27 janeiro 2010

Não Há Silêncio Na Escritura













Por Jorge Fernandes Isah

Tenho me arriscado a escrever sobre alguns assuntos que até pouco tempo sequer tinha a menor idéia. Isso se deve especialmente à renovação da minha mente pelo Espírito Santo, e  a leitura das Escrituras. Mas não há como rejeitar aquilo que os santos de todos os tempos escreveram e ainda escrevem, seja em livros, artigos, pregações ou postagens em sites e blogs. Pretender ser uma mente "neutra", partindo-se do zero é pura prepotência e soberba, além de ser uma conclusão estúpida e enganosa em si mesma. Não tenho problemas em assumir o que sou, e o que tenho sido é fruto da ação de Deus através da instrumentalização do corpo de Cristo, capacitado pelo próprio Deus a auxiliar os membros no conhecimento e entendimento da verdade. Isto não quer dizer perfeição nem infabilidade, mas um processo lento em que, mesmo na imperfeição e vivendo com a natureza pecaminosa, o Senhor vai-me afastando cada vez mais de mim, e me colocando cada vez mais próximo de Cristo.  E, de forma alguma, ninguém pode dizer que o conhecimento adquirido ou a ignorância cultivada é fruto exclusivamente de si mesmo. Mas esta é apenas uma introdução, não o assunto deste texto. 

Dito isso, abordarei mais um tema do qual não domino, mas tenho o entendimento suficiente para considerá-lo verdadeiro: o pressuposicionalismo bíblico. 

Interessante que alheio à metodologia humanista de se avaliar e colocar o texto bíblico à prova da razão e da ciência, as pressuposições interpretativas serão a base para a exegese; ou seja, nenhum estudioso interpretará as Escrituras sem pressuposições, e a afirmação de que existe uma "neutralidade" no estudo não passará de uma grande farsa.

A questão é: ou se interpreta a Bíblia através das pressuposições sobrenaturais, ou a fazemos através das pressuposições racionalistas e liberais. Delas dependerá o caminho a ser tomado. O que significará utilizar de pressuposição interpretativa crente e ortodoxa ou incrédula e liberal.

Na verdade o incrédulo baseará o seu estudo a partir da incredulidade; enquanto o crente baseará o seu estudo a partir da crença bíblica.

Defender uma isenção ou neutralidade é sempre uma forma de engano,  de se autoenganar, tendo-se em vista a impossibilidade de interpretação a partido do nada, da neutralidade, pois, sem se partir de algum ponto específico é impossível se chegar a algum lugar.

Porém, isso não quer dizer que as nossas crenças se sobreporão à Bíblia, que se chegará diante dela com tudo ajeitado, esperando apenas a confirmação, a qual implicará, muitas vezes, em conspurcação, em distorção do texto bíblico. Ao contrário a Escritura deve avaliar e validar se todas as nossas crenças estão, de fato, concordantes com a revelação proposicional de Deus. O incrédulo e liberal utilizará a sua fé não-sobrenatural e irracional, ancorado em falsas premissas, a deduzir que tudo deve partir e ser explicado pelo homem. Deus é simplesmente descartado do método, revelando o quanto o discurso racionalista não passa de um embuste irracional, tendencioso e desonesto de se interpretar a realidade escriturística.

Então podemos dizer que a interpretação bíblica estará respaldada pela fé, que estará sustentada por suposições ortodoxas. Temos, por assim dizer, um círculo vicioso, certo? Errado. Simplesmente porque assim como Deus pode ressuscitar um cadáver e soprar vida numa alma morta [o que os liberais terão uma infinidade de desculpas e justificativas no mínimo absurdas e estapafúrdias para não reconhecer a sobrenaturalidade bíblica e reafirmar a sua incredulidade], assim também Ele pode transformar nossas pressuposições. E isso acontece infalivelmente na regeneração, no novo-nascimento, quando o Espírito Santo reorientará as pressuposições do homem em relação à Bíblia. Já que o homem caído, o homem natural, encontra-se no estado de rebeldia contra Deus e a Sua palavra, sendo-lhe impossível concebê-la como a fidedigna revelação divina. Somente após o novo-nascimento ele estará em disposição intelectual para aceitá-la e sujeitar-se a ela pela renovação da mente, tornando-a semelhante à mente de Cristo.

Ainda que o seu entendimento inicial seja limitado, e algumas das suas antigas pressuposições ainda permaneçam nos detalhes, à medida que a palavra for-lhe revelada, ele estará crescendo na graça, deixando de tomar leite para comer carne, amadurecendo-se, santificando-se, progredindo no entendimento da Bíblia e da Fé que foi uma vez dada aos santos.

Logo a tarefa interpretativa deve estar pautada por pressuposições teológicas [pressuposicionalismo], fundamentadas na ortodoxia cristã, ao invés de se recriar novas ortodoxias [ou seriam heterodoxias?] a cada geração que, na verdade, têm como único objetivo demolir a fé bíblica e disseminar o ceticismo iluminista. Faz-se necessário apelar constantemente à Bíblia, "a Palavra santa e viva de Deus, que nos reorienta e que refina as nossas pressuposições e proporciona um entendimento cada vez maior da revelação escrita de Deus, dentro dos limites da ortodoxia cristã"1.

Mesmo sendo possível aos exegetas discordarem ou se contraporem à infalibilidade bíblica [de chegarem à conclusão da não infalibilidade do texto sagrado], o problema estará na abordagem "científica" que os levará a compreender o método humano como infalível, mesmo que substituído por outro, e por outro, e mais outro, e tantos quanto forem necessários para que a ciência sempre seja o argumento final de todo o processo interpretativo [excluíndo-se qualquer hipótese de sobrenaturalidade bíblica], levando-a ao extremo de ser o dogma principal da crença naturalista: a fé cega na ciência; o que implicará sempre no silêncio de Deus para eles, quando o Senhor está a falar ativa e diretamente em toda a Escritura.

O próprio fato de tê-las diante de nós é a prova cabal da sua infalibilidade, "e qualquer outra conclusão de uma, assim chamada, exegese 'objetiva' é categoricamente equivocada - e enganosa"
2.

A imperfeição humana e o seu estado caído são provas da impossibilidade de se obter a "precisão científica" tão decantada e idolatrada pelos estudiosos, mas que no fundo, não passa de uma tentativa insignificante e frustrada de se "avaliar" a revelação especial, além de ser uma afronta a Deus.

O único padrão válido para a interpretação bíblica e seus aspectos históricos, éticos, artísticos, etc é o da Bíblia, a qual é a voz do próprio Deus. Portanto, infalível. Assim o método interpretativo levará, se bíblico, ao conhecimento da verdade; se extrabíblico ou não-bíblico, ao aprofundamento cada vez maior no engano. O que me leva a concluir a completa e total impossibilidade do homem natural conhecer a Deus a parte da revelação escriturística, sem que o Espírito Santo opere em sua mente regenerando-a.

Em linhas gerais, todo o esforço interpretativo do homem não-bíblico somente o afastará mais da verdade; enrijecendo-lhe a mente ao ponto em que todo o seu esforço "científico" o levará mais ao abandono e ao não-conhecimento de Deus. Ele terá uma idéia do que venha a ser o Todo-Poderoso, porém  será uma imagem tão distorcida que nem mesmo o mais eficiente espelho esférico poderá reproduzir.

Na verdade, enquanto muitos acreditam enganosamente no silêncio de Deus,  Ele estará sempre a falar.

Porque não há silêncio na Escritura. 

Nota: 1- "Infalibilidade e Interpretação", de  Rousas John Rushdoony & P. Andrew Sandlin - Editora Monergismo - pg. 61
2- idem - pg. 75
 

21 janeiro 2010

Cristianismo AntiCristão






















Por Jorge Fernandes Isah

Há um empenho quase generalizado de se propagar a idéia de que todos os caminhos levam a Deus. De que qualquer religião praticada com sinceridade é aceita por Deus. De que qualquer forma de devoção, ritual ou religiosidade pode agradá-lO. Seria o mesmo que confundir um maestro com um condutor de trem, um golfista com um cavador de buracos, um domador de leões com um exterminador de insetos. Essa falácia está presente em todas as religiões, especialmente entre os deístas e politeístas. No caso do teísmo, onde essa falsa idéia deveria ser rejeitada, infelizmente tem ganhado corpo e achado guarita. Tanto o judaísmo, como o cristianismo, e o islamismo estão sendo contaminados pela premissa de que, em princípio, tudo é possível ao homem no satisfazer a Deus. Esquecem-se contudo de que Ele explicitou claramente o que lhe apraz: a sujeição do homem a Cristo, e o senhorio de Cristo sobre o homem. Mas isso está sendo cada vez mais desprezado e ridicularizado entre aqueles que se dizem cristãos. E o que poderia levar a tamanho engano e disparate?

Há de se analisar que existem apenas duas religiões: a divina e a humanista. Uma se contrapõe à outra, e, infelizmente, alguns crentes e denominações cristãs têm se apegado a parte da verdade, como se ela pudesse ser fatiada e cada pedaço viver coerentemente sem o todo. Então, com o pedaço na mão e a partir dele, constrói-se um sistema falacioso e corrupto em que essa partícula verdadeira é soterrada por camadas e camadas de entulhos, ao ponto em que não se é possível mais identificá-la, ou ganhou uma conotação tão espúria e degradada, unida ao paganismo e ao sincretismo, que se acaba por formatar uma cosmovisão pluralista, inconsistente e, sobretudo, anticristã. Partindo-se do princípio de que o mundo tem e pode ser entendido por ele mesmo, de que a resposta está ao alcance dos dedos sem a necessidade da sabedoria divina para explicá-lo. Em linhas gerais, prega-se a autosuficiência e o autoconhecimento, bem ao estilo gnóstico de se interpretar o mundo através de um sistema subjetivo, quase sentimental, em que a maior virtude é a dúvida, disfarçada de falsa sabedoria. É a maneira sutil de apanhar os tolos numa espécie de piedade e nobreza, onde há apenas autocomiseração, a fim de mantê-lo domesticado pelo pecado.

A intenção é claramente uma só: através da ontologia, da epistemologia, da ética e da teleologia criar-se um conjunto uniforme que se oponha ao cristianismo ortodoxo; operando a partir do ponto de vista relativista, pragmático e imanentista, colocando o homem como o ser supremo, o centro do universo, quando ele nada mais é do que o bobo da corte.

Desta forma a religião humanista (e nela está contido o arminianismo e todas as outras formas e concepções em que o homem tenta desesperadamente usurpar o trono de Deus; alguns conscientes, outros nem tanto) subverte algo do cristianismo para moldar a idéia de que todas as concepções são legítimas, de que todos os caminhos são aceitáveis, vistos que eles ensinam e se preocupam apenas com o bem-estar do homem; então, a cosmovisão que proclama o estado de depravação e iniqüidade do mesmo homem e a completa soberania de Deus tem de ser combatida a fim de se resguardar a integridade da criatura.

Logo, não há lugar para a ortodoxia cristã, nem para Deus como o ser supremo, justo e santo, que irá julgar esse mesmo homem; não há chance de salvação além dele mesmo, e muitos consideram desnecessária a própria salvação na toda poderosa e suficiente super-humanidade.

Por isso, entre os cristãos, criou-se a imagem de um deus paspalhão, um sentimentalóide tosco e tolo que acaba por se sujeitar ao padrão estabelecido pelo homem, e do qual o próprio homem desconhece quais serão as suas conseqüências, mas de uma forma estúpida, arvora-se uma tranquilidade bovina. Esse deus não é reconhecido na Escritura, nem em momento algum é visto ou descrito por ela; por isso eles têm a necessidade de, primeiro, relativizar e desqualificar o texto bíblico como a fiel palavra de Deus; colocando-a somente como mais um manual ético-moral entre tantos outros criados pela mente humana. Inclui-se a destruição de qualquer aspecto sobrenatural e histórico em suas páginas, e a revelação divina nada mais é do que "contos da carochinha" ou alegorias extraídas da nossa capacidade criativa. E assim o homem estará pronto a exercer a sua credulidade em qualquer coisa e em qualquer um; imitando a si mesmo num exercício de não-convicção-não-fundamentada na revelação especial e racional do Deus vivo.

No mundo subjetivo, onde as "verdades" são mutáveis e adaptáveis à corrupção, qualquer defesa do cristianismo bíblico deve ser combatida. Por isso o empenho em erradicar algo tão divisor, sectário e que define claramente o caráter de cada decisão e ação, julgando-a à luz da Palavra, anunciando-a verdadeira ou revelando-a enganosa. 

Por isso o Estado, com a falsa premissa de ser laico, torna-se antireligioso, mas não o suficiente para impedir que "técnicas" religiosas se convertam em métodos "científicos" aplicados à satisfação humana. A prova está na aceitação pacífica da yoga, da acupultura, da ecologia (o culto pagão da deusa "Gaia") , e tantas outras “técnicas” holísticas como o padrão aceitável de espiritualidade humana, aparentemente neutra, aparentemente inofensiva, mas que em seu cerne contém apenas destruição. Ao financiá-las e propagandeá-las o que se tem é a subversão “pacífica” dos valores cristãos, através da implementação e institucionalização de formas religiosas inclusivas e não-conservadoras. É como colocar o gato, o rato e o cão na mesma caixa e esperar que vivam pacificamente, sustentando-se apenas com a idéia de que o outro é ele mesmo, e vice-versa.

Como o Cristianismo proclama a necessidade do novo-nascimento, da regeneração, da santificação, ao ponto em que o homem espiritual derrote o homem carnal e seja semelhante ao nosso Senhor Jesus Cristo, e por Ele seja reconhecido como tal, nada mais funcional do que fazer todos acreditarem que a fonte salobra é algo fresca e pura, e assim, ninguém jamais saberá a diferença entre o líquido que mata e aquele capaz de dar vida. 

Portanto todas as formas que possam se fundir ao humanismo são aceitas, exceto o Cristianismo Bíblico, ortodoxo e histórico, o qual não é antropocêntrico, mas teocêntrico; e por isso, deve ser destruído, já que em seu escopo não existe a menor possibilidade de comunhão entre luz e trevas.  

17 janeiro 2010

Ponto de Fuga
















Por Jorge Fernandes Isah

Ano novo começado, já as portas de se vencer o janeiro, e estou a me perguntar: o que nos aguardará nos próximos onze meses e alguns dias? Em que condições a igreja evangélica deixará o país ao fim-do-ano? Será que a expansão numérica dos evangélicos no Brasil tem-se refletido em luz, ou "tudo continua como dantes no quartel do Abrantes"? Com os evangélicos não fazendo diferença, nem salgando o mundo?

Quais mudanças serão percebidas na sociedade? Ela terá refletida a sabedoria e santidade bíblicas? Terá se tornado moral e eticamente aprovada? A defender a vida e os princípios estabelecidos por Deus em Sua palavra? 

Ou a expansão numérica servirá apenas para aproximar a igreja cada vez mais do padrão do mundo (através da invasão de incrédulos e suas perversões no seio da igreja; e o que é pior, a aceitação passiva por parte daqueles que se dizem cristãos e defensores da fé bíblica)? A interagir e se fundir com o secular de tal forma que não se distingue o aparentemente santo do profano?

Até que ponto, o triunfalismo e o otimismo com as possibilidades de um Brasil evangelizado é realidade ou ficção? Especialmente quando se sabe que a maior parte das pregações têm sido antibíblicas e não-cristãs? É possível se pregar o antievangelho e ainda assim evangelizar em moldes verdadeiramente cristãos? Ou estamos a misturar as coisas, sem saber o que fazemos, guiados por egos inflados, por doutrinas espúrias, com o objetivo de saciar a sanha indolente das criaturas? Sem glorificar o Criador e Senhor?

Há muito tempo se ouve a frase: o Brasil para Cristo! Mas o que pregamos é Cristo crucificado, ressurreto e que está à destra do Pai governando o mundo, ou o anticristo?

Até que ponto, igrejas preocupadas com atividades sociais, de lazer, empresariais, mercadológicas, envoltas pelo pragmatismo e a busca de resultados estatísticos e financeiros podem estar comprometidas com Deus e Sua palavra, ao ponto em que ela transborde e seja impossível não proclamá-la?

Até que ponto, as igrejas estão preocupadas em pregar o arrependimento? E, assim, somente assim, reconhecendo-se nu e miserável o homem poderá quedar-se submisso diante do Deus Todo-Poderoso, santo e justo? Pois sem arrependimento não há novo-nascimento, e sem novo-nascimento como será possível ver o reino dos céus?

Até que ponto, um povo obstinado em rejeitar a Deus pode ser chamado de cristão? Como está escrito: “Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar” [Jr 5.3].

Até que ponto, o Evangelho estará soterrado pelo humanismo? E se tornará irreconhecível como a mensagem do Deus Vivo?

Até que ponto, continuaremos assentados confortavelmente em nossas poltronas sem clamar, interceder e orar pelas almas escravizadas do pecado? E por milhões cegados pelo deus deste mundo?

Até que ponto, todo o nosso entendimento e rigor doutrinários estarão realmente a serviço do Reino de Cristo?

Até que ponto, satisfaz o que temos e não o que damos?

Até que ponto, continuaremos soldados na caserna, enquanto a guerra se desenvolve no campo?

Até que ponto, ser cristão é não ser cristão?

O compromisso dos que são de Cristo é seguir os passos do Mestre, para que se dê muitos frutos, senão, será cortado e lançado "onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" [Mc 9.48]

Quantas vezes é preciso ser vomitado? Por não ser frio nem quente, mas morno? Julgando-se rico, quando se é desgraçado, miserável, pobre, cego e nu? 

“Sê pois zeloso, e arrepende-te” [Ap 3.19].


16 janeiro 2010

Resultado do Último "Sorteio de Livros" e Nova Promoção























Resultado do Último Sorteio:

Os ganhadores da promoção "Sorteio de Livros" organizada pelo site Internautas Cristãos, pelo blog Kálamos e Voltemos ao Evangelho, foram:

1) Kit 1 - "A Soberania Banida" - André Leonardo Venâncio - SP;

2) Kit 2 - "Sansão e Sua Fé" - Reginaldo Santinoni - SP;

3) Kit 3 - "O Peregrino" - Judson Milhomem Silva - PI;

4) Kit 4 - "A Peregrina" - Michelle Ramos Barbosa - PE;

5) Kit 5 - "Nascido de Novo" - Josué Macário dos Santos - PR.

Aos contemplados, parabéns e boa leitura!


    Nova Promoção:

As inscrições já iniciaram, e vão até o dia 14 de Fevereiro de 2010. Serão sorteados 4 kits, assim mais pessoas têm chances de ganhar. Veja os livros que serão sorteados:


KIT 1 - "Sermões em Efésios", de João Calvino - Editora Monergismo







KIT 2 - "Piedade com Contentamento", de Vincent Cheung - Editora Monergismo 








KIT 3 - "Por Que os Homens São Salvos?", de Charles H. Spurgeon - Editora Monergismo









KIT 4 - "Os Dez Mandamentos", de Arthur Pink - Editora Monergismo


08 janeiro 2010

Autofilia





















Por Jorge Fernandes Isah



Tornou-se comum entre os crentes frases do tipo:  

“Não olhe para mim, olhe para Jesus”.

Mas seria ela e suas corruptelas uma verdade?

Digamos que... parcialmente, pois contém apenas uma fração da verdade.

Devemos olhar sempre para o nosso Senhor, pois é Ele quem nos dirigirá, revelando-nos, segundo a Escritura, a Sua vontade [para nós e nossos semelhantes] como Aquele que é o autor e consumador da nossa fé [Hb 12.2]. Contudo, isso não quer dizer que não devamos olhar para os homens, nem aprender com seus exemplos, seja imitando o que fazem de bom, e rejeitando prontamente seus erros, não incorrendo neles, tudo segundo e sob a luz das Escrituras Sagradas.

Muitos se utilizam daquela frase com o nítido intuito de justificar seus erros; alguns até mesmo para encobri-los, quando devíamos seguir o exemplo de Paulo: “Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores” [1Co 4.16].

Estaria o apóstolo tão cheio de si mesmo que proclamaria uma blasfêmia? Comparar-se a Cristo? Estaria envolvido pela vaidade e o orgulho a ponto de afirmar a necessidade dos coríntios serem como ele? Qual o fundamento de Paulo para tal afirmação? Não estaria o homem louco e dominado pela auto-exaltação?

Vejamos algumas características do apóstolo:

1)     Paulo estava crucificado com Cristo [Rm 6.6, Gl 2.20a].

2)     Paulo tinha a mente de Cristo [1Co 2.16].

3)     Paulo tinha o Espírito de Cristo [Rm 8.9].

4)     Paulo era imitador de Cristo [1Co 11.1].

No mundo atual, todos se querem originais, mas são exatamente os que se dizem originais que descambam para as esparrelas do diabo, os velhos ardis com que sempre os pegou; na pretensão de serem, digamos, únicos, singulares, acabam por repetir vulgarmente o que tornou satanás em pai da mentira e homicida desde o princípio, o qual "não se firmou na verdade, porque não há verdade nele" [Jo 8.44].

A mesma originalidade que fez Adão e Eva cairem; Caim matar seu irmão Abel; os homens contruírem a Torre de Babel; desprezarem os alertas de Nóe quanto ao julgamento divino; matar os profetas que proclamavam a Palavra de Deus; convencer Davi a assassinar covardemente um soldado a fim de adulterar com sua esposa; a crucificar Cristo; perseguir a igreja e matar os santos; implementar heresias, corrupções e formatar os antievangelhos com o nítido objetivo de dispersar o rebanho do Senhor, como se fosse possível espalhar aquilo que Cristo juntou pelo poder do Seu sangue na cruz [At 20.29].

Paulo não se envergonhava de ser como Cristo, pelo contrário, ele desejava ardentemente sê-lo, “esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” [Fl 3.13-14]. E o alvo era viver para e pelo Evangelho, o qual chamou apropriadamente de “meu evangelho” [Rm 2.16]. 

Novamente, parece que o apóstolo está envolto em soberba e arrogância, buscando uma autopromoção, porém, creio que para cada um de nós, os crucificados com Cristo, o Evangelho é nosso também, pois por ele fomos salvos, vivemos e seremos glorificados eternamente.

Antes de jactar-se em si mesmo, Paulo estava a glorificar Cristo, arraigado ao desejo de se parecer e ser semelhante ao seu Senhor. Ao invés de orgulho e vaidade, temos submissão e obediência, ao ponto de o termo “imitador”, algo tão desprezível em nossos dias, ser apontado por Paulo como uma virtude, uma qualidade dos que estão em Cristo, e são guiados por Ele.

Então, quando o apóstolo exorta a igreja a imitá-lo, o faz pelo privilégio de pertencer a Deus, mas não somente por isso, mas porque vivia não mais ele, mas Cristo nele; e a vida vivida na carne, vivia-a pela fé do Filho de Deus, o qual o amou, e se entregou a si mesmo por ele [Gl 2.20b]. O apóstolo tinha o legítimo direito de admoestar os crentes a serem seus imitadores, assim como ele era de Deus, pelo amor com que Cristo o amou em oferta e sacríficio a Deus [Ef 5.1-2].

E nós? Podemos pedir para que os irmãos nos imitem assim como imitamos Cristo? Ou nossa consciência nos diz para eles não fazerem isso? Por quê? Não será que nos esquecemos de seguir o exemplo de Paulo e imitar o Senhor? Ou estamos preocupados demais em imitarmos a nós mesmos, em nossas mentiras, orgulhos, vaidades, pretensões e objetivos nitidamente antibíblicos?

Se Paulo não vivesse a verdade seria facilmente confrontado. Não teria a autoridade apostólica reconhecida. Nem teria suas epístolas citadas por Pedro como parte das Escrituras. Se Paulo tivesse uma falsa vida cristã seria rejeitado pela igreja, a mesma igreja que o acolheu e reconheceu a regeneração operada pelo Espírito Santo naquele que antes a perseguia.

Na verdade, quando alguém afirma: “Não olhe para mim, olhe para Cristo”, está rejeitando em seu coração o próprio Evangelho; está se colocando vergonhosamente como alguém que não precisa seguir exemplos, e nem mesmo pode ser um; que se considera autosuficiente em si mesmo, e pode recusar qualquer conselho, exortação ou ensinamento, pois não se deve olhar para mais ninguém; e nisso, muitos acabam erroneamente por segui-lo... Contudo, Deus é um desconhecido para essa espécie de crente, o que nos levará inevitalmente à seguinte pergunta: como esse “super-homem” pode olhar exclusivamente para o Senhor, conhece-lO e a Sua vontade, se não se enquadra nas características de Paulo?

Ele:

1)     Não está crucificado com Cristo.

2)     Não tem a mente de Cristo.

3)     Não tem o Espírito de Cristo.

4)   Não é um imitador de Cristo.

É possível?

Como está escrito: “haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos... Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te” [2Tm 3.1-2,5].

Assim se constrói uma mentira, a de que não devemos seguir os homens, nem ouvi-los, nem lê-los, nem espelharmos naquilo que de bíblico fazem. Ao contrário dos irmãos de Beréia que ouviam Paulo atentamente, mas confirmavam se tudo o que dizia estava nas Escrituras, a maioria está mais preocupada em viver uma vida à margem da Bíblia. Como bandoleiros e usurpadores da palavra; como se o testemunho cristão fosse algo irrelevante, descartável, inalcansável. E, nisso, tentam fazer de Deus mentiroso, para a própria condenação.

É uma via de mão-dupla:

1)     Não se segue ninguém, porque assim pode-se viver a vida que quiser, à revelia da Escritura, sem que nada ou alguém o leve a imitar Cristo;

2)     E não se corre o risco de ser imitado, e assim não é necessário aprimorar-se na palavra e no conhecimento de Deus. Pode-se ser o que sempre foi sem medo de ser importunado.

Sendo ainda possível:
1) Se considerarem em tão grande conta no seu orgulho que desprezam a igreja. Dizem:  "Ela não é perfeita... ninguém é perfeito... então, por que devo olhar para os homens?"

Esquecem-se de que a igreja julgará o mundo juntamente com o Senhor, e de que, se não olharmos para ela, com seus erros e acertos, sendo capazes de apreender o bem e rejeitar o mal, não haverá purificação, porque Deus utilizará exatamente os meios humanos para torná-la santa e perfeita. De tal maneira que a multiforme sabedoria divina seja agora conhecida dos principados e potestades nos céus, através da igreja, "segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor" [Ef. 3.10-11].

A falácia do não seguir os homens está em acordo com o individualismo, o egoísmo e o humanismo que têm permeado a igreja nos últimos tempos. Já imaginou se os discípulos do Senhor tivessem esse pensamento, visto ser Jesus homem (sem se esquecer da sua deidade)? Já imaginou se os discípulos, pelo fato dEle ser também humano, desprezassem seus ensinamentos e mandamentos? E como a igreja se iniciaria, progrediria, sendo pastoreada por homens simples e incultos como Pedro, Tiago e João? Mas, que tinham a sabedoria que vinha do céu? Haveria uma Igreja de Cristo? Haveria proclamação do Evangelho? Haveria salvação? Santificação? E Cristo teria um corpo? E o Noivo, a Noiva?

O Evangelho foi pregado por homens divinamente inspirados e guiados. Hoje, o Evangelho progride por homens igualmente inspirados e guiados pelo Espírito Santo. Assim como devemos orar e clamar a Deus para que Ele nos capacite e aperfeiçoe ao ponto em que outros sentirão o desejo de nos imitar. Não para a nossa glória pessoal, mas para a glória de Deus, que a cada dia nos faz mais semelhantes ao Seu Filho Amado, Jesus Cristo. Se você não crê nisto, a sua fé está posta em outro deus, não no Deus Vivo e Todo-Poderoso.

Não seguir os homens naquilo em que são bíblicos, fará seguir os que não são bíblicos. E esta não é a vontade de Deus, mas somente outra forma do maligno aprisioná-lo.

Nota: Autofilia = estima exagerada por si próprio; egolatria  (Do gr. autós, «próprio» +philía, «amor; amizade»)

02 janeiro 2010

Perdas e Ganhos

 













Por Jorge Fernandes Isah 

Quase todo mundo se dispõe a fazer um balanço de fim-de-ano.  Mesmo que irrefletidamente, muitas conclusões são tiradas, e de forma geral, consideramos o ano produtivo se houve algum “ganho” substancial em nossa vida, seja financeira, profissional, acadêmica, familiar... Por outro lado, tem-se a impressão de “perda” quando há um revés e nos endividamos, somos demitidos, vamos mal na faculdade, ou existem sérios problemas em casa, seja a morte, a doença ou desequilíbrios gerais. É sempre assim. E para afogar as tristezas ou comemorar a esperança de futuras conquistas, enche-se a cara e a pança de muita bebida e comida, os ouvidos de música (invariavelmente, de péssimo gosto), o ambiente de gritos e foguetes ensurdecedores. Poucos se submetem ao silêncio, à reflexão, a oração e agradecimentos.

No exato momento em que escrevo este texto, há uma disputa açular entre os meus vizinhos, para ver quem tem o som mais potente, o pior gosto musical e a maior falta de educação. Tudo neste mundo tem sido muito barulhento, espalhafatoso, brutal e detidamente sem escrúpulos; ao ponto em que boa parte da igreja evangélica se rendeu aos apelos seculares, seja com carros de som e suas centenas de decibéis propagandeando esse ou aquele culto libertador, esse ou aquele pastor curador, esse ou aquele show abençoador, essa ou aquela promessa sedutora... ou a chacota nas rádios, tvs, e a impudência de muitos púlpitos. A maioria deles não passaria pelo Código de Defesa do Consumidor, e seria facilmente enquadrado nos casos de propaganda enganosa. Promete-se o céu quando se vende o inferno e as mais abissais masmorras...

Mas o assunto é outro. 

Na verdade, como todo mundo, decidi fazer um balanço da minha vida. Não no crepuscular e já defunto 2009. Mas no primeiro dia de 2010. E onde cheguei?

Apesar de virar a noite em oração, em leituras bíblicas, em entoar hinos do Cantor Cristão, sinto que é muito pouco. É claro que não estou a desmerecer a comunhão com Deus pela oração, nem o conhecimento da Sua vontade pela Escritura, nem de louvá-lO pelo hinário. Não é isso. Acontece que Deus tem sido demasiadamente misericordioso para comigo, ao ponto em que tenho percebido o crescimento intelectual e racional através da Bíblia, ainda que apenas esteja engatinhando [1]. Sei que pela ação do Espírito Santo tanto o conhecimento divino como a Sua vontade têm sido revelados. Não por algum mérito ou esforço pessoal, mas, como disse, pela exclusiva e infinita misericórdia e bondade divinas.

Do ponto de vista teórico, Deus tem me capacitado a entender e compreender a verdade, como opera e os propósitos que alcançará infalivelmente. Porém, fiz-me a seguinte pergunta: estou mais semelhante a Cristo? O quanto de Cristo foi acrescido a mim, para parecer mais com Ele e menos comigo? A resposta foi: ainda que tendo a mente de Cristo, falta-me muito, mas muito mesmo para, um dia, ser conformado à Sua imagem. O que me trouxe inicialmente esmorecimento e tristeza... vergonha mesmo, pois, espiritualmente, sinto-me estagnado, inerte, sem produzir os frutos necessários a glorificá-lO através da minha vida. 

Falei de Cristo para as pessoas? Sim. Aconselhei crentes e incrédulos segundo a Sua palavra? Sim. Orei por muitos? Sim. Distribui Bíblias e livros? Sim. Amei, servi, fui paciente, auxiliei? Sim, claro que sim! Então, porque me sinto frustrado? Não seria porque a maior parte do tempo estava envolvido com os meus problemas, comigo mesmo e não tive tempo ou não quis orar? E acabei por orar muito menos do que podia e devia? Não tive tempo ou não quis meditar na Escritura, e acabei por negligenciá-la? Não tive tempo ou não quis visitar um enfermo, e acabei por esquecê-lo? Olhei para aquele homem ou mulher que necessitavam do Evangelho, e silenciei-me? Não levei esperança a quem precisava de esperança, e egoisticamente guardei-a para mim? Por timidez, medo ou vergonha não intervim e refutei os ignorantemente blasfemos? Por esses e outros motivos não fui neste dia e no ano nada mais do que um covarde, acomodado em minha fé, em minha salvação, acreditando estupidamente que essa é a vontade de Deus. Mas não é, “porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos” [Rm 8.29]

O que Deus quer é que eu viva como um eleito, como co-herdeiro de Cristo, e a segurança seja para mim o estímulo ao trabalho e não uma espécie de aposentadoria prematura [2Pe 1.10]. Se o crente negligenciar a sua eleição, ele não é um escolhido; pois dele se espera coisas melhores, e coisas que acompanham a salvação, porque Deus não é injusto para se esquecer da obra e do trabalho realizado por amor do Seu nome [Hb 6.12].

Sei que não depende dos meus esforços eu ser como Cristo, no sentido de que efetivamente não posso produzir uma nova natureza e semelhança com o meu Senhor, porém, isso não me exime de desejar sê-lo, e imitá-lo, cumprindo assim a vontade de Deus, tornando meu o que é dEle [Ef 5.1]

Não é um desabafo, mas uma constatação. Nem tampouco uma demonstração de auto-indulgência, mas a certeza de que em mim não há nada que agrade a Deus, pois com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem” [Rm 7.18]. Exatamente porque o bem somente se concretizará na minha vida pelo poder de Deus operando em mim, e não por alguma possibilidade de produzi-lo por meios próprios, seja pela vontade, seja por algum dom ou exercício. Se Deus não o fizer, nada que eu faça resultará no bem. Foi assim que o Senhor disse a Paulo: “A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” [2Co 12.9a]. Ao que o apóstolo respondeu: “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” [2Co 12.9b].

Tudo em nossas vidas é sempre obra de Deus. Não importa se eu quero, faço ou desejo, porque Deus é o que opera tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade [Fp 2.13]. Contudo, alheio à questão da liberdade, eu tenho de querer, desejar e fazer, senão serei responsabilizado por minha desobediência em não querer, não desejar, não fazer. No final, o que importa é isso: viver segundo a vontade de Deus [1Pe 4.2], gerado pela palavra da verdade, para ser as primícias das suas criaturas [Tg 1.18],  aperfeiçoando-me em toda a boa obra, operando em mim “o que perante ele é agradável por Cristo Jesus” [Hb 13.21].

Portanto, quero continuar a ler, meditar e aprender nas Escrituras, “segundo a promessa da vida que está em Cristo Jesus” [2Tm 1.1], pedindo para ser cheio do conhecimento da Sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para andar “dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus... dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz” [Cl 1.9-10, 12]; para ser o homem perfeito em Cristo, assim como Cristo é perfeito e nos tem por cumprimento da Sua promessa: “quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” [1Jo 3.2 b].

Neste ano, mais do que nunca, que eu possa considerar todas as coisas como perdas para ganhar a Cristo [Fp 3.7].

Nota: 1- Não podia esquecer de agradecer pela vida dos autores de obras impressas e virtuais, bem como a muitos irmãos e amigos que têm sido auxiliadores no conhecimento de Deus, Sua obra e vontade. Não é possível citar um a um, mas o bom  Deus conhece aqueles que o amam, "sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer" [Ef 6.8].

21 dezembro 2009

Cartão de Visitas Não é Tudo










Por Jorge Fernandes Isah [1]

É interessante como o discurso liberal não passa de retórica, onde todas as grandes virtudes servem apenas como “passaporte” para o pecado e "livre-acesso" à libertinagem, e, em última instância, o descrédito da palavra de Deus como infalível, inerrante e inspiradamente divina [na verdade, é o motivo principal]. Não passando de uma estratégia real para se dar vazão à carne, para acomodá-lo a uma distância segura o [in] suficiente para não ver o Deus bíblico e Seus mandamentos, sem que haja a chance da [in] consciência acusá-lo; ainda que não seja possível em nenhum momento estar fora do alcance da mão e da justiça divinas.

O objetivo é desqualificá-la como a palavra fidedigna e revelação especial de Deus, a única capaz de levar o homem a conhecê-lO e a Sua vontade e, da mesma forma, o único canal possível de levar o homem ao conhecimento próprio, da criação, e de tudo o mais no universo que está diretamente relacionado ao Criador. O intento é o de transtornar e converter a verdade e, em seu lugar, instalar o falso deus criado pela mente caída do homem, como uma reprodução e projeção de si mesmo erguida no altar da idolatria e da blasfêmia; onde se quer ser comparado a Ele quando se é apenas uma tola, miserável e insignificante criatura, pois "todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menor do que nada e como coisa vã" [Is 40.17].  

Mesmo assim, diante da completa impossibilidade de haver algo semelhante ou comparável a Deus, há os que se consideram "divinos", ao tentarem diminuí-lO até o patamar mais baixo que o ceticismo possa levá-los. Entre outros, são os liberais declarados, aqueles que não se escondem e estão dispostos a revelar toda a sua incredulidade, travestida de racionalismo puro, empirismo autorrefutável e axiomas certamente improváveis e ilógicos, a levarem a efeito esse trabalho. Sabemos quem eles são, onde estão, e o que planejam detidamente realizar em prol de suas convicções insanas e espúrias, e, quem os seguem, sabe muito bem porque está a segui-los; não há enganados e distraídos, há apenas tolos, cegos e soberbos sectários.[2] 

Portanto, a preocupação se volta para os liberais que se têm travestido de ortodoxos e se infiltrado sorrateiramente nas igrejas, congressos, seminários, editoras, sites e blogs aparentando piedade, quando o propósito é somente um: traiçoeira e subliminarmente, em doses homeopáticas, aplicarem nos incautos o vírus da descrença, o ódio a Cristo, a “desglória” a Deus e o desamor ao próximo. Os efeitos não são percebidos até que se tenha erigido um trono onde o homem  seja "deus", e todas as respostas partam dele para ele mesmo, à margem da razão baseada nas Escrituras, e a devastação se instala de tal forma que não sobra nenhuma ovelha para contar história. Acaba por ser muito tarde para qualquer tentativa de restauração, porque as consciências foram dominadas pelo ego intransigente e doentio do novo "deus".

Tudo começa ao serem recebidos de braços abertos, e reconhecidos pelos ortodoxos como irmãos de fé, talvez um pouquinho diferentes apenas [afinal não é preciso concordar em tudo], e com isso estão a ganhar publicidade, notoriedade e respeitabilidade como cristãos acima de qualquer suspeita, alcançando posições de destaque entre os crentes distraídos, que se encarregam de servi-los, afastando os "intolerantes" e seus alertas provocativos e dissensores das decisões, quando não os expulsando sumariamente, seja pela calúnia e difamação, seja pela rejeição pura e simples.Qualquer tentativa de se observar a Palavra, apontando sabiamente as consequências e os danos advindos da não-biblicidade, será imediatamente rechaçada. 

É assim que agem, não querem ouvir, mas apenas seguir o apelo de seus corações corrompidos; e acabam por se tornar em presas fáceis às artimanhas perpetradas pelos falsos mestres, acabam por se desestabilizar, corromperem-se pelas idéias humanistas e antibíblicas, e enrodilhados no estratagema mais dissimulado e sordidamente possível a que o liberal se propõe: fazer-se no que não é para disseminar aquilo que é entre os que não são mas querem ser.

Estão aí, espalhados por todos os cantos, como lobos em peles de cordeiros, como joio a tentar sufocar o trigo; fingindo-se de filhos de Deus quando são bastardos gerados por satanás. 

Como Paulo divinamente inspirado proferiu: "Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra" [Tt 1.15-16]. O conhecimento de Deus fora das Escrituras é impossível, por isso os liberais ao dizer conhecê-lO através dos métodos extra-bíblicos negam-nO, exatamente por não produzirem frutos para a Sua glória, mas apenas colhem para si a corrupção da carne [Gl 6.8].

Infelizmente, quando muitos se assustarem, terão abandonado a sã doutrina e enveredado pelo caminho do engano, da mentira, da impostura, da corrupção, seguindo os adoradores do próprio ventre; os quais, "com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples", levando escândalos à santa doutrina [Rm 16.17-18]. Esta tem sido a nova "cara-de-pau" do mal, uma repaginação ainda mais ardilosa, ainda mais maquiavélica de seduzir e dissuadir os incautos, atingindo mesmo crentes devotados e sinceros [o inferno  está cheio desse tipo de gente: religiosos e a-religiosos inconversos]. O que resultará no endurecimento do coração, e um caminho sem volta à verdade [entendo que mesmo os réprobos podem se beneficiar da verdade, tendo uma vida calma, ainda que nunca sejam regenerados pelo Espírito].

Por isso a Igreja tem a obrigação de estar atenta, e de não se enganar com a aparência, nem julgar em suas bases, mas como Cristo disse, julgar "segundo a reta justiça” [Jo 7.24]; para dispor-se a revelar a face diabólica dos filhos do diabo e rejeitar qualquer forma de união com as trevas, seja colaborando, omitindo ou ignorando; "porque tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te" [2Tm 3.5]. 

Reportando-me ao texto escrito pelo amigo e pastor, Marco Antônio Ferreira, ao aludir a Lutero “que conclamava o povo cristão a se submeter somente à autoridade das Escrituras” [3], este tem de ser o norteador e objetivo primordial da igreja, como aquela encarregada por Cristo de realizar a Sua obra neste mundo. E assim ninguém poderá dizer que errou ou “desviou-se” sem saber, pois desprezar a Palavra significa rejeitar o próprio Deus, e daí, para ser dominado pelas trevas, é apenas questão de tempo para se estar completamente cativo, não a Cristo, mas ao reino do mal.

Então, o que esperar além da cegueira absoluta?... da perdição total?

Lembre-se: o cartão de visitas não é tudo.

Notas: [1] Tive grande ajuda do irmão e amigo Edson Camargo, do Profeta Urbano, na formatação deste texto. 
[2] Transcrevo o comentário do Edson Camargo: "A questão é que há cada vez menos liberais declarados. O ambiente geral de ignorância bíblica e de falta de discernimento os motiva a posarem de ortodoxos, e tem funcionado. Veja quantos blogs de gente ortodoxa dando links para blogs e sites liberais... Veja quantos liberais com colunas nas tais 'revistas evangélicas'... Mas muito disso aí é pensado e planejado. Seja por comunistas, por globalistas, ou por satanistas mesmo. Quando não é tudo isso ao mesmo tempo". 
[3] O texto completo do pr. Marcos A. Ferreira intitulado "Lutero e a Bula de Excomunhão" pode ser lido integralmente AQUI

18 dezembro 2009

Resultado do Último "Sorteio de Livros" e Nova Promoção




















 Por Jorge Fernandes Isah


Resultado do Último Sorteio:

Os ganhadores da promoção "Sorteio de Livros" organizada pelo site Internautas Cristãos, pelo blog Kálamos e Voltemos ao Evangelho, foram:

1) Kit 1 - Fé com Razão e Apologética no Diálogo - Danilo Neves de Oliveira - Goiânia/GO;

2) Kit 2 - Cosmovisão Cristã e Clamor de Um Desviado - Márcio Krenkel - Balneário Camburiú/SC;

3) Kit 3 - Maravilhosa Graça na Vida de William Wilberforce - Robson Inácio da Silva

Aos contemplados, parabéns e boa leitura!


   Nova Promoção:

As inscrições já iniciaram, e vão até o dia 14 de Janeiro de 2010. Serão sorteados 5 kits, ou seja, 5 ganhadores, assim mais pessoas tem chances de ganhar. Veja os livros que serão sorteados:


Para maiores informações, clique na caixa no topo ou em "Sorteio de Livros Participe", vá à página de sorteios e faça a sua inscrição.

10 dezembro 2009

A Incoerência do Livre-Arbítrio






  










Por Jorge Fernandes Isah
 
Primeiro, antes de iniciar as considerações, é necessário definir alguns termos:

a) Livre-arbítrio - crença de que a vontade humana tem um poder inerente de escolha com a mesma facilidade entre alternativas. Ou seja, o poder de escolha contrária ou a liberdade da indiferença. A vontade é livre de qualquer causação necessária.

b) Autonomia - qualidade da vontade ou do intelecto que o capacita a funcionar a favor ou contra qualquer curso particular de ação, por meio disso exibindo uma capacidade inata.

Definições postas, vamos ater-nos aos pontos chaves que levam à incoerência do livre-arbítrio [1]:

A idéia do livre-arbítrio é de que dele depende a responsabilidade humana. Porém, quando se questiona a origem dessa responsabilidade, tem-se como argumento que ela procede do livre-arbítrio. Está formado o argumento circular vicioso.

Para o arminiano, Deus não atropela o livre-arbítrio, logo a vontade humana não tem causação externa. Desta forma, estão asseguradas a integridade e a responsabilidade do homem. Porém, se isso não é tolice, é presunção, porque Deus sempre fará toda a Sua vontade, e nada nem ninguém pode-lhe frustrar a vontade [Is 46.10]; ao passo que o homem é sempre escravo, seja do pecado, seja da justiça [Rm 6.17-18].

A vontade se automove em resposta ao que a mente conhece, e pode causar tanto a ação em resposta às influências como resisti-las. O que me leva à pergunta: se o conhecimento intelectual [aqui incluidas a moral e a ética] será o ponto de partida, o príncipio avaliativo da vontade, como a vontade será livre? Esse conhecimento sempre virá de uma fonte externa e provavelmente virá como um argumento verdadeiro ou falacioso. Se o conhecimento for corrompido, manipulado ou integral, quais são as bases para que ele seja correto? Será possível eu ter esse conhecimento inato do que é certo e errado sem qualquer influência externa? E a vontade não poderá ser "induzida" pelo conhecimento adulterado? Ainda que esse conhecimento seja bíblico, no sentido das informações corretas, o intelecto pode não processá-las legitimamente, e induzir a vontade a uma escolha errada.

Para que o homem pudesse escolher "neutramente", seria necessário que não tivesse nenhum conhecimento, que sua mente fosse vazia, um ponto morto, mas aí entra a questão: como a vontade poderia se decidir sem nenhuma base? Na sorte, deixada a cargo do acaso, seria a opção. Visto a liberdade espontânea do livre-arbítrio somente nos remeter ao acaso. Mas, e como seríamos responsáveis, já que não exercemos nenhuma influência causal na decisão?

Portanto a teoria do livre-arbítrio destrói a responsabilidade em vez de apoiá-la. Como posso ser responsabilizado por ações surgidas de um livre-arbítrio que, pelo fato de ele ser livre, não está também sob o meu controle? [nem sob o controle divino também, ao ver do arminiano].

Se um argumento pode levar a vontade a se decidir, onde está a neutralidade moral? O argumento causou a escolha. A própria Bíblia deveria ser desconsiderada pelo "livrearbitrista", visto ser ela a fonte da Lei Moral, a qual estabelece o significado de bem e mal, e levá-nos a compreensão do que é a santidade e o pecado. Ela nos influenciará decididamente na escolha entre o que é santo e o que é pecaminoso. Logo, onde está a neutralidade? E ficam perguntas: Deus é neutro? As Escrituras são neutras? O mundo é neutro? Em qual aspecto da vida, seja eterna ou temporal, se percebe neutralidade moral? Ou se está sob a influência do bem, ou sob a influência do mal. Não existe nada que seja moralmente neutro, que pratique atos neutros [sem efeito algum]. Portanto é ilógico dizer que a vontade humana seja neutra, visto sê-la influenciada por Deus ou satanás. Senão, porque Davi, Isaías e Paulo diriam que todos pecaram [todos!] e destituídos estão da glória de Deus? [Sl 14.2-3; Is 59.2-11; Rm 3.23, 5.12]. Se todos pecaram, somos todos pecadores, a nossa vontade está corrompida, deteriorada, sob a influência do pecado e sem a menor possibilidade de ser neutra, e poder escolher o bem. Para que o arminiano não concorde com isso, ele terá de rejeitar a Bíblia como a palavra inspirada de Deus.

A questão não é se podemos escolher, mas como e de que forma escolhemos. E se somos pecadores, a nossa escolha será sempre na direção do pecado,"porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser" [Rm 8.7]. Desta forma, a Bíblia afirma que o homem natural é um pecador, o qual é desprovido da capacidade de obedecer a Deus, tornando-o moralmente responsável, tenha ou não capacidade moral. O homem será sempre condenável diante de Deus se não obedecê-lO, ou seja, a desobediência aos princípios morais estabelecidos pelo Criador é que o tornam responsável por seus delitos. A responsabilidade moral não está baseada na capacidade moral [que o homem natural não possui] ou no livre-arbítrio [que nenhuma criatura possui], mas na autoridade e soberania de Deus que determinou a não-obediência aos Seus mandamentos como a causa pela qual o homem será condenado e tornado indesculpável.

Por isso, pode-se afirmar seguramente que o livre-arbítrio é indefensável, ilógico e não-factível. A vontade humana é livre em qual sentido? Por exemplo, um hindu que nasceu no hinduísmo e cuja família se submete ao regime de castas, e crê na divindade de um inseto, qual seria a sua capacidade natural de não escolher adorar ao inseto? Para que isso acontecesse, ele teria de ser confrontado pela verdade, e reconhecer que tanto o sistema de castas como a adoração ao inseto é uma tolice, uma mentira que o quer manter escravizado na ignorância de Deus.

Se ele não for confrotado pela verdade [e a verdade é externa], ele jamais se livrará da mentira. Por que a mentira é o que ele tem por verdade, transmitida por sua família e clã [externamente] e o influenciará a sempre pensar nos seus pressupostos como verdadeiros, quando o que tem são falsas premissas a induzi-lo ao engano.

Onde está a neutralidade para que ele possa escolher livremente? Se o livre-arbítrio é o movimento da mente em certa direção, a neutralidade poderia levá-lo a essa direção? Ou as influências externas à mente, as quais está sujeito, determinarão a sua decisão? Então, está claro que esse movimento da mente não é livre, e de que ninguém toma decisões livres, mas todas elas estão sujeitas à influência, a fatores causais.

Muitos arminianos têm certeza de que possuem o livre-arbítrio, apenas porque presumiram tê-lo; e garantem que não sofrem nenhuma espécie de influência em suas decisões "livres". Porém, fica a pergunta: quem tem a certeza de que não está sujeito, ainda que minimamente, a influências que afetariam a sua vontade? Por exemplo, estar sob o efeito de medicamentos, bactérias e vírus, ou sob a ação de partículas subatômicas ou  cósmicas. Ou seja, para que essa neutralidade fosse "livre" teria que, no mínimo, ser onisciente e conhecer exautivamente tudo afim de se ter certeza de não haver alguma causa a operar sobre a vontade humana; muito antes de ser confrontado pela cosmovisão cristã. Como nenhum ser humano é onisciente e apenas Deus o é, o livre-arbítrio não pode levar jamais o homem a uma escolha neutra, sem influências ou antecedentes, sem que se detenha qualquer pressuposição.

Para que a escolha fosse neutra, era preciso que não houvesse o sentido de bem ou mal [a Lei Moral]. O hindu, sobre a influência do hinduísmo, entenderá o mal como o bem, e o bem como o mal, "fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" [Is 5.20]. Por si só ele jamais poderá compreender e entender [interiormente] o significado verdadeiro e real do que é bem e mal a fim de escolher entre um e outro.

O livre-arbítrio em si mesmo não detém nem o bem nem o mal, como algo neutro manteria o indivíduo numa posição de não-escolha, de não-vontade, onde ele permaneceria num ponto vago, numa posição sem solução, incapaz de se definir, porque nada lhe é indentificado; e assim, se está nesse ponto morto, como será levado a agir? Em que bases? Se é neutra, não é causada, logo, qualquer semelhança com o acaso não é mera coincidência. E se a mente é levada a agir pelo acaso, como poderá ser responsabilizada?

A afirmação, "se nós não temos o livre-arbítrio, não podemos ser responsáveis pelas nossas ações", é verdadeira? Em qual sentido? Quem a provou como verdade? E uma pergunta muito mais explícita ainda: à luz das Escrituras, qual a relação entre responsabilidade e liberdade? Onde elas aparecem, e onde estão especificadas a sua conexão?

São perguntas que o arminiano não se dispõe a responder. Para ele, basta estabelecer o axioma, e pronto. Provar, para quê?

Por essas e outras, o livre-arbítrio é incoerente, e incapaz de levar o homem a lugar algum. Como teoria autonomista não encontra respaldo bíblico, sustentando-se apenas e tão somente pelo seu apelo humanista, ou seja, antibiblicamente; porque nada mais é do que o desejo de se ter um poder para decidir independentemente, chegando à blasfêmia de se cogitar mesmo uma autonomia de Deus. O que não passa de uma estúpida pretensão ou delírio diabólico, cujo único objetivo é tornar o homem num "deus" independente e livre de Deus. O que felizmente é impossível.

Nota: [1] Boa parte destas conclusões se devem ao livro "A Soberania Banida" de R. K. McGregor Wright, publicado pela Cultura Cristã; e diversos livros e textos de Vincent Cheung publicados pela Editora Monergismo.
[2] Leia os meus comentários ao livro em O Que Estou Lendo... Ou Li