que deve fazer] do que nós, vís pecadores nas mãos de um Deus irado.
Eu: Prefiro ser uma marionete nas mãos de Deus, do que um autônomo em minhas próprias mãos sujas, pecaminosas, imperfeitas e injustas.
Filipe: Bah!... Falamos a mesma coisa. Isso traz maldição... rsrss
Eu: Rsrsr... É o Espírito Santo, meu irmão! Voltando ao livro de Agostinho, ele tem tantos furos, mas tantos furos, que o próprio Pelágio, na disputa com Agostinho, se utilizou dos argumentos do livro para se defender da acusação de herege. Depois dê uma chegada no meu blog de livros, acabei de postar um último comentário.
Filipe: Um amigo meu, o Alberto, do blog Eclesia Reformanda - que por sinal está para chegar aqui em casa, me falou que a palavra mistério em grego, sempre tem a conotação de algo que era obscuro e passou a ser revelado, ou seja, se isso de fato estiver correto, não existe mistério no sentido de que não sabemos coisa alguma sobre Deus, mas que já nos foi revelada a sua vontade para nós, não devendo homem algum escusar-se de aceitar a verdade e apelar para o "mistério"... Não li esse livro, não o tenho.... Manda o link, por favor, para eu dar uma olhada.
Eu: O Alberto está certo. Além do fato de que o mistério pode ser algo não revelado também. Mas aí, estou dando a pista da última parte da minha série [rsrs]
Filipe: Claro que não podemos dizer que não há coisa incompreensível na Bíblia - pois seríamos soberanos - mas tem tanta coisa que se apela para o mistério, que me deixa chateado. É um mistério o porquê Deus escolheu alguns e rejeitou outros, contudo, não é mistério o fato de ele fazer isso porque lhe agrada, ponto final.
Eu: Por isso, é melhor dizer: “não sei!” do que ficar inventando sarna para se coçar... Este é um bom exemplo para eu usar na parte final da série sobre “mistério e contradições aparentes”. Obrigado!
Filipe: rsrs... Não esqueça dos créditos.
Eu: Não esquecerei. Colocarei em letras tamanho 2, no fim da página...
Filipe: kkkkk
Eu: Mudando de assunto, você não pensa em escrever um livro?
Filipe: Já pensei e há um ano atrás, mais ou menos,  comecei a rabiscar um assunto, mas parei. Um dia creio que escrevei, sim. E você?
Eu: Já escrevi vários... inéditos! [rsrs]
Filipe: kkkk…
Eu: Alguns amigos acham que eu deveria fazer uma compilação dos meus textos, mas só de pensar no trabalho que vai dar já me sinto cansado; e até dá vontade de parar de escrever... Penso em pegar um tema e desenvolvê-lo a partir dos comentários no meu blog.
Filipe: Sim, é mais fácil.
Eu: Por exemplo, a questão soberania x liberdade do homem... Mas sei lá! Não penso que é o momento. Na verdade, nem sei se haverá um momento. Deixo nas mãos de Deus.
Filipe: Eu gostaria ainda de pregar sobre todo um livro bíblico, compilá-lo e publicá-lo. Mas como sou prolixo, talvez tenha umas 1000 páginas... rsrs.
Eu: É o que eu penso em fazer com as pregações o pr Luiz Carlos Tibúrcio da minha igreja, eu já posto os áudios das suas pregações no blog do T.B.B... Uau! 1.000 página o colocará entre os grandes, definitivamente.
Filipe: Mas devo confessar que sou orgulhoso... Não sei se me faria bem ter um livro.
Eu: Penso em fazer como o Felipe Sabino e montar uma editora, para publicar textos de brasucas. Gente que jamais terá uma editora que os publique... Também sou orgulhoso e vaidoso. Por isso evito até mesmo pensar no assunto. Perguntei porque você escreve bem, e acho que deveria pensar na ideia.
Filipe: Eu gostaria de ter bastante dinheiro para poder publicar boas obras e com um preço muito acessível. Na verdade, se possível, até doar os livros.
Eu: Um dos motivos de eu estar aprendendo inglês é para isso. Há obras que poderiam ser traduzidas para o português e publicadas na web, de domínio público, tipo os Puritanos; e disponibilizá-las gratuitamente para quem quiser ler.
Filipe: Sim, justo.
Eu: Tanto que o meu foco no inglês não é a pronúncia, falar a língua, mas aprender a ler e escrever para poder traduzir textos... Preciso me dedicar mais ao aprendizado.
Filipe: Eu também. Estou me esforçando nesse quesito.
Eu: Quem sabe não seremos sócios nessa empreitada?
Filipe: *Ah, você conhece o fórum puritano [em inglês]?
 eu: Não.
Filipe: http://www.puritanboard.com Pastores, servos e membros de igrejas puritanas [até que ponto, não sei] discutindo sobre questões interessantes.
Eu: Lê-lo ainda é muita areia para o meu caminhão. Mas, quem sabe, muitas viagens não dará para transportar tudo? [rsrs]... Minha esposa e filha chegaram. Vou tomar banho para a gente comer alguma coisa. Depois nos falamos mais, ok!
Filipe:: Tudo bem, Jorge. Grato pela agradável conversa. Estou lendo seu último texto no blog - até onde estou, faço coro com você.
Eu: Quem agradece sou eu! Já que você tocou no assunto, acho que essa conversa vai parar no bate-papo do Kálamos. Foi muito boa!
Filipe: Na verdade, já havia pensado sobre isso que você escreveu.
Eu: Especificamente, sobre o quê você pensou?
Filipe: Sobre essa questão de se afirmar que não existe verdade, sendo que essa negação é uma afirmação em si mesma. A mesma questão se aplica ao relativismo [não o físico, mas o teológico ou filosófico], pois se tudo é relativo, como podem dizer que estou errado?
Eu: Cara, se eu ficar conversando com você, não vou parar nunca! Vai ter assunto bom para discutir assim lá longe!
Filipe:: rsrs.. Não sei de você, mas sou melhor nas palavras via internet. Face a face não sou "bom".
Eu: Penso melhor escrevendo do que falando. Mas sonho melhor do que escrevo...
Filipe: kkkkkkk
Eu: Logo, penso melhor quando sonho... Pena que não me lembro de quase nada quando acordo... Também sou como você, melhor virtualmente do que fisicamente. O prof. Olavo de Carvalho diz que o mundo é virtual, que o factual é apenas uma amostra do virtual, se é que entendi direito.
Filipe: rsrs... Rapaz, o Alberto chegou. Preciso ir! Um abração!
Eu: Manda um abraço para ele! E pergunta se ele gostou do livro que ganhou no Sorteio do Kálamos... Também vou! Na verdade, já devia ter ido! Abração! Fica na paz!
Filipe: Ah, ele falou que gostou muito do livro.
Eu: Beleza! Vai lá, e veja se não come muita pizza, ok!

Nota: [1] Série: Mistério, Paradoxo e Contradições Aparentes - Parte 1 e  2  


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