12 janeiro 2013

Estudo sobre a Confissão de Fé Batista de 1689 - Aula 41: É pecado jurar?



Por Jorge Fernandes Isah



O irmão Bruno fez um questionamento, após a aula passada, ao qual julguei procedente considerar um esclarecimento aqui. Durante a nossa aula, foi dito que o membro da nossa igreja deveria jurar a Deus que aceitaria, cumpriria e defenderia a declaração de fé da igreja. Então, ele me perguntou:

- Mas a Bíblia não diz que o crente não pode jurar? - Certamente se lembrando do Sermão do Monte.

Eu disse-lhe que não, que não há a proibição, mas sem muita convicção, naquele momento. Decidi estudar um pouco, ontem, sobre o assunto e cheguei à conclusão de que a minha resposta estava correta, ainda que proferida sem a base bíblica claramente definida. Portanto, começaremos lendo o trecho de Ex. 20.7, cujo texto é repetido em Dt 5.11: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão”.

Agora leiamos o Sermão do Monte, onde o Senhor Jesus diz: “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” [Mt 5.33-37, consonante com Tg 5.12].

O que temos aqui? Uma expressa proibição do Senhor para que não juremos? Ele está a ordenar-nos que qualquer jura é pecado ou se refere a um tipo específico de juramento? É o que veremos a seguir. Mas primeiro, definamos o termo, segundo o Michaelis:

Juramento: "1 Ato de jurar. 2 Afirmação ou negação explícita de alguma coisa, tomando a Deus por testemunha ou invocando coisa sagrada". 

Temos, no Antigo Testamento, a afirmação clara de que o homem não deve jurar em vão, ou seja, ele não pode jurar sobre algo que não pode cumprir, e se jurar, deve fazê-lo, certo de que tem de cumpri-lo, do contrário ele profanará o nome de Deus. Veja que o juramente é sempre em nome de Deus, e não em nome de alguma outra coisa. Não podemos jurar em nome de nós mesmos, pois somos inconstantes e seres caídos, sem autoridade. Nem podemos jurar em nome de outro elemento da natureza, seja o céu, a terra, as árvores, etc., porque, ao fazê-lo, colocamos o nosso juramento sobre algo criado, que em si mesmo não é fonte de nenhuma autoridade, e acabamos por invocar implicitamente o nome de Deus, que é a origem de tudo o mais, o criador de todas as coisas, e é por ele que elas vieram a existência e têm a glória e o poder que ele as deu. Ao fazê-lo, acabamos por jurar implicitamente, de uma forma ou de outra, em nome de Deus, que o princípio de todas as coisas e a causa primeira da criação.

O Senhor Jesus ordena que não se jure por nada criado, visto que os judeus, com o decorrer do tempo, usaram o artifício de jurar em nome do céu, da terra, do templo, em substituição ao juramento em nome de Deus; já que se recusavam e proibiam a pronúncia do nome sagrado, o tetragrama YHVH [Javé]. Com o tempo adotaram a fórmula de jurar em nome das coisas criadas, como um subterfúgio, um estratagema, para resolver o dilema de não se pronunciar o nome divino, considerado impronunciável por qualquer dos homens.

Cristo nos diz que não se deve proceder assim, e que assim o fazendo, cometemos pecado. Entre os judeus, especialmente fariseus, acreditou-se que o juramento, sendo em nome das coisas criadas, possibilitava o seu não cumprimento, de sorte que a autoridade para que determinado juramento fosse considerado válido ou invalido cabia exclusivamente às autoridades do templo. Com isso o homem se tornou, em última instância, a autoridade, aquele que controlava o que se devia cumprir ou não, à revelia do texto bíblico que exortava ao cumprimento de tudo o que se prometia, pois sempre era realizado em o nome do Senhor. Não há juramento que não seja em nome de Deus, pois nele está contido o poder supremo e absoluto, a autoridade absoluta e suprema. Por isso, até hoje, em muitos tribunais, os envolvidos no julgamento são obrigados a jurar dizer a verdade somente a verdade em nome de Deus, com a mão direita estendida e a mão esquerda sobre a Bíblia, implicando que aquela pessoa o está fazendo diante de Deus, em seu próprio nome. O que os judeus fizeram foi uma exceção, uma excrecência à ordem divina, e, agindo dessa forma, estavam em flagrante pecado e desobediência.

Contudo, o próprio Senhor jurou por si mesmo: “Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. Então Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se, e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba. [Gn 22.15-19].
E,
“Porque, quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurasse, jurou por si mesmo” [HB 6.13- ver até o verso 17].

Claramente, o juramento nos remete a Deus, o Criador e Senhor de todas as coisas, ao qual devemos honrar e do qual somos porta-vozes. O profeta antigo, que recebia as palavras diretamente de Deus, e o atual, que as recebe das Escrituras, falam em nome de Deus. E é o nosso dever falar em nome do Senhor; algo que devemos ter sempre em mente, e, assim, pelo nosso falar, somos testemunhas não somente do que Deus diz, mas também daquilo que ele fez em nós. Usar e falar em nome do Senhor, logo, não é pecado, pelo contrário.

Há a ordem explícita para que o homem jure“O Senhor teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás... Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás” [Dt 6.13, 10.20].

Não podemos é usar o nome de Deus em vão, pois quem o faz comete perjúrio [Sl 24.4], a profanação do sagrado, do nome santo de Deus, que é o próprio Deus. 

Em 2 Co 1.23, Paulo invoca a Deus como testemunha de que ele não podia ir a Corinto.

Não devia ser necessário o juramento. O nosso testemunho deveria falar por nós mesmos, de forma que sempre que dissermos sim ou não, a verdade esteja evidente e patente. De que as nossas promessas serão cumpridas e não negligenciadas; de que tudo o que falamos é verdadeiro e de que não mentimos. O juramento é uma forma de confirmar o que está sendo dito, e invocamos a Deus por testemunha daquilo que dizemos ou prometemos. O fato do homem ser mentiroso nos leva a jurar em nome daquele que nunca mente [Rm 3.4]; e por ele, devemos nos guardar da mentira, sendo verdadeiros.  

Notas: 1 - Estudo realizado na EBD do Tabernáculo Batista Bíblico
2- Baixe o áudio desta aula em  Aula 41.MP3onde alguns outros pontos e versos bíblicos, não abarcados neste texto, são abordados. 

11 comentários:

  1. NÃO ME CONVENCEU. JESUS FOI TERMINANTEMENTE CLARO AO DIZER que não se deveria Jurar nem mesmo da forma estratagemática dos Fariseus, - ou seja, nem mesmo este tipo de Juramento é válido. Jesus não veio negar a lei, mas cumpri-la. Eu vejo ele dizendo mais ou menos assim:
    "Vocês ouviram que a lei diz para não jurar falso, ou tomar o nome de Deus em vão; já eu digo a vocês pra irem mais além: além de não jurarem por Deus, não jurem pelo céu, nem pela criação e nem mesmo pela vossa cabeça. Que a vossa palavra seja o suficiente"...

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  2. MAS JESUS FOI ENFATICO AO DISER NAO JURE DE JEITO NENHUM, ENTAO EU NAO POSSO IR CONTRA O MANDAMENTO DE CRISTO.

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  3. Não faz sentido, Cristo deixou bem claro que não devemos jurar por nada, portanto obedecerei a palavra de Cristo

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  4. O juramento nao sera o mesmo q fazeer algum voto.entao segundo o texto d mt 7:1, o jurar se constitui pecado porque violamos um mandamento biblico dado por Jesus.

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  5. Bom, irmãos, até o momento não li ou ouvi qualquer base bíblica para o cristão não jurar. Se o próprio Senhor Jesus, no Sermão do Monte, enumera o porquê de não jurar, não havendo nenhuma referência ao juramento em nome de Deus; e, pelo fato de eu apontar alguns, dentre muitos versos, em que o juramento pode e deve ser feito, entendo a recusa dos irmãos em discordar apenas por uma opinião sem base, facilmente refutada pelos próprios textos sagrados.

    Em princípio, pensei em não lhes responder, dado não haver qualquer oposição sólida, apenas "achismos". Como a maioria foi discordante, faz-se necessário, para outros leitores, assegurar a necessidade de oposição consciente, baseada na Palavra e não no gosto pessoal.

    Particularmente, desde que fui chamado por Deus à fé cristã, nunca mais jurei na vida, o que, contudo, não impede o crente de fazê-lo, bastando a reflexão bíblica se sobrepor aos conceitos pessoas.

    Um abraço.

    Cristo os abençoe!

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    1. Querido Jorge Fernandes Isah; você não apontou nenhum texto, o que você fez foi alterar a ordem dos textos, você primeiro cita o que Jesus fala sobre o "não juramento" e depois coloca textos (principalmente do antigo testamento) que apoiam sua ideia; (depois que Cristo ensinou, não vemos ninguém jurando por nada); portanto, a sua manipulação de texto, nada mais é do que uma forma de manter a sua palavra inicial de que se poderia jurar!
      Mas veja como Deus é bom, mesmo sem você ainda entender realmente que não deve jurar, você mesmo disse que depois que Deus te chamou a fé cristã, você não jurou mais; diante de vossa afirmação, ficamos felizes em ver que mesmo para aqueles que não entendem, Deus opera e faz acontecer!
      Quanto ao que escreveste sobre nenhuma resposta com oposição sólida e sim achismos; queria te dizer que somente o cego que quer ver pode ser curado; se você não quiser ver, não verá! Pois o achismo é seu, a oposição inconsciente é sua; visto (como já dito) que você alterou toda uma história, contando de trás para frente e buscando textos aleatórios para sustentar sua forma de enxergar! Todavia, deve se ter respeito por uma criança que conta uma história, pois ela o faz acreditando que é verdade, não o culpo, pois também já pensei como você!
      Esperamos que depois de você ler isso, não tente buscar um monte de explicações para colocar aqui para que outros vejam que você está certo, pois isso é típico de uma criança;;; mas seja como for, que tu fique em paz; pois seja como for, o melhor já foi dito, que é que você não jura mais; pois vemos que mesmo você falando que se pode jurar, você já foi moldado por Cristo (mesmo sem saber), e não juras mais;

      "que Deus te abençoe"

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  6. Anônimo,

    sua empáfia é realmente algo triste... Pior, você confunde alhos com bugalhos, e vem aqui posar de "senhor sabe-tudo", destilando sua arrogância e petulância, colocando-se a si mesmo como maduro na fé e chamando-me de criança... Pois bem, até agora, em tudo o que você escreveu, não li uma linha bíblica, nenhum versículo a corroborar sua posição, não entendeu o contexto de Mateus 5.33-37, e vem com seu achismo arrotar coisas sobre mim que desconhece completamente.

    Faça-se um favor a si mesmo e a nós: se não tem nada a dizer, cale-se, pois, como o Pregador disse: calado, até o tolo aparenta sabedoria.

    Ah, ia me esquecendo, "querido" e " que Deus te abençoe" soam mais falsos que nota de R$ 3,00 diante de todo o resto que você escreveu. Nada próximo da educação, da razão e do amor fraternal. Portanto, sinto muito, mas não fui enganado por sua "piedade".

    Se tiver algo concreto a dizer sobre o texto, e não um discurso embarafustado, estarei a ouvi-lo, do contrário, nada mais seu será publicado.

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  7. A graça e paz do Senhor, àquele que vive e reina para todo sempre o Eterno amém. Antes de mais nada antecipo minhas desculpas se não possuo o conhecimento dos amados servos do senhor, entretanto quanto ao assunto referido, também tivemos uma divergência quanto o exposto pelos amados. Tenho como liquido e certo que no VT cujo deu inicio a esses "juramentos", sito um texto para compreendermos que desde o principio os juramentos eram feitos como algo sagrado e não profano ex. Gn 24.3; "Abraão pede a seu servo que jure por Deus que trará uma mulher que não seja cananeia, mais sim uma da sua parentela". Vemos então que é possível sim," jurar", porquanto ao Senhor nosso Deus, posteriormente no decálogo ( Êx. 20.7, Dt 5.11) encontramos a proibição de tomar o nome de Deus em vão, isto é, leviana ou abusivamente. Quero apenas seguir a cronologia da palavra de Deus. Abordando o texto bíblico que foi sitado no comentário "Há a ordem explícita para que o homem jure: “O Senhor teu Deus temerás e a ele servirás, e pelo seu nome jurarás... Ao Senhor teu Deus temerás; a ele servirás, e a ele te chegarás, e pelo seu nome jurarás” [Dt 6.13, 10.20]. Concordo em gênero,numero e grau, entretanto quanto ao que foi relatado remete-nos a observar que tratar-se de oma observação quanta a "Lei" posta, o que quero trazer como concreto não revogando a "Lei", mas cumprindo-a em Cristo, é que me deparo com a Cruz do Calvário. Como cristão e humilde servo do senhor compreendo que minha palavra deve ser sim, quando sim e não, quando não, para tanto devo pensar antes de responder para não incorrer em uma desistência e julgar-me contrário ao exposto. No NT, lembrando-nos do "Calvário", tempo da graça do Senhor devemos nos ater que no Ev de Mt. 5.33 o Senhor nos lembra o que foi dito aos "antepassados" ( tratando das bem-Aventuranças), Ele não só pede para não jure falsamente, mas cumpra o que foi jurado ao Senhor. v34 " o próprio Senhor diz: "Não jurem de forma alguma", não vou me deter nos demais versículos pois os irmão conhecem. Faça agora uma observação: se a cronologia da palavra de Deus (VT ao NT) nos revela que era possível fazer um juramento e Cristo me diz pelo Espirito Santo que Mt 5.34, Tg 5.12 "Não jurem de forma alguma", assim eu creio, fica minha posição, como servo do Senhor, que não devo jurar, pois o meu testemunho "deve" responder por mim em Cristo Jesus.
    Respeito a posição do Irmão Jorge Isah e que possamos todos herdar o reino dos céus. Espero que este comentário possa ajudar aos servos do Senhor.

    Que a graça do nosso Senhor Jesus cristo esteja em todos vós.

    Edson Willian

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  8. Amém. Eu concordo com vc irmão Edson. Deus é tão lindo e maravilhoso que envia servos dele para apaziguar qualquer situação e expressar realmente aquilo que precisa ser explicado. Deus abençoe seu ministério irmão Edosn.

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  9. Amem...Eu concordo com vc irmão Edson. Deus é tão lindo e maravilhoso que envia servos dele para apaziguar qualquer situação e expressar aquilo que realmente precisa ser explicado. Deus abençoe seu ministério irmão Edson.

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